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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

A pergunta de Rui Ramos

João Gonçalves 24 Mai 14

«Não é possível, porém, esquecer o mês de Julho de 2013, e o que poderia ter acontecido sem o Presidente da República. Os ministros deram nesse momento toda a razão às oposições, que no fundo sempre apostaram numa única coisa: criar um ambiente de tensão e ruptura que induzisse a coligação a entrar em pânico e a desfazer-se. Os acontecimentos de Julho deixaram uma enorme dúvida, sempre alimentada pelo comércio de recados do jornalismo: pode o país confiar nesta maioria para assegurar estabilidade política, ou não?» (Observador). Não pode, Rui, acredite. Eu estava lá em Julho de 2013. E fiquei esclarecido.

Dia de pastar a vaca

João Gonçalves 24 Mai 14

 

«O "dia de reflexão", na sua prudência e no seu rigor, impede que se escreva uma palavra sobre política, não vá o eleitor sensível ser indevidamente influenciado à última hora. Esta restrição, de resto, não incomoda ninguém. Segundo a grande imprensa e as televisões, Portugal tem vivido com todo o conforto intelectual da receita para tempos normais: do Benfica, de Ronaldo, do crime e das catástrofes naturais. Bastou o Benfica para nos trazer semanas num incomparável balanço de entusiasmo e de angústia. O campeonato foi uma espécie de acto divino contra a inaturável arrogância do domínio alheio. A Taça da Liga foi uma satisfação merecida. Turim, desgraçadamente, um desespero. E a Taça de Portugal, que fechou um "triplo" nunca visto, desceu até ao fundo do coração. Melhor do que isso, cada português pôde viver esta epopeia em pormenor: os jogos, que nos animaram e apoquentaram; os prognósticos délficos dos sócios; os comentários (muito variados do treinador e dos jogadores do dia); as sessões triunfais no Marquês de Pombal e em vilas num canto obscuro da província. Esta força, esta glória, que desabaram vicariamente sobre nós consolam muito. E também a análise douta dos peritos, que revela o que nós não conseguimos ver e nos descobre de repente a cintilante beleza de um movimento táctico. O Benfica, confessemos, subiu à vertiginosa altura de Portugal. Só a lesão muscular de Ronaldo, que não passa de vez, verdadeiramente nos preocupa. Ele precisa ainda de ganhar a Champions e o Campeonato do Mundo para nos curar e redimir. Entretanto, além da final entre o Real e o Atlético de Madrid e as próximas batalhas do Brasil, a televisão e a imprensa oferecem, para a nossa distracção e aprimoramento cultural, uma dose tranquilizante de crime crapuloso. Não faltam tiros, não faltam facadas, não faltam crianças desaparecidas. Caso mais notável, não faltam mesmo malfeitores desaparecidos. Manuel Baltazar, o Manuel "Palito", por exemplo, que matou a sogra e uma tia e feriu a mulher e a filha, resistiu à perseguição da Judiciária e a forças da GNR a pé e a cavalo durante 34 dias, no imenso território de São João da Pesqueira. A confiança das populações na autoridade, se existia antes, com certeza que se fortificou. E o português valente ressuscitou. Bem precisava.»

 

Vasco Pulido Valente, Público

 

«Se eu quiser escrever que foi penoso ver a "rua" dos candidatos, em particular, os da maioria, será que o posso dizer? Será que posso dizer que a "rua" desses candidatos foi uma completa mistificação para obter imagens televisivas, daquilo que foi um dolo total, um não-acontecimento, feito de toca e foge, para não haver sarilhos, será que o posso dizer? Será que posso escrever que foi também penoso ver os líderes do PSD, chamados à campanha pelo mestre da coreografia mediática, numa pirueta do tipo das que os seus discípulos na comunicação social gostam muito, e totalmente vazia de significado político, e depois terem tanta vergonha dos candidatos e da campanha que chegaram às suas imediações pestíferas... para irem apoiar o candidato luxemburguês ou dizerem que "votem A ou B, o que conta é votarem"? Será que posso falar da indigência dos candidatos da maioria, a fazer campanha contra um primeiro-ministro do passado, como se agora o PS resolvesse fazer uma campanha contra Santana Lopes? Ou, do vai-não-vai de Mário Soares, à campanha do super-homem da Juventude Socialista de peito feito em que uma caneta inscreve a fogo ou a sangue uma cruz? Ou de como o selfie do PS é uma afronta aos direitos humanos da câmara fotográfica que teve de rebaixar a sua condição de telefone inteligente para minimizar o ar de parvos dos fotografados, que é o aspecto que os selfies dão às pessoas? Será que posso hoje falar em nome dos direitos da máquina, obrigada a estas violências? Será que posso escrever que a campanha de Marinho e Pinto, a única campanha dos pequenos partidos que, por puros critérios jornalísticos, devia ter uma muito maior cobertura, até porque o seu populismo é uma "fruta da época" que exige atenção, foi a mais prejudicada de todas por critérios que favorecem sempre PSD, CDS, e PS? Será que posso dizer que a campanha mais verdadeira, menos enganadora, aquela em que o que há é o que se viu, foi o retrato cruel da solidão política do POUS, no momento em que as televisões filmaram solitária, com a mesma faixa sempre reciclada, Carmelinda Pereira à porta de uma fábrica? Ou dizer aquilo que é evidente que a única campanha que não teve medo da "rua" foi a da CDU, porque é o que é, e a mais não se sente obrigada? E está hoje, como sempre, melhor entre os velhos de Serpa, do que a do PSD-CDS que nem sequer já tem o "cavaquistão"?»

 

José Pacheco Pereira, idem

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