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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

O'Neill

João Gonçalves 20 Dez 14

 

Se fosse vivo, Alexandre O'Neill teria completado ontem noventa anos. O trabalho das palavras na nossa língua, livre de abortos ortográficos ilegais, era a "missão" de O 'Neill - o poeta, o cronista, o publicitário. Alguma da grande poesia do século XX pertence-lhe tal como lhe "pertenceremos" sempre enquanto "dor mansa e vegetal" de que apenas a morte porventura o "libertou".

«Não gostava nada que me caíssem em cima, nem que dissessem nada sobre mim. Epitáfio… eu até tinha um:

Aqui jaz Alexandre O’Neill

Um Homem que dormiu

muito pouco

Bem merecia isto»

"Requalificar" a democracia cristã

João Gonçalves 20 Dez 14

 

Um tribunal aceitou a providência cautelar interposta por quase 700 trabalhadores da segurança social que iam para a "requalificação". A "requalificação" é o eufemismo que algum servil iluminado arranjou à pressa para "despedimento". Ora os dirigentes que pretendiam "reeducar" os seus trabalhadores já anunciaram que vão recorrer da decisão, ou seja, não desistem de os pôr na rua. A tutela desta gente pertence a um militante do CDS, um partido que, de vez em quando, ainda se reclama da democracia cristã. Não seria de "requalificar" rapidamente estas criaturas na dita doutrina? 

«São, de facto, todos uns aldrabões»

João Gonçalves 20 Dez 14

 

«A “ética republicana”, se é que isso existe, é mais do que a lei – é a condução dos negócios públicos com sentido de probidade e uma necessária exigência de responsabilidade de quem manda nos governos e nos partidos. O processo dos submarinos pode não permitir a criminalização dos responsáveis, mas não pode deixar de exigir que pelo menos se puna quem permitiu os desmandos que estão patentes na frase dos Espírito Santo. Por isso, voltemos às responsabilidades que o despacho descreve em pormenor, incluindo várias ilegalidades, em particular envolvendo Paulo Portas enquanto ministro da Defesa, e sancionadas mais tarde pelo Governo Santana Lopes (“Sanou qualquer irregularidade que pudesse ter existido do ponto de vista administrativo”). Por exemplo, lá se afirma que Paulo Portas “excedeu o mandato” que lhe foi conferido pelo Conselho de Ministros em finais de 2003, ao celebrar um contrato de compra diferente dos termos definidos na adjudicação, em negociações que “decorreram de forma opaca”. Foi detectada “a violação de princípios e normas de natureza administrativa” que explica a incúria, negligência e falta de cuidado pelo bem público patentes em todo o processo (“O Estado encontrava-se numa situação muito frágil”). O despacho é claro quanto ao facto de não ter encontrado sinais de favorecimento do consórcio alemão, mas é igualmente claro quanto à geral “opacidade do processo”, incluindo a misteriosa desaparição de documentos relevantes para saber o que se passou. Um crime não se compara a uma ilegalidade ou a uma negligência. Mas, se Sócrates vier a ser considerado culpado daquilo que é acusado, os governos que dirigiu serão envenenados por essa culpa, porque os restantes membros do Governo teriam então actuado com incúria e negligência perante os crimes que se cometiam ao seu lado. O PSD não deixará de usar na sua propaganda essa circunstância, no ambiente de desespero eleitoral que se vive no partido. A isso se somará a culpa objectiva do PS nos negócios ruinosos das dezenas de PPP que fez, e outras aventuras despesistas, e essa responsabilidade cairá sobre todos. Mas, se na coligação permanecer Paulo Portas, e se entretanto depois deste despacho não sair do Governo, não há frase contra as PPP que não possa ser rebatida com os submarinos, porque, em ambos os casos, os governantes não defenderam o bem público a que estavam obrigados. É um pobre destino da nossa política esta contínua troca de acusações, mas é inevitável, enquanto os responsáveis directos pelos acordos leoninos das PPP estiverem em confronto com a negligência nos acordos de material de guerra que acabaram por levar à mesa do conselho superior do GES os milhões que nós pagamos para alimentar cinco bocas dos clãs Espírito Santos, mais três bocas da Escom, mais uns advogados pagos a preço de ouro e a boca do “alguém” que não se sabe quem é. São, de facto, todos uns aldrabões.»

 

Pacheco Pereira, Público

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