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portugal dos pequeninos

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Uma desilusão, segunda parte

João Gonçalves 9 Set 14

Opinião inteiramente de borla, salvo quanto à Net (paga por mim), não assalariada ou avençada junto de quaisquer meios de comunicação social e cultural: o primeiro debate entre o secretário-geral do PS e o "alto comissário dos referidos meios para o PS" correu bem ao secretário-geral do PS e menos bem para o "alto comissário" e para os ditos meios. É a vida, como diria o proto candidato de ambos a Belém.

"Uma desilusão"

João Gonçalves 9 Set 14

 

Miguel Sousa Tavares, insuspeitíssimo de qualquer simpatia política por António José Seguro, resumiu perfeitamente o mito de pés-de-barro encarnado por António Costa cujo discurso proferido num jantar no Pátio da Galé - a CML dá serventia a tudo menos ao que é preciso -, e que as televisões amiguinhas passaram, revelou a cansada apoteose desse vazio político e semântico: «António Costa “que partiu com muita força” está-se agora a revelar uma desilusão” e as “únicas ideias políticas relevantes entre os dois vieram de Seguro”. Para o comentador, António Costa tem tido uma grande falha que é o facto de o seu programa politico “não ter qualquer informação sobre o que pretende fazer em relação ao défice e à divida”, temas que estarão na ordem do dia do próximo primeiro-ministro. Por isso, considera “que a omissão de ideias de Costa não tem justificação”.

O ministro "único"

João Gonçalves 9 Set 14

 

O ministro "único" das finanças da zona euro, o sr. Schauble, na apresentação parlamentar do seu orçamento, decretou ser «um "erro" pensar que atenuar a disciplina orçamental gerará crescimento na Europa. Violar as regras orçamentais com a expectativa de estimular o crescimento económico "é um erro, não encontraremos o caminho".» E acrescentou que «não podemos comprar empregos e crescimento com dinheiro público» porque «isso também não ajuda o Banco Central Europeu (BCE) porque este faz o que pode, mas não pode impor o crescimento, como se vê actualmente.» De uma penada, o ministro "único" esfolou dois coelhos com uma só machadada. Por um lado, impõe aos executivos europeus mais débeis, como o nosso, a continuação da "quadratura orçamental" centrada na austeridade e nos défices estatutários independentemente do que possa suceder às respectivas economias: esqueçam o investimento, castiguem o consumo, sovietizem as relações entre operadores económicos e sociais, recomenda a criaturinha. Acabaram os "défices virtuosos" para dar  lugar aos "défices Schauble" que nós particularmente engolimos sem sequer inalar primeiro. Depois, com a gentileza de um viking, explicou ao sr. Draghi que escusa de jurar pelo crescimento e pela defesa da "economia real" através da calibragem da taxa de juro directora. A "economia real" é o que o sr. Schauble disser que é e não se fala mais nisso. Aliás, a desculpa para manter tudo como tem estado é justificada pela abdicação política nos sucessivos Conselhos Europeus: «Cumprir as promessas implica também respeitar as regras europeias, toda a gente deveria respeitar as regras europeias, porque decidimos em conjunto.» Schauble não existe apenas porque foi escolhido pela sra. Merkel. Existe e manda porque a generalidade dos "dirigentes" europeus participam naqueles Conselhos como vulgares funcionários, uma espécie de estenógrafos políticamente eunucos, que só tomam notas e aplicam diligentemente o que os mandam aplicar. Entre nós, chefiados por um dos mais eficazes funcionários da criatura viking, a "economia real" segue assim depois do aumento do défice da balança comercial e da diminuição das "expectativas" quanto ao crescimento da referida economia no 1º semestre do ano: «O número de jovens que não estudam nem trabalham não tem parado de crescer. Os chamados “nem-nem” representam já quase 17% da população nacional entre os 15 e os 29 anos, segundo o estudo anual da OCDE sobre o sector da Educação, que foi apresentado nesta terça-feira. Portugal é mesmo um dos países onde esta realidade mais se acentuou (...) Neste retrato, Portugal está quase sempre entre os países onde a crise teve um mais forte impacto sobre o sector da educação e o acesso dos jovens ao mercado de trabalho. O desemprego atinge 10,5% dos diplomados nacionais, ao passo que a média da OCDE se fica pelos 5%.» O ministro "único" deve ficar satisfeito com estas proezas da periferia.

 

Foto: JOHN KOLESIDIS/REUTERS

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