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portugal dos pequeninos

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As bodas de prata

João Gonçalves 9 Nov 14

 

Passam vinte e cinco anos sobre a "queda do muro de Berlim". Na altura, a coisa parecia "bem" e "natural". Coroava esforços políticos e teoricamente não políticos, como os do Papa João Paulo II, no sentido de acabar com a "sovietização" do leste da Europa e com a própria União Soviética. Caído o muro, a democracia e a liberdade, numa palavra, o "Ocidente" entravam de carro, de bicicleta e mesmo a pé nos países até aí sob tutela directa ou indirecta de Moscovo, a Alemanha reunificava-se e voltava a ser a "Grande Alemanha" embora "dissolvida" no híbrido "Europa", de mãos dadas preferencialmente com a França. O decurso do tempo, porém, mostrou que a "queda do muro" foi, afinal, o ponto de partida do declínio do "Ocidente", o mesmo que ia salvar os povos eslavos da sua irremediável melancolia e indiferença relativamente aos "valores democráticos". A "Europa" arrebanhou uma data de novos países saídos da antiga esfera de influência soviética com o sucesso que se conhece sobretudo para a "Europa". A Alemanha ensimesmou-se e incentivou esta macrocefalia "europeia" o que também lhe permite tratar a periferia do sul com a sobranceria e o desprezo que tão bem conhecemos. E os EUA, nos últimos anos entregues a um evangelista que já viu melhores dias, "desligaram-se" da Europa e mal sabem tratar de si nas várias frentes externas trapalhonas em que apreciam meter-se. As "bodas de prata" de Berlim, por consequência, assemelham-se mais a um requiem pelo Ocidente do que a uma celebração da liberdade. Se alguém tem motivos para "comemorar" é Vladimir Putin, o único dirigente mundial em funções que não é famosamente um mero banana. A Rússia respeita-se e faz-se respeitar ao contrário do "Ocidente" que  babuja umas queixinhas inócuas cada vez que Putin revela o seu peculiar conceito de "globalização", outra praga material e imaterial nascida da ilustre obra de desconstrução civil, de 1989, em Berlim. Como escreve Vasco Pulido Valente no Público, «ao fim de 25 anos de humilhação e de pobreza, chegou a altura de responder à letra à ofensiva da Alemanha, da França e da América e não se deixar cair nas doçuras de uma segunda Munique. Putin, desta vez, sabe quem é o verdadeiro inimigo e tomará as medidas convenientes.» John Le Carré, que retratou como ninguém o "estado da arte A. Q" (antes da queda), bem avisou que " um general que não tenha o sentido das prioridades não é ninguém".

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