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portugal dos pequeninos

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Passos e Aquiles

João Gonçalves 23 Mai 14

 

De acordo com um "especialista" em Passos Coelho, quando este passa a mão pelo cabelo, como que para o ajeitar, está irritado. Numa cervejaria de Lisboa, ontem ao almoço, e diante de uma plateia de mulheres, de pessoas com barba presumivelmente homens (o evento era primacialmente dirigido a senhoras) e a dra. Assunção Esteves, o PM ajeitou o cabelo antes de começar a falar. Tinha razões para estar aborrecido. Nunca deu qualquer importância à "Europa" e, ali, tinha de dizer duas ou três inocuidades a pretexto de terceiros. Da "Europa" só conhece o tratado orçamental de 2012, de que é um dos mais fiéis prebostes, e que o há-de "trair" mais depressa do que ele imagina. Depois soube-se que a dívida pública já vai em 132,4% do PIB e que a receita do IRS, nos primeiros quatro meses do ano, aumentou cerca de 10%. O que quer dizer que as pessoas, as famílias e as empresas andam sobretudo a pagar os juros da primeira. Uma semana off em Sines bastou para deixar as exportações - e a balança comercial por causa do aumento das importações - a tremelicar na sua manifesta incipiência. A ventoínha europeia, e dos mercados pós-eleições, pode atirar alguma lama para cima da "saída limpa" que, como diz alguém algures, nos pode vir a sair "cara". Finalmente nem os pulinhos do dr. Rangel à volta de cerejas ajudaram a campanha melancólica da "aliança" onde o senhorito Melo passou o tempo a balbuciar trivialidades, em péssimo português, quando, no seu lugar, devia ter andado Diogo Feio. Tudo visto e ponderado, Passos tem motivos de sobra para alisar simbolicamente a melena à semelhança de Aquiles com o calcanhar. A segunda parte da legislatura  - que começou sob a tirada épica "não abandono o meu país" depois da farsa política "irrevogável" do dr. Portas e do "sacrifício", sem uma palavra de reconhecimento, de pessoas sérias em nome da mais reles pantomima - tornou-se progressivamente num enorme embuste. Tão grande como o enorme aumento de impostos que marcou a primeira e cujo lastro persiste, indemne. O dr. Passos decerto não ignora que grande parte da não esquerda que vai votar no domingo votará fundamentalmente contra esta mistificação ameaçadora. O dr. Passos pode não ter "abandonado o país". Mas o país começa a despedir-se dele.

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