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portugal dos pequeninos

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Ficar assim é pior

João Gonçalves 14 Jun 14

«Eleições são a única coisa que pode fazer entrar algum ar fresco no quarto miasmático em que estamos enfiados. Se a vida fosse a ideal, o PS resolveria rapidamente a sua querela interna, em vez de andar nesta necrose quotidiana para salvar Seguro e garantir meia dúzia de lugares de deputados aos seus fiéis*, com elevadíssimos custos para o PS e para Portugal, e, quem fosse o líder, estaria em condições para exigir eleições antecipadas com uma voz forte. Se a vida fosse a ideal, o Presidente compreenderia que nunca vai conseguir um acordo “consensual” na actual situação de bloqueio, mas apenas perante um governo com legitimidade reforçada de origem eleitoral, seja do PSD-CDS, seja do PS. Se a vida fosse a ideal, as eleições dariam a quem as ganhasse uma maioria absoluta ou quase, para então existir força política para haver entendimentos, ou para os recusar, se eles fossem abusivos. Se a vida fosse a ideal, o PSD mudaria de liderança, mas, mais importante que tudo, deixaria para trás esta continuada traição ao seu programa, à sua génese, ao seu papel histórico e aos seus manes caseiros como Sá Carneiro. Se a vida fosse a ideal, ou o PS (mais provável) ou o PSD, manteriam um esforço de consolidação orçamental, com maior equilíbrio social nos seus custos, mas anunciariam, a partir dessa autoridade de não aceitarem défices altos, que o chamado Tratado Orçamental não pode continuar como está. E anunciariam que uma reestruturação da dívida é inevitável e trabalhariam para isso, com moderação e tenacidade. E se a vida fosse a ideal, Portugal passaria a ter outra voz na Europa, procurando aliados e novas configurações, em função de um único objectivo, o interesse nacional. É para que a vida, mesmo não sendo a ideal, possa pelo menos ser mais sensata, equilibrada e melhor do que é hoje, que é preciso correr o risco de antecipar as eleições, num tempo bem escolhido, razoável e o mais depressa possível, ou seja, é preciso fazer alguma coisa para desbloquear este enorme pântano em que vivemos. Tem riscos? Tem todos os riscos. Mas ficar assim é pior.»

 

José Pacheco Pereira, Público

 

*A frase "para salvar Seguro e garantir meia dúzia de lugares de deputados aos seus fiéis" é um tropismo deliberado. Aplica-se sobretudo ao "amigo" do autor, o dr. Costa. e à longa mão socrática presente no grupo parlamentar do PS: esses é que não querem ser mudados, como serão, se Seguro ficar. De resto, estamos de acordo: eleições para limpar o ar.

O noivo de Santo António

João Gonçalves 14 Jun 14

O dr. Costa, edil da capital e putativo candidato a líder do PS desde os seus tenros catorze anos, teve um fenomenal tempo de antena à conta da marchinhas de Lisboa. Todos lhe foram prestar "homenagem" à medida que iam passando ela Avenida da Liberdade. Ironicamente, é aí que reside o seu maior problema. Costa, para além da televisão, está refém de Lisboa. É a macrocefalia lisboeta que o tem promovido porque é em Lisboa que o "meio" de que faz parte irradia. Quando sai de Lisboa, por exemplo à conquista das federações do seu partido, as coisas mudam de figura. Costa, que não tem nada de burro, já percebeu que, fora as marchas, o cenário das televisões e os amigos nos jornais, não existem passadeiras vermelhas. A persistente colagem do pior do que não presta no PS à sua pessoa também não ajuda. Sem nada de novo no seu "programa", Costa ainda não conseguiu "noivar" com o país que é coisa mais complicada do que um mero golpe de mão partidário. E não é, de certeza, por falta de ajuda.

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