Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

 

Este é um abraço em forma de post dedicado ao Manuel Maria Carrilho que eu trato invariavelmente por professor e que estimo como amigo. Os autores são também do seu agrado. E são sempre actuais na sua acutilância. Como Jorge de Sena, numa entrevista: «Sou uma espécie de exilado profissional. Eu acho que já o era em Portugal, antes de lá sair, visto que tantos acharam que eu era uma pessoa horrorosa, altamente incómoda, desagradável, etc., etc. – e apesar dos muitos amigos, eu tinha criado à minha volta um grande isolamento. Mas devo dizer que nunca senti este isolamento inteiramente porque o meu isolamento foi sempre o isolar-me dos medíocres, procurar não ter contacto com essa classe humana que é necessariamente numerosa… Aliás foram sempre eles as pessoas que menos gostaram de mim (...) Não perdoo a ninguém a mediocridade, a estupidez, a vileza, a malignidade, a incultura, a suficiência, a intolerância, o espírito de compromisso, a cobardia moral.» Ou como Carlo Cippola, em Allegro Ma Non Troppo, sobre as cinco leis da estupidez humana: «1ª - Cada um de nós subestima sempre e inevitavelmente o número de indivíduos estúpidos em circulação; 2ª - A probabilidade de uma certa pessoa ser estúpida é independente de qualquer outra característica dessa mesma pessoa; 3ª - Uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa um dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para sí, ou podendo até vir a sofrer um prejuizo; 4ª - As pessoas não estúpidas subestimam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular, os não estúpidos esquecem-se constantemente que em qualquer momento, lugar e situação, tratar e/ou associar-se com indivíduos estúpidos revela-se, infalivelmente, um erro que se paga muito caro; 5ª - A pessoa estúpida é o tipo de pessoa mais perigosa que existe.»

Entrevero

João Gonçalves 20 Jan 15

 

Em 1970, Marcos André (António Marques André) editou um livro de poemas no Brasil. Ofereceu-me um exemplar que dedicou "a um leitor que gostou de "coisas" que nele vão escritas". Nas palavras que antecedem os poemas, André pergunta por que os decidiu editar. Seria «por ter sido surpreendido, ao iniciar a minha carreira de livreiro, com a chamada elite cultural, emaranhada e desgastando-se inutilmente em intriguinhas provincianas?" Seria porque foi acometido pelo "vómito mental que sentia por ver e constatar tanta estreiteza e mesquinhez?" As questões deixadas em aberto andam por aí como andavam na altura em que André, por São Paulo, as formulou. Marcos André faleceu no passado fim de semana e não sei se chegou a ver a Lácio "recuperada". De qualquer modo "sobrevive" no seu livro e na memória daqueles que o conheceram e que com ele partilhavam idêntica paixão inútil (como todas as paixões) pelos livros. E que não se conformam com a sobrevivência, praticamente em regime de exclusividade, dos pulhas e dos anacoretas. António Marques André passou definitivamente a fazer parte  dos "céus desabitados" da frase de Aparição, de Vergílio Ferreira, que escolheu como epígrafe para o seu livro:«que mais há na tua vida que o teu canto, a angústia do teu grito contra os céus desabitados?»

 

Foto: Quadro de João Vieira

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Últimos comentários

  • João Gonçalves

    Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...

  • s o s

    obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...

  • Anónimo

    Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...

  • Felgueiras

    Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...

  • Octávio dos Santos

    Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...

Os livros

Sobre o autor

foto do autor