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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Hubris

João Gonçalves 25 Jan 15

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Aparentemente a Grécia decidiu deslaçar, em modo soberano, o pastelão político que reina por toda a "Europa". Dá vontade de rir, se não fosse revelador da pobreza de espírito doméstica, ler nos rodapés nas nossas queridas televisões (a que só acedem os tudólogos maioritariamente nulos do costume) "o partido da extrema-esquerda Syriza ganha...". Se ganhou com cerca de 40% dos votos, quer dizer que não foi a extrema-esquerda que açambarcou o escrutínio. O "povo" usou o Syriza para "mudar" o "grande centrão" do falecido PASOK e do sr. Samaras. Por cá ainda só estamos habituados a "trocar" de partidos e não exactamente a "mudar". É claro que quem por aí se reclama da irmandade com o Syriza, tipo o Bloco e mais meia dúzia de almas penadas, vai ter uma enorme desilusão. Até o PS do dr. Costa, desprovido de ideias e de iniciativa, se "colou" a esta vitória anunciada quando o seu homólogo grego roça uns patéticos seis por cento. O "sentido" deste resultado não é apropriável por quem é ou foi complacente, na periferia, com a "Europa" da oligarquia dos "conselhos europeus" indecisos Tão mais indecisos quanto prometiam "decisões" que mais não eram, e são, uma espécie de "nep's" da tropa para aplicação acrítica por "inferiores".

Um pequeno passo na floresta

João Gonçalves 25 Jan 15

 

«A entrevista do presidente do Conselho Geral Independente (CGI), António Feijó, à RTP Informação foi uma lufada de ar fresco no discurso público de Estado sobre a RTP e o serviço que deve prestar aos portugueses. Pela primeira vez desde sempre, um responsável pela empresa disse com clareza que o interesse público da programação deve sobrepor-se à estratégia comercial e de concorrência com os privados. Se outros já o disseram, não o praticaram nem queriam praticar: era língua de trapos. Feijó falou com convicção. Quem, como eu, defende essa mudança há décadas, terá sentido o conforto de não ter clamado no deserto. Embora não estejamos no ponto de não-retorno, dificilmente se poderá voltar totalmente atrás. Em Portugal, o Estado, os governos, as instituições e seus responsáveis são muito temerosos e não conseguem dar grandes passos, mas parece ser previsível que, em termos de delineação oficial de estratégia, se avançou um passo. Não é pouco. Na entrevista, Feijó, cuja profissão nada tem a ver com os media, mostrou que tem estudado os dossiers e uma visão clara de aspectos fulcrais. Todavia, nem tudo o que é essencial parece ser correcto na visão do CGI, nomeadamente questões práticas que têm o condão maçador de deitar grandes teorias abaixo. Dado que o entrevistador, Vítor Gonçalves, insistiu em pontos menos importantes e tinha uma paleta demasiado limitada de perguntas, ficámos sem saber o que o CGI pensa de algumas questões, como a do convite do CGI à ilegalidade no que toca à gestão dos conteúdos. Como referi na semana passada, o CGI nomeou um "administrador de conteúdos", na perspectiva de que ele possa intervir na programação, o que seria uma clara violação da lei. Será que pretendem mudar a lei para servir a pessoa nomeada? Por outro lado, Feijó revelou alguma ingenuidade em certas matérias, nomeadamente quando passou por cima de metade dos curricula de dois dos administradores indigitados para elogiar a outra metade. Essa denegação costuma desiludir quando já é tarde e, no caso, pode custar caro ao bom projecto do CGI e aos nossos impostos. Também me pareceu ingénuo assumir que, com publicidade, a RTP pode conseguir a estratégia de sobreposição do interesse público ao comércio e concorrência nos conteúdos. Ultrapassar esse imbróglio, a que Feijó chamou e bem uma quadratura do círculo, não está de forma alguma assegurado, quer com a administração indigitada, quer com a oligarquia actual nos conteúdos ou, previsivelmente, a próxima.»

 

Eduardo Cintra Torres, CM

 

Nota: A RTP "descrita" por Feijó, e glosada por Eduardo Cintra Torres, é ainda a RTP cujo estatuto empresarial (público) se sobrepõe à "ideia" de disponiblização de conteúdos de serviço público independentemente desse estatuto. Não tenhamos ilusões. "Esta" RTP não deixará completamente de ser "controlável" até pelos perfis escolhidos para a administração. Foi, a batalha da concessão a privados ou de privatização, uma abdicação deliberada deste governo (do PSD mais adequadamente) ao mais alto nível. Suspeito que nunca haverá "condições de mercado"  (isto é, de regime, de interesses e partidárias) para o efeito. Pague-se, pois, em conformidade.

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