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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Com este mal todo

João Gonçalves 29 Dez 14

O livrinho da foto lê-se num instante. As entrevistas que o autor concedeu quando passou por cá revelaram uma personalidade com um interesse inegável. Isto numa altura em que é cada vez mais difícil descobrir um autor que não se desmanche em trivialidades. Escreveu-o aos dezanove anos. É autobiográfico e revela uma França que só costuma aparecer nos boletins de voto, mais propriamente na cruzinha em cima de Marine Le Pen. Nada que não soubéssemos já de outra gente que precedeu Édouard Louis: apesar de 1789, a sociedade francesa é do mais reaccionário que o mundo tem conhecido. Nada do muito mau que lhes aconteceu, para não irmos mais longe, no século XX foi fruto do acaso: Vichy, o colaboracionismo, a separação visceral (violenta, nas palavras violentas de Louis) entre "direita" e "esquerda" e, sobremaneira, entre "burgueses" e os outros. A aldeia, os comportamentos, os cheiros (os cheiros valem muito neste livro), os corpos (dos animais de duas e de quatro patas), a normalidade patológica de um quotidiano totalitário (o termo também é dele) entram por uma França "profunda" adentro, entre os dois milénios, sem o menor pudor. Muito menos o do adolescente que ele era, então a florescer literalmente entre a merda. Vê-se que leu. Duras, sobretudo ou talvez. Vê-se que tudo lhe subiu à cabeça aparentemente prodigiosa depois de ter sido sentido no corpo. Até no humor negro, e não negro, de certas passagens. Estreia-se bem com este mal todo resumido em duzentas páginas.

O ministro à cabine de som

João Gonçalves 29 Dez 14

 

Paulo Macedo é unanimemente considerado o melhor ministro do dr. Passos. Juntaa isso a circunstãncia de ter sido o mais desejado, depois da demissão de Gaspar, para ocupar a pasta das finanças. Esta parte ficou adiada, quem sabe, para um governo coligatório de diversa natureza. Sucede que as televisões, as rádios e os jornais, por entre menús e repastos cobertos à exaustão de norte a sul passando pelas Regiões Autónomas, deram em prestar atenção ao hospital Amadora-Sintra pelas piores razões. De repente aquilo parecia uma vazadouro de todas as maleitas e proto maleitas de uma área com uma fortíssima concentração populacional. Consta que até o dr. Passos foi "desviado" com uma familiar para um centro de saúde. É certo que os portugueses são mais dados a frequentar uma urgência hospitalar ao primeiro espirro do que um equipamento prestador de cuidados primários. Mas esta inflação à volta do Amadora-Sintra precisa de um "cuidado" político. Na antena 1, de manhã, ouvi o responsável pela administração da saúde distrital. Uma desgraça. O dr. Macedo tem de aparecer até porque normalmente sabe o que diz. Como refere o "povo", sempre "dava outra segurança".

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