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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 31 Jan 15
Para "encerrar" o mandato á frente da RTP, o dr. Alberto da Ponte não resistiu à sua legítima vaidade e concedeu uma entrevista ao Expresso. A dado passo "dividiu" a sua administração por "fases", como se pode ver na foto, e faz esta espantosa afirmação em relação à "primeira" delas: «foi quando conseguimos travar a privatização ou concessão da RTP..» Não fosse estar equivocado, fui ver as minhas "notas". Para resumir, o dr. Ponte foi convidado para presidir à RTP após a demissão do seu antecessor, Guilherme Costa, que não se mostrou concordante com as diligências para encontrar, nos termos do programa do governo, um modelo de gestão alternativo ao exclusivamente público. O dr. Ponte contratou assessores técnicos, financeiros e jurídicos, com o apoio da então tutela, para o estudo de "cenários" verosímeis para esse efeito. Quando se colocou a hipótese da concessão da gestão a privados em vez da pura e simples privatização de um qualquer activo da empresa - uma hipótese acarinhada pelo primeiro-ministro e bem defendida pelo malogrado prof. António Borges, conselheiro do governo para as privatizações, e pelo ministro Relvas -, o dr. Ponte secundou-a e apresentou-a numa reunião em São Bento como sendo a sua preferida. Essa reunião, aliás, representou o "ponto de chegada" do "modelo privatização/concessão". Pouco tempo depois, em meia dúzia de linhas deixadas cair no mesmo Expresso, o então ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, igualmente presente nessa reunião, "matou" a hipótese em causa sugerindo que se ela avançasse o CDS teria de rever os termos do acordo de coligação. Prevaleceram, do programa original do governo, as pernósticas "condições de mercado" para não mais se falar em mudar o modelo de gestão da RTP e substituir a indemnização compensatória pela taxa audiovisual. O dr. Ponte, por consequência, não "travou" nada. Limitou-se a fazer o que lhe mandaram: esquecer quaisquer "cenários" de concessões ou privatizações. O resto da história é triste e relativamente conhecido.
João Gonçalves 30 Jan 15
O dr. Costa mal apeou o dr. Seguro, substituiu a liderança parlamentar do PS por Ferro Rodrigues. O antigo secretário-geral é uma sombra daquilo que representou, mal ou bem, no princípio da década. Obteve um resultado honroso, depois de Guterres, contra Barroso e ganhou-lhe umas europeias. Zangou-se com Sampaio e bateu galhardamente com a porta. Com a emergência de Sócrates, Ferro voou até Paris onde foi um apagadíssimo embaixador na OCDE. Com a queda do "socratismo" regressou a deputado e a vice-presidente do parlamento. Não se distinguiu especialmente a não ser na intendência partidária ao ser dos primeiros a declarar o seu acrisolado apoio a Costa contra Seguro. Costa devolveu a gentileza oferecendo-lhe um lugar que já tinha sido seu quando Ferro mandava no partido. Acontece que o tempo, esse cruel escultor, é impiedoso. A "imagem" do ersatz do secretário-geral do PS na AR é a de um homem fatigado que lê umas fichas, sob a forma de discursos, sem rasgo, entusiasmo ou convicção. É evidente que a "sorte" do PS me é indiferente. Mas ao próprio PS não deveria ser uma vez que aspira o poder daqui a uns meses. Se ainda não perceberam que a escolha de Ferro para líder parlamentar foi um erro, arranjem quem lhes explique porquê,
João Gonçalves 30 Jan 15
O dr. Ricardo Salgado andou a rever as suas agendas. E decidiu revelar, mais do que à comissão parlamentar de inquérito, ao país encontros com o PR, o PM e o vice PM no auge do desastre anunciado. Não me parece que o Parlamento possa "chamar" o PR a depôr, mesmo por escrito, na comissão. Todavia o PR decidiu falar e mal. Crispado, o Doutor Cavaco referiu as quase três mil audiências que já concedeu e o carácter entre o sigiloso e o discreto das mesmas. Isto para concluir ser "mentira" ter feito um voto público de confiança no então BES à beira do abismo. As palavras que proferiu na altura, numa visita ao estrangeiro, foram repetidas nas televisões. Cada um, se lhe apetecer, tirará as suas conclusões. A minha é mais prosaica. O dr. Ricardo Salgado, para usar uma recorrência trivial na política, pode ter sido forçado a abandonar o regime. Mas não há meio de o regime "sair" do dr. Ricardo Salgado.
