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portugal dos pequeninos

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Duzentos anos de Sade

João Gonçalves 2 Dez 14

 

Há 200 anos nascia* Donatien Alphonse François, mais conhecido por Marquês de Sade. Passou a maior parte davida atrás de grades vítima da inveja do costume, dos inimigos pessoais e dos ódios políticos. "Morou" na Bastilha, onde, aliás, estava encarcerado no célebre Verão de 1789. Dias antes do mais famoso "prec" da história da humanidade invadir ao estabelecimento prisional, como agora se diz, Sade atirou da janela uns panfletos escritos à mão onde descrevia as degradantes condições a que estava sujeito. Depois dirigiu-se à turba recorrendo a uma espécie de megafone artesanal. Após ter sido solto, escolheram-no "presidente" da sua "junta de freguesia", dando início a uma campanha anti-religiosa que muito ajudou a radicalizar a Revolução. Todavia, opôs-se ao chamado "Terror". Quando os seus sogros, responsáveis por muitos dos anos que passou na prisão, foram condenados à morte como contra-revolucionários, Sade conseguiu impedir a execução. Este ingénuo "acto de clemência" custou-lhe, uma vez mais, a liberdade. A "jacobinagem" mais primitiva (não há outra) prendeu-o - era, afinal, um perigoso "moderado" - e condenou-o à pena máxima. Esperou um ano pela guilhotina. No entanto a liberdade chegou com o fim do dito "Terror" mas os tempos seguintes foram passados na mais trerrível miséria. Quando apareceu Napoleão, Sade não resistiu a escrever uma sátira sobre o pequeno, de estatura, imperador. Foi condenado a passar o resto da  vida num asilo para doentes mentais. Tem sido "estudado" como merece. Imprescindíveis serão porventura algumas páginas de Blanchot, Foucault ou Barthes. Até o nosso Eduardo Lourenço tem um admirável ensaio sobre a criatura. D. A. F. de Sade será sempre um imenso escritor. "Toda a felicidade dos homens reside na imaginação", dizia. Deve ser por isso que existem tantos cretinos infelizes. Como escreveu Barthes - o que "actualiza" ainda mais o Marquês -, «em Sade nunca há nada que lembre a mediocridade do discurso da imprensa.» Como poderia haver?

*morria, evidentemente, como em boa hora assinalou um leitor mais atento

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