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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Kraus

João Gonçalves 2 Nov 14

 

Massenet, Werther. Teatro de la Zarzuela de Madrid, Maio de 1977. Kraus soube manter praticamente intacta até ao fim a elegância segura do seu timbre graças a uma rara inteligência interpretativa de um repertório que lhe era perfeitamente adequado. Eram então tempos promissores que não mais regressaram. A amargura ganhou espaço à medida que a possibilidade de sentidos de beleza se afasta. Tempo, pois, de perguntar com o Goethe original: "Warum weckst du mich, Frühlings' Luft ? Die Zeit meines Wegens ist nah."

"Amores fatais"

João Gonçalves 2 Nov 14

«O que Passos Coelho pensa da informação está bem à vista na RTP, em que ele indirectamente manda. O noticiário da noite pouco a pouco acabou por se tornar numa folha popular, quase igual ao antigo semanário O Crime. Abre sempre com uma reportagem pormenorizada de um assassínio, de um roubo ou de um assalto. Se o dia é bom, esta espécie de educação ocupa com serenidade dois terços do tempo, talvez porque julgue fazer um favor à populaça. A seguir, vêm o sr. primeiro e o ocasional ministro para visitas sem nenhum sentido a empresas que o governo considera modernas. Normalmente, bebem o vinho e comem o queijo da região, com caretas manifestando prazer. A trupe inteira – e isto é uma regra irrevogável – sai cantando e rindo com o progresso de Portugal. O resto do noticiário a RTP preenche com reportagens de “interesse humano”. Por exemplo, a do faroleiro ou a do pastor que trabalham sozinhos, a do último julgamento ou a da última proeza da PSP. Portugal, consta por aí, devia defender a língua portuguesa. Mas preocupada com o faroleiro e com o pastor, a RTP ignora a gramática, principalmente no capítulo das preposições, que fazem muita confusão: a diferença entre “sob” e “sobre” ainda não lhe entrou na cabeça. E as legendas, quando existem legendas, revelam que naquele antro o inglês é uma língua exótica. Em contrapartida, os comentadores, porque são baratos, opinam sobre o que lhes passa pela cabeça, na maior parte das vezes sem competência e sem imaginação. O dr. Passos Coelho continua apaixonado por aquela direcção. Amores fatais. P.S.: Imploro ao sr. José Rodrigues dos Santos que não me pisque mais o olho.»

 

Vasco Pulido Valente, Público

 

«O novo Conselho Geral Independente (CGI) da RTP, a quem cabe definir a estratégia do ‘serviço público’, começou mal: convidado pela administração, e bem, a pronunciar-se sobre a "nova estrutura organizativa da empresa", o CGI descartou-se, considerando-a um mero acto de gestão, pelo que não deveria pronunciar-se. Errado, tanto mais que a administração apresentou as mudanças como decisões estratégicas. E são, pois têm consequências no fulcro do ‘serviço público’ para o qual o Estado mandatou a RTP: os seus conteúdos. Se o CGI não se pronuncia sobre a estrutura estratégica de produção de conteúdos, quem o fará? Esta omissão do CGI é um mau sinal.»

 

Eduardo Cintra Torres, Correio da Manhã

 

Nota: Fez agora mais ou menos dois anos que a tutela política da RTP "passou", na prática, de Miguel Relvas para o dr. Portas, primeiro, e para a chefia bicéfala do governo - o dito Portas e o dr. Passos -, a seguir. Suponho que o Doutor Cavaco também deve ter dado a sua palavrinha muito em em privado. O prof. Maduro conta pouquíssimo nesta "história" que já apanhou escrita. Foi depois de uma reunião em São Bento na qual um outro modelo de gestão, designadamente a concessão ou a alienação de um dos canais, foi derrotado pelo "sistema": o corporativo da RTP e o político com ampla representação no governo e fora dele. Se a RTP é o que é e produz o que produz, é porque há sempre alguém interessado em que assim seja. O contribuinte contribui com a taxa do audiovisual as mais das vezes para pagar o que notoriamente não pretende ver. Lamento, e lamentarei sempre, pela generalidade dos profissionais da RTP independentemente dos sectores onde laboram. Nunca pelas suas administrações, directorias e chefias que "são" o referido "sistema". Alguns partem e voltam, voltam e partem ou depois não vêem a hora de voltar mas o "território" fica sempre bem demarcado pelos mesmos. Amores fatais, de facto.

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