João Gonçalves 30 Jan 15
«Dezenas de analfabetos que gostam de se dar ares fizeram um escândalo com o aparente excesso de erros de ortografia, pontuação e sintaxe dos 2490 professores que se apresentaram à “Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades” (PACC). Deus lhes dê juízo. Para começar, não há em Portugal uma ortografia estabelecida pelo uso ou pela autoridade. Antes do acordo com o Brasil – um inqualificável gesto de servilismo e de ganância –, já era tudo uma confusão. Hoje, mesmo nos jornais, muita gente se sente obrigada a declarar que espécie de ortografia escolheu. Pior ainda, as regras de pontuação e de sintaxe variam de tal maneira que se tornaram largamente arbitrárias. Já para não falar na redundância e na impropriedade da língua pública que por aí se usa, nas legendas da televisão, que transformaram o português numa caricatura de si próprio; ou na importação sistemática de anglicismos, derivados do “baixo” inglês da economia e de Bruxelas. De qualquer maneira, a pergunta da PACC em que os professores mais falharam acabou por ser a seguinte: “O seleccionador nacional convocou 17 jogadores para o próximo jogo de futebol (para que seria?). Destes 17 jogadores, 6 ficarão no banco como suplentes. Supondo que o seleccionador pode escolher os seis suplentes sem qualquer critério que restrinja a sua escolha, poderemos afirmar que o número de grupos diferentes de jogadores suplentes (é inferior, superior ou igual) ao número de grupos diferentes de jogadores efectivos.” Excepto se a palavra “grupo” designar um conceito matemático universalmente conhecido, a pergunta não faz sentido. Grupos de quê? De jogadores de ataque, de médios, de defesas? Grupos dos que jogam no estrangeiro e dos que, por acaso, jogam aqui? Não se sabe e não existe maneira de descobrir ou de responder. O dr. Crato perdeu a cabeça. Na terceira pergunta em que os professores mais falharam, o dr. Crato agarrou nas considerações tristemente acéfalas de um cavalheiro americano sobre “impressão e fabrico” de livros. Esse cavalheiro pensa que há “livros em que a beleza é um desiderato” (ou seja, a beleza do objecto) e outros “em que o encanto não é factor de importância material” (em inglês, “material” não significa o que o autor da PACC manifestamente julga). E o homenzinho acrescenta pressurosamente: “Quando tentamos uma classificação, a distinção parece assentar entre uma obra útil e uma obra de arte literária”. A obra de arte pede beleza ao tipógrafo (ao tipógrafo?), a obra útil só pede “legibilidade e comodidade de consulta”. Perante este extraordinário cretinismo, a PACC exige que os professores digam se o “excerto” “ilustra” os dois termos de uma comparação, o primeiro, o segundo ou nenhum deles. Uma pessoa pasma como indivíduos com tão pouca educação e tão pouca inteligência se atrevem a “avaliar” alguém.»
