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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

«Aquele império com pés de barro [a Controlinveste] ruiu com a crise, mas os bancos injectaram lá milhões para manter o controle. A solução encontrada é política: a escolha para presidente da empresa de Proença de Carvalho — homem para todos os regimes do poder e do dinheiro (e advogado de Sócrates) —, e a escolha dum protegido do BES, familiar de Cavaco mas de facto com ligação ao PS socratista (como o revelaram as escutas da Face Oculta no CM) apontam para a mesma triste aliança obscura entre media e dinheiro e política dos poderosos. Agora despediram bons profissionais independentes ou de áreas políticas desafectas aos novos donos. Socratinistas e costistas ficaram lá todos. O mesmo em Espanha: os bancos, em conúbio com o governo Rajoy, tomam conta dos principais media. Sinal do século XXI: com a Internet e a fragmentação dos media, o poder mediático disseminou-se de tal forma que os poderes fácticos de sempre — o dinheiro e seus agentes políticos — precisaram de voltar em força ao controle férreo dos media e encontraram em alguns jornalistas bem pagos agentes sabujos para o exercer. Os poderosos servir-se-ão dos seus media, mas, mesmo que os cidadãos não os leiam, eles farão contas para ver se os negócios que ganharam pela porta do cavalo compensam os prejuízos com os seus media e as notícias ou "notícias" neles plantadas. Entretanto, como qualquer industrial do capitalismo selvagem, destroçam vidas, fazem concorrência desleal aos media honestos e enganam o povo.»

 

Eduardo Cintra Torres, Correio da Manhã

Livros e miséria instintual

João Gonçalves 15 Jun 14

Ao fim da manhã, correndo sérios riscos de insolação, fui à feira do livro. Acaba hoje. Todavia, a RTP e os seus sponsors já estavam a montar um ecrã gigante para a bola. Ainda as barraquinhas estarão com livros, embora fechadas, e aquele espaço começará a ser invadido pela babárie e pela cerveja. O silêncio dos livros nada poderá contra isso embora o seu "duro desejo de durar", mesmo enquanto puro "resto", prevaleça sobre a  circunstância barulhenta e acéfala. Como escreve Pulido Valente no Público, «nunca percebi por que razão se pensa que esta espécie de espectáculos contribuem para o estatuto e o prestígio de um país. São normalmente exercícios de propaganda interna e de caça ao voto. Para o Euro 2004, Portugal construiu de raiz ou renovou radicalmente uma dezena de estádios, quando cinco ou seis bastavam. Porquê? Porque se o Estado e a administração local pagavam um estádio ao F.C. do Porto tinham de pagar outro ao Boavista: e, se o Porto ficava com dois, Braga exigia o dela; e Guimarães não podia ser maltratada nesta matéria essencial; nem Coimbra, nem Aveiro, nem sequer Leiria. Para não falar em Lisboa e no Algarve. Hoje, ninguém usa muitas dessas fantasias em cimento armado, que se tornaram um encargo inútil para as câmaras do sítio. Isto vem naturalmente a propósito do campeonato e dos protestos do Brasil. O Brasil arranjou maneira de fazer doze estádios, ainda em construção ou de qualidade duvidosa, e gastar milhões com a segurança da rua e dos turistas. Ficará o mundo com mais respeito e admiração pelos responsáveis de uma extravagância sem explicação e sem desculpa? Não me parece. A Interpol até fala em “jogos combinados”, coisa nunca vista, e ao lado do futebol os combates quase diários do exército (repito, do exército) e dos manifestantes “anti-Copa” mostram bem a sociedade caótica e corrupta em que as festividades decorrem. Vale a pena por um espectáculo efémero provocar as cenas de violência que as televisões passam e revelar o verdadeiro atraso de um país que não se consegue governar?»

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