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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 12 Set 14
Da mesma gente - mesquinha, pequenina, vingativa. E ainda não acabou. Como no verso de Sena, «dos homens pequeninos/libera nos Domine".
João Gonçalves 12 Set 14
Durante muito tempo evitei ler Património de Philip Roth. Li-o em dois dias (mais adequadamente noites) esta semana. Tem como subtítulo "uma história verdadeira" e, de facto, relata sem lamechices o final da vida do pai do autor. É mais do que uma parte da sua autobiografia e menos, muito menos, que ficção mas colhe o melhor de ambos. Se afirmasse que "conta" o amor não estaria a exagerar. Não tanto o de um filho por um progenitor que decai fisicamente, sem regresso de um tumor cerebral, mas do amor como, por exemplo, o veio a filmar, muito tempo depois, Haneke em Amor. Amor, também, pela América onde a família Roth, e os amigos da família Roth, passaram as suas vidas transumantes. Amor por gestos aparentemente insignificantes cuja genuinidade lhes retira o pathos da inevitabilidade. E, depois, um valentíssimo amor pela escrita que faz de Roth uma figura indispensável da literatura contemporânea. Susan Sontag disse numa entrevista que não tinha pachorra para "ler" a vida sexual de Philip Roth, querendo com isso significar que porventura estaria farta daquele "realismo" simultaneamente irónico, franco e despojado dos livros do outro. Todavia, nem isso nem tão pouco a evidência judaica recorrente (Roth, aliás, confessa não ser propriamente "religioso" por comparação com o pai) diminuem as obras de arte em que, de uma maneira geral, os seus livros consistem. «Olhei para o seu pénis. Não creio que o tivesse visto desde que era rapazinho, e nessa altura costumava pensar que era muito grande. E revelava-se que tinha razão. Era grosso e substancial, a única parte do seu corpo que não parecia nada velha. Pelo contrário, parecia em muito boa forma. Mais robusto em diâmetro, reparei, do que o meu próprio. "Ainda bem para ele", pensei, "Se lhe deu algum prazer, a ele e à minha mãe, tanto melhor." Finalmente, a vida. Património, que parece descrever a morte, é sobretudo um belíssimo texto de exaltação da vida. «Limpamos a merda do nosso pai porque ela tem de ser limpa, mas na esteira desse limpar tudo quanto nos resta para sentir é sentido como nunca antes foi. Também não era a primeira vez que compreendia isto: depois de contornarmos a repugnância, ignorarmos a náusea e mergulharmos para além dessas fobias fortificadas como tabus, resta uma tremenda quantidade de vida para acarinharmos.»
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...