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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Um livro para os tempos que correm

João Gonçalves 5 Jun 14

Não é reconfortante saber que, para chegarmos aos níveis de "desenvolvimento" neurobiológico de um chimpanzé recém-nascido, precisaríamos de 20 meses de gestação em vez dos 9 da praxe. Talvez isto explique muita coisa.

«Eram muitos os que, nas hostes costistas e socráticas, dificilmente deixariam A.J. Seguro chegar tranquilamente às legislativas, de cujas listas temiam desaparecer. Penso todavia que não corriam esse risco, dado o espírito aberto e federador que A.J. Seguro tem demonstrado. Mas a vida partidária é desgraçadamente cada vez mais feita destes pequenos cálculos e de insignificantes criaturas que não conhecem outro modo de vida (...). O que se tem passado com António Costa, cujas qualidades conheci bem ao trabalhar com ele no Governo e no Parlamento, lembra-me muitas vezes o que se passou nos finais da década de noventa com Durão Barroso. Ele também era, face ao domínio socialista de então, o líder predestinado do PSD, com mundo, culto, rodado, etc., um político perante o qual todos os rivais empalideciam mal se pronunciava o seu nome, divinizado pelos media até à idiotice mais absurda, ouvido como um oráculo por uma comunicação social que transformava cada banalidade sussurrada na expressão de uma qualquer genialidade. Essa aura chegou a assustar o então primeiro-ministro António Guterres. Lembro-me bem de ter sido convocado - como foram, individualmente, todos os ministros - para reuniões de emergência em São Bento, porque agora a coisa "ia ser a sério". Pois bem, entronizado como líder do PSD, viu-se: desde o primeiro debate parlamentar até à sua astuciosa fuga para Bruxelas, foi o contínuo desmoronar do mito. Ainda agora, vendo a entrevista da passada segunda-feira de António Costa à TVI, o que me pergunto é o que há para lá de uma espécie de aura sebástica que, com inegável talento comunicacional e de relações-públicas, se construiu à sua volta. Há um tom de voz mais grave, é certo, e isso conta. Mas quanto a ideias, não ouvi a Costa nada que o Seguro não ande a dizer há muito tempo: pugnar por outro modelo de desenvolvimento, apostar na qualificação, combater o retrocesso social, etc., etc. Como se sobrasse em protagonismo sebástico-mediático o que falta em diferença propositiva, ou ideológica (...). Seguro descobre agora que foi uma imprudência não ter clarificado logo no início do seu mandato a sua diferença face ao socratismo, que a generalidade dos portugueses e dos próprios socialistas sabe bem (e ele tem ajudado a recordá-lo, com aqueles "comentários" dominicais de doentia e mitómana autojustificação) que ele foi o principal responsável português - porque também os houve a nível internacional, nomeadamente europeu - pela situação a que chegámos em 2011. E aí, atenção, com António Costa sempre a espaldá-lo, cobrindo todos os erros do socratismo, de que nunca se demarcou um milímetro.»

 

Manuel Maria Carrilho, DN

O que resta de Passos três anos depois?

João Gonçalves 5 Jun 14

Talvez devido ao adiantado da hora o dr. Passos não tivesse medido as palavras que proferiu à tribo reunida em Coimbra. Ou então mediu-as muito bem e, aí, fica obrigado a tirar as devidas ilações do que disse. O Tribunal Constitucional não caiu do céu. Sucedeu ao Conselho da Revolução e à Comissão Constitucional. Foi gerado legislativamente na famosa "casa  da democracia". A sua composição foi definida pelos partidos e a escolha contingente dos seus sucessivos membros, pelo menos de parte deles, é igualmente da sua responsabilidade. Uma vez "fechada" essa composição, os partidos - a menos que se suponham na Coreia do Norte, na Venezuela, na Turquia ou na Síria para sermos equilibrados nos exemplos - não podem olhar para os juízes como seus lacaios ou moços de recados daqueles a que estão habituados nas respectivas seitas. Por isso há quem defenda (e eu também) que as funções do TC devam ser atribuídas a uma secção do Supremo Tribunal de Justiça para evitar espectáculos inomináveis como aquele a que estamos a assistir. Se o dr. Passos acha - e está no seu direito de  achar - que o sistema político não está "à sua altura", apesar de ter sido com este sistema político que foi eleito faz hoje três anos, demita-se e avance, entre outras, com propostas consequentes para o mudar. O eleitorado julgará então. O que não pode - porque é primeiro-ministro de Portugal e não um mero tagarela de café - é dar a entender que o "programa do governo" para o que sobra da legislatura é este rosnar infantil pelos cantos e estas lamúrias inconsequentes a que certamente o Tribunal não dará qualquer resposta. Passos está deliberadamente a pôr em causa o primado do Estado de direito sem nada mais para oferecer ao país do que isso e a sua contabilidadezinha mal esgalhada. Ora tal necedade configura um acto de cobardia política que lhe fica pessoal e politicamente mal. Se persistir em se refugiar nele - com a conivência passiva de um Chefe de Estado entregue a amenidades e a recepções em Belém aparentemente com receio que o céu lhe tombe em cima como acabará por tombar com estrondo -, arrisca-se a chegar a eleições legislativas "normais" e a recolher menos de um quarto do sufrágio, seja o PS comandado, ou não, pelo bonapartismo em marcha ou por um piloto automático. Quem o avisa, acredite dr. Passos, seu amigo é.

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