João Gonçalves 29 Jan 15
No final do conselho de ministros doméstico, o dr. Marques Guedes - um homem afável, trabalhador e generosamente imaturo enquanto político - recorreu à famosa fábula para falar de nós e da Grécia. Segundo o ministro da presidência, Portugal seria a "formiga" e a Grécia uma "cigarra". Ninguém tem, ou deixa de ter, de louvar-se nos resultados das eleições gregas seja a título de mimetismos inaplicáveis, seja porque apenas concebe a "Europa" enquanto "tratado orçamental" e pouco mais. Mas, no mínimo, pode esforçar-se por tentar entender o que se passou. Por outro lado, um módico de cultura democrática manda que se respeite sufrágios mesmo quando, a final, não nos agradam. Todavia, e até agora, o governo de Portugal não tem feito outra coisa pela boca dos seus mais elevados dignitários do que apoucar o seu homólogo helénico. Não lhe dá, sequer (o que é ainda mais ridículo vindo de onde vem), o benefício da dúvida. O dr. Marques Guedes devia estar "embalado" pelas redução, em décimas anãs, das estatísticas do desemprego onde a sua formosa "formiga" ainda tem muito caminho pela frente. Porque a "notícia" continua a ser um patamar de quase 700 mil desempregados e um aumento do desemprego entre os mais jovens. Em matéria de insectos, rastejantes, estamos conversados.
João Gonçalves 28 Jan 15
«Num ponto crucial os alemães conseguiram vencer. Esse ponto é o da repartição das perdas resultantes de eventuais "defaults". Draghi teve de aceitar que 80% dessas responsabilidades fossem assumidas pelos bancos centrais dos 19, ficando o BCE apenas com 20%. Esta opção é uma derrota clara para os países que defendem que eventuais prejuízos de políticas do BCE deveriam ser assumidos pelo BCE, dado haver uma zona monetária unificada. Itália e Irlanda manifestaram de imediato o seu desacordo acerca da repartição de riscos pelos 19. Portugal ficou calado, como de costume. A Espanha optou por um silêncio que, tal como o silêncio de Lisboa, só pode ter uma raiz ideológica desfasada da realidade... Agora, uma questão se coloca: será o QE suficiente para atingir os grandes objectivos pretendidos, ou seja, retoma económica, crescimento, combate ao desemprego? Uma primeira resposta é não. A compra de dívida pública e privada pelo BCE, mesmo em larga escala, por si só, não será suficiente. O que faltará então? Uma reforma inadiável: que a banca aproveite esta oportunidade para mudar o seu "mindset". Focando-se menos em operações de capital financeiro a curto prazo e na compra de dívida soberana. E centrando-se mais no financiamento às empresas e à economia real. Esse reposicionamento estratégico dos bancos implicará o desejo de assumirem um maior papel no "funding" de projectos - públicos ou privados - de desenvolvimento e criação de emprego. Essa mudança de foco da banca é crucial para o sucesso do QE na Zona Euro. E, naturalmente, também para o futuro do euro e da União Monetária.»
Carlos Vargas, Jornal de Notícias
João Gonçalves 27 Jan 15
"Por que permaneceste em silêncio, Senhor?", questionou Ratzinger perante o "terrível cortejo de sombras" de Auchwitz. "Num lugar como este faltam as palavras. No fundo pode permanecer apenas um silêncio aterrorizado, um silêncio que é um grito interior a Deus: Senhor, por que silenciaste? Por que toleraste tudo isto? É nesta atitude de silêncio que nos inclinamos profundamente no nosso coração face à numerosa multidão de quantos sofreram e foram condenados à morte. Todavia este silêncio torna-se depois pedido em voz alta de perdão e de reconciliação, um grito ao Deus vivo para que jamais permita uma coisa semelhante". Como é possível continuar a crer depois "daquilo"? O Papa Emérito respondeu. "Por detrás destas lápides encontra-se fechado o destino de um número incontável de seres humanos. Eles pertencem à nossa memória e estão no nosso coração. Não têm qualquer desejo que nos enchamos de ódio. Pelo contrário, revelam-nos o efeito terrível do ódio. Pretendem ajudar a nossa razão a encarar o mal enquanto tal e a rejeitá-lo. O seu desejo é que se instale em nós a coragem para fazer o bem e para resistir ao mal. Querem que vivamos os sentimentos expressos nas palavras que Sófocles colocou nos lábios de Antígona face ao horror que a cercava: "estou aqui não para que nos odiemos todos mas para que nos amemos".
João Gonçalves 26 Jan 15
Com o governo em mera gestão corrente, o dr. Passos só vivifica politicamente com a impossibilidade e não admite que terceiros tentem, mesmo errando, ir além dela. Deve, aliás, ter sido o primeiro político mundial a fazer tremelicar o novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a par com o sempre inspirado dr. Lima. O chefe do nosso governo, invariavelmente desastroso nos seus improvisos moralistas, "ameaçou" o homólogo com o fardo do austeritarismo e o não menos fantástico "tratado orçamental". Falou, até, em "contos de crianças". Não se deu, porém, conta que presumivelmente ninguém, mesmo antes das Linhas de Torres Vedras, lhe presta a mais vaga atenção. Nem a ele nem ao atarantado dr. Costa. Mas se o dr. Passos estava a falar para os autoctónes, então a coisa é um pouco mais séria. Quer dizer que tenciona não apenas continuar a pregar o retorcido evangelho dos "pobrezinhos e honrados" como fazer dele uma cartilha eleitoral da putativa maioria renovada nos seus desamores e enlaces improváveis. O que não deixa de fazer algum sentido. Sentou-se, impávido e silencioso, em todos os Conselhos Europeus previamente "decididos" pela admirável senhora Merkel. Acatou e, no que pôde, mais do que acatou o que a senhora o mandou fazer. Qual prestimoso devoto, achou agora por bem fazer de prolegómeno ambulante da senhora. Custa-lhe entender uma Europa diversa de soberanias. Deve mudar rapidamente de explicadores.
João Gonçalves 26 Jan 15
Não vi a "cobertura" das eleições gregas na RTP mas parece que o "escritor" Rodrigues dos Santos, para lá enviado, perpetrou além da chinela. Percebe-se assim aquela imaginação transbordante, tão cabotina quanto prolixa no que rende nas "grandes superfícies", do "sonhar em fazer sopa de peixe com leite das mamas", entre outros delírios que, no fundo, resumem a sua extraordinária "fúria divina": “estão a passar-se coisas de grande gravidade” e "tem de haver uma explicação para estes comportamentos". Ou talvez não e, aí, o melhor é despejar-lhe os milhares de exemplares da sua profícua tijoleira pela cabeça abaixo e acabar com quaisquer dúvidas.
João Gonçalves 25 Jan 15
Aparentemente a Grécia decidiu deslaçar, em modo soberano, o pastelão político que reina por toda a "Europa". Dá vontade de rir, se não fosse revelador da pobreza de espírito doméstica, ler nos rodapés nas nossas queridas televisões (a que só acedem os tudólogos maioritariamente nulos do costume) "o partido da extrema-esquerda Syriza ganha...". Se ganhou com cerca de 40% dos votos, quer dizer que não foi a extrema-esquerda que açambarcou o escrutínio. O "povo" usou o Syriza para "mudar" o "grande centrão" do falecido PASOK e do sr. Samaras. Por cá ainda só estamos habituados a "trocar" de partidos e não exactamente a "mudar". É claro que quem por aí se reclama da irmandade com o Syriza, tipo o Bloco e mais meia dúzia de almas penadas, vai ter uma enorme desilusão. Até o PS do dr. Costa, desprovido de ideias e de iniciativa, se "colou" a esta vitória anunciada quando o seu homólogo grego roça uns patéticos seis por cento. O "sentido" deste resultado não é apropriável por quem é ou foi complacente, na periferia, com a "Europa" da oligarquia dos "conselhos europeus" indecisos Tão mais indecisos quanto prometiam "decisões" que mais não eram, e são, uma espécie de "nep's" da tropa para aplicação acrítica por "inferiores".
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...