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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 12 Mai 14
«Perante as propostas do FMI de há um ano para reforma do mercado laboral, o então ministro levantou a voz à troika. O mercado de trabalho foi, desde o início do programa, motivo de choques constantes entre o Governo e autoridades internacionais. Mas no Verão do ano passado, no meio de manifestações populares e a semanas da crise política, a coisa atingiu uma outra dimensão: o FMI trouxe um novo pacote de medidas e tentou forçar a sua aplicação, que foi travada pelo então ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. “Não somos ratos de laboratório”! Fez-se silêncio por momentos, ninguém espera uma reacção tão forte, um grito daqueles, de alguém tão calmo como o ministro da Economia. Era Junho de 2013 e, num fim de semana, Governo e ‘troika’ realizavam mais uma reunião de preparação para a sétima avaliação ao programa, que estava suspensa à espera das medidas compensatórias a mais um chumbo do Tribunal Constitucional. Os encontros eram quase sempre no Ministério das Finanças, mas naquele dia, por causa das manifestações, a reunião tinha sido mudada para a Avenida 5 de Outubro. O FMI trazia novamente na bagagem a insistência nas reformas laborais e pedia, entre outras coisas, a descida do salário mínimo para os jovens. “Basicamente, era a liberalização total do mercado de trabalho”, conta fonte próxima do processo, “um conjunto de medidas que nunca passariam no Constitucional”. A equipa do Governo, com Pedro Roque, Mota Soares e Carlos Moedas, era liderada por Álvaro Santos Pereira, que apresentou um ‘power point’ com a evolução do mercado de trabalho e explicou que as medidas não eram viáveis. “Portugal é um país, não um modelo”, frisou o ministro, acrescentando que o que estava a ser proposto era inconstitucional. Do outro lado, a equipa da troika era liderada ainda por Abebe Selassie, que retorquiu que estavam a exigir aquilo para não terem de regressar com mais dinheiro daí a dois anos. A conversa azedou e os técnicos nacionais chegaram a dizer que “só falta pedirem a descida do salário por raça, é tão inconstitucional como o que estão a pedir”. Mota Soares tentou, no meio das acusações, apresentar um gráfico que mostrava uma redução de salários no privado. “Então afinal há 23% de trabalhadores inconstitucionais”, ironizou de imediato Selassie. O ministro da Segurança Social ainda rebateu que eram negociações entre trabalhadores e respectivas empresas, não uma coisa colectiva, mas já nem era preciso. “Não somos ratos de laboratório, não vamos aceitar isso”, disse Álvaro. Carlos Moedas ainda tentou apaziguar e dizer que se poderiam voltar a analisar as medidas e os números entre técnicos nacionais e internacionais na semana seguinte, mas a reunião tinha acabado. “Faça, as reuniões que quiserem, mas a resposta é não a tudo”, disse Álvaro. A reunião terminou e as medidas não avançaram. Meses mais tarde, depois da crise política, o ministro da Economia deixou o Governo, sendo substituído por Pires de Lima.»
Diário Económico, 12.5.2014 (Texto de Luís Reis Pires e Lígia Simões)
Nota: Circe ainda não nos transformou a todos em porcos.
João Gonçalves 