Há perto de trinta anos, mais propriamente em 1983, Vasco Pulido Valente publicava no vespertino A Tarde o artigo da foto. Na altura, o país já tinha passado pelo PREC, pelos governos do dr. Soares, pelos de "iniciativa presidencial", brevemente por Sá Carneiro e pela iimprovável AD do dr. Balsemão. Sobreveio-lhe o "bloco central", com Soares e Mota Pinto, e ainda estavam por vir Cavaco, Guterres, as ADzinhas de Barroso, S. Lopes e Portas, Sócrates e esta coisa em que estamos. Hoje, no Público, Pulido Valente como que recupera e "actualiza" este texto escrito quando o "25 de Abril" era ainda uma criança (9 anos) e não o "quarentão" frustrado e indemne de 2014. «Para a minha geração, que vai agora morrendo, o “25 de Abril” chegou a tempo. Andávamos pelos 30 anos, com uma profissão e uma longa vida à nossa frente. Íamos finalmente mudar Portugal. Fazer um novo cinema, um novo teatro, uma nova literatura, uma universidade exemplar e um Estado democrático. Íamos varrer a miséria atávica do país, que manifestamente nos seguiria. Em vez disso, logo do princípio, apareceu o dr. Cunhal e o PREC, com que, no fundo, ninguém contava. Não vale a pena insistir nesse delírio sem sentido, que não durou muito: em Novembro de 1975, as coisas voltaram a uma relativa normalidade. Mas ficou o sentimento da fragilidade das coisas, que só se consolidaram em 1989-1990. Nessa altura, a grande esperança da “revolução” já desaparecera. Cada um tratou, e não mal, da sua vidinha. Da sua carreira e da sua bolsa. Os partidos tomaram conta da política, com uma irreprimível irresponsabilidade e uma corrupção congénita, contra as quais o cidadão comum era impotente. Cada um meteu-se na sua casca e tentou ignorar o que sucedia fora dela. De qualquer maneira, a aventura deixara algum dinheiro e um módico de liberdade: o que aos 50 anos bastava. Por sorte, na sua imperfeição, a nossa época fora como a “Regeneração” e o “fontismo”, uma época “civilizada”, sem guerras civis, sem “ditaduras”, com menos miséria. Infelizmente, a nossa “sorte” incluía também uma certa esterilidade pessoal e a amargura de uma colectiva desilusão. E à nossa volta sucessivos governos criavam as ruínas da nossa velhice.» Ruínas sobre ruínas.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...