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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 30 Set 14
Depois de passear o cão - e sabe Deus como os cães não têm parado de deixar "prendinhas" nas ruas de Lisboa para parabenizar o "seu" presidente de câmara de entrada por saída! - vi um bocadinho do programa da Fátima Campos Ferreira (um dos poucos bons encontros de vida nos meus últimos três anos e um ser humano de mão cheia cuja generosidade não esqueço depois de tantas águas turvas por que passou neste blogue). O regime sentava-se no palco, do Bloco ao CDS ou do CDS ao Bloco consoante a perspectiva. O PS da "mudança" e do "futuro" enviou Jorge Lacão que dispensa apresentações: é homem para qualquer estação socialista e que levou dois singelos minutos a abandonar Seguro mal enxergou D. Sebastião a curvar a Praça do Município em Maio último. Se é com estas peças museológicas que Costa pensa convencer o país, está bem enganado. A coligação enviou a dupla Montenegro - Melo que não se distingue especialmente pela eloquência. O PC tinha o jovem líder parlamentar Oliveira e o Bloco o bicéfalo Semedo. Na plateia sentavam-se os "novos partidos". Entrevi Mendo Henriques, Rui Tavares e, sobretudo, Eurico de Figueiredo, um dos fundadores do PS e exilado suiço ao lado do saudoso Medeiros Ferreira, de António Barreto e de Ana Benavente. Parece que o Eurico é agora co-fundador do partidinho de Marinho e Pinto, um demagogo com possibilidades de florescer como um cogumelo venenoso. Não ouvi nada mas uma coisa é certa. Em 2015, a fragmentação que começou nas europeias vai acentuar-se e impedir maiorias absolutas de partido único ou de coligação única. A "maioria silenciosa" não votou nessas europeias nem nas "primárias" do PS. E não existe a menor garantia de que esteja disposta a avalizar o regime nas próximas legislativas por forma a confirmar o "sistema" o que obrigará uma data de gente a dizer e a fazer o contrário do que agora proclama. Só um candidato a Belém credível e com um projecto de ruptura presidencialista poderia porventura "mobilizar Portugal". O resto é treta da mais pura. Velha ou nova, falsa-nova ou velhíssima e dissimulada - treta.
João Gonçalves 29 Set 14
Finalmente uma "imagem" realista dos nossos estudantes universitários, os pseudo "mais bem preparados de sempre" na língua de pau do regime e que o dr. Costa, na sua condição de Camarlengo redentor dos destinos nacionais, imagina que vai reter por cá. «Quase metade dos universitários (46%) que participaram no estudo Geração 2020 - O Futuro de Portugal aos olhos dos Universitários acredita que nessa altura vai estar a viver fora de Portugal.» Bom senso da rapaziada. Quem, podendo sair, quer ficar nesta pocilga instintual sem fundo?
João Gonçalves 28 Set 14
Pouco depois das vinte horas, na RTP, o primeiro socialista a celebrar a anunciada vitória de A. Costa nas "primárias" do PS foi José Sócrates, antecipando-se ao putativo vencedor. Assim sendo, é o regresso de um "clássico" - que nunca deixou de estar presente - ao "clássico" da política portuguesa das últimas décadas: supremacia de um "sistema" que é transversal a todo o regime, nas suas manifestações políticas, económicas, sociais, culturais e, sobretudo, comunicacionais para seguir os termos canónicos. Não faço a menor ideia, nem me interessa, aliás, como é que A. Costa vai conviver com o "sistema" interno e externo que o apoiou e que não deixará de reclamar oportunamente os seus direitos. Mas é disso, sobretudo, que vai depender ele "crescer" dos militantes e dos simpatizantes para o país e obter, não a maioria absoluta (nem ele nem ninguém lá vai), mas a proeminência da praxe para mandar nisto. Lamento que uma pessoa decente e séria como o António José Seguro - mais uma - saia de cena. Mas, como Jorge de Sena pergunta na epígrafe deste blogue, «se as pessoas têm a vocação de criado, se as pessoas têm a vocação de escriba, por que é que não hão-de ser criados e não hão-de ser escribas?»
Adenda: Escrevi isto antes do A. J. Seguro falar. Digno e sério, como referi, foi embora sem mais. Fez bem. A "mesmice" aos mesmos rapidamente e em força.
João Gonçalves 27 Set 14
«O episódio da “Tecnoforma”, qualquer que seja o seu fim, impedirá Passos Coelho de readquirir o respeito do cidadão comum e, por isso, em última análise, a sua presente autoridade sobre o partido. Se o PSD perder as legislativas de 2015, ficará por força à mercê das luzes de meia dúzia de autarcas, que, além de não se interessarem pelo país, vêem tudo pela fresta dos seus negócios locais. Do lado do PS, a campanha das primárias não serviu, como Seguro julga, para “democratizar” a eleição de um putativo chefe, serviu principalmente para nos mostrar o partido por dentro; o ódio fraternal que é a força motora daquela agremiação de ressentimentos. O partido não ganhará a famigerada “maioria absoluta”, que por aí apregoa, e o seu destino não irá além de uma coligação impotente, que, com ou sem o PSD, consumará o desastre.» Isto é Vasco Pulido Valente no Público. E isto é Donna Tartt no excelente O Pintassilgo, e vai dar sensivelmente ao mesmo visto do lado de cá. «Eu parava a meio de um passo no passeio, pasmado. De alguma forma, o presente tinha-se transformado num lugar mais pequeno e muito menos interessante.»
João Gonçalves 26 Set 14
O primeiro-ministro recorreu à pior das "técnicas" de resposta dita factual por causa de uma coisa dos seus idos de deputado, a "técnica da meia-dose": "não, mas". Acrescentou umas "indirectas" à Câmara, como ele aprecia chamar ao Parlamento, e a colegas da política que aparentemente recorrem, ou terão recorrido, a familiares para a guarda de proventos. Não sei se ele, e outros antes dele ou depois dele, é "agente" ou "vítima" de um sistema nado e apascentado pelo regime. Refiro-me à "exclusividade" cuja clareza semântica deve ser evidente até para qualquer pessoa com o antigo ciclo preparatório. Um regime que permite a ambiguidade no tratamento da "exclusividade" no exercício de funções políticas representativas, é um regime que sujeita os seus protagonistas às figuras tristes que eles por vezes têm de fazer. A de Passos Coelho - que, nos termos em que decorreu, já devia e podia ter tido lugar há dois anos, há dois meses, há duas semanas ou há dois dias - não o livra de ruídos e da dúvida. Na dúvida, o Direito não condena. Na política, a dúvida persiste.
João Gonçalves 25 Set 14
Mário Soares regressou de um merecido descanso e de um ainda mais sensato silêncio para passar, com a gentileza que sempre se lhe reconheceu, atestados de ignorância e de idiotia (ao governo) e para exigir demissões sumárias (do governo e de Seguro). O dr. Soares, como lembrou Pulido Valente noutra ocasião, "possui a cabeça de um governador civil do Sr. Dr. Afonso Costa" (agora, actualizo livremente, do Sr. Dr. António Costa) e "depois de Jaurès não aprendeu nada, nem esqueceu nada. Na realidade, "há quase um século que não lhe entra uma ideia na cabeça, como coisa distinta das trivialidades piedosas para uso oratório, que ele adapta à variável inclinação dos tempos". E que não atrapalham nem o governo - ao governo basta as suas próprias trapalhadas e a frieza suicidária de Passos Coelho - nem Seguro que está por conta da realidade. Outra coisa que Soares, nestes momentos de banda desenhada, impede de entrar na sua gloriosa imaginação de "dono disto tudo".
João Gonçalves 24 Set 14
Ontem foi um dia mau para a "política à portuguesa". O chefe do governo entrou no fatal "circuito das suspeitas" (é uma "lateral" praticamente incontornável à do "circuito da carne assada") do qual - já se percebeu - não o vão deixar sair facilmente. A ministra da justiça, numa prestação menor no parlamento, "reduziu" a sua gloriosa "reforma" a uma precária e velhinha folha Excel quando a Justiça constitui um dos pilares aferidores da qualidade da vida de uma democracia liberal. E os dois candidatos às primárias do PS protagonizaram o pior, no sentido de pequenino, dos três debates televisivos o que, com certeza, afastará - fora o resto - muitos dos potenciais votantes de domingo à semelhança do que já tinha acontecido na escolha para as federações. Qualquer deles vai a caminho de uma vitoriazinha, agora, e de outra que tal em 2015. E merecemos melhor?
João Gonçalves 23 Set 14
Quando passei pelo programa da Fátima Campos Ferreira, na RTP de segunda à noite, deparei com uma pessoa com quem partilhei a única reunião a que assisti, em representação do então ministro da economia, de "coordenação" dita política do governo gerida pelo prof. Poiares Maduro e pelo Pedro Lomba. Nessa altura, a dita pessoa tinha acabado de aterrar (literalmente porque tinha vindo do outro lado do Atlântico) no ministério da justiça para ser chefe de gabinete de Paula Teixeira da Cruz depois da demissão do chefe de gabinete "original" (veio-se a saber depois que este tinha alertado atempadamente para isto a que a ministra chama agora de "percalços" no CITIUS). Entretanto, António Moura - é assim que se chama o cordial diplomata de carreira e a tal pessoa do programa da Fátima - passou a secretário de Estado da justiça e estava no auditório da Champalimaud a dar a cara pelo "percalço". E, presumivelmente, por Teixeira da Cruz. Correu-lhe muito mal. Provavelmente como me teria corrido a mim se estivesse na pele dele. Moura não merecia a provação a que o "dueto" ministra-presidente do instituto que gere o CITIUS o sujeitou. Está num lugar errado. Um "percalço" desnecessário na vida dele.
Adenda: "Não vou fazer rolar cabeças" antes do CITIUS estar em pleno, afirmou a ministra. Nem parece dela recusar-se a entender que, mais do que técnico, o problema é político. O mau gosto dos termos utilizados roça o das antigas purgas sovieto-chinesas. Mas infelizmente este governo foi-se transformando numa caricatura democrática do pior sovietismo mesmo, ou sobretudo, nos seus acessos liberalóides. E já não sai disto.
João Gonçalves 22 Set 14
O dr. Passos, por enquanto, já se viu livre da "Tecnoforma". Não estava em regime de exclusividade entre 1997 e 1999, como deputado, pelo que podia auferir o que lhe desse, ou lhe dessem, na gana. Do que o dr. Passos não se viu livre, nem vai ver pelos vistos tão cedo, é da inconsequência em que aparentemente o seu governo mergulhou, entalado entre o calendário eleitoral (o seu, o do PSD, o do CDS e não necessariamente por esta ordem) e o presumível "renascimento" do PS em poucos meses seja lá com quem for. Esta semana ainda podem asneirar à vontade porque os drs. Seguro e Costa se encarregam das festividades. Ou pedir mais desculpas. Ou nada que é, de facto, o mais sensato.
Adenda: Não diga nada, a sério. Sobretudo não improvise. A dimensão sináptica, tal como nas salsichas, conta.
João Gonçalves 22 Set 14
«O Ocidente, desde a América a Portugal (que descobriu um “suspeito” no Algarve), passando pela Austrália e pela França resolveu liquidar, ou pelo menos conter, a guerrilha do Estado Islâmico. Como? Com aviões, drones, helicópteros, satélites de alta resolução; e com a ajuda humanitária e diplomática disponível, incluindo a de países muçulmanos. No meio disto, o que toda a gente se recusa a fazer é usar forças no terreno, como se diz, “de botas no chão”. Mais milhares de mortos em guerras que Bush provocou já não são toleráveis para ninguém, excepto para um Hollande em vias de extinção que resolveu agora fabricar uma popularidade napoleónica. Infelizmente, neste aperto, Obama resolveu seguir o exemplo de Kennedy no Vietname: não mandará “soldados com missões de combate”, longe dele, mas mandará “conselheiros” para treinar o indigenato local. Claro que este esforço americano e europeu tem três defeitos sem remédio. Em primeiro lugar, não há uma língua comum de comando. Em segundo lugar, os “conselheiros” não tardarão a pedir reforços. E, em terceiro lugar, a barbaridade das seitas da região impedirá ainda por muito tempo que se chegue a uma situação estável e consolidada. Os xiitas nunca deixarão que se reconstitua o Iraque e os sunitas nunca viverão em paz sob os xiitas. Nem as dezenas de seitas das várias persuasões do sítio aceitarão o governo de qualquer dos lados. Em pouco tempo, a América estará envolvida no caos que Bush criou, lutando com amigos, protegendo inimigos, misturada em conflitos de tribos e de religiões, de que só um exército a sério a poderá extrair. Mesmo na América o público não consegue perceber o que está a acontecer. O EI decapita jornalistas na internet e na televisão e parece que um caça-bombardeiro trataria expeditivamente do assunto. Nada mais falso. Com boas fotografias de satélite, um caça-bombardeiro é capaz de arrasar uma coluna em marcha durante o dia, mas não é capaz de eliminar uma guerrilha de milhares de homens que não se distinguem da população e que muitas vezes, como na Síria, se refugiam entre cidades, que mudam de mão de hora para hora. O Papa Francisco disse que isto talvez fosse o princípio da III Guerra Mundial. Não acredito. Acredito, com mais frieza, que isto talvez seja o princípio do fim do Ocidente. Portugal, entregue às suas pequenas vaidades, nem sabe que o EI existe.»
Vasco Pulido Valente, Público
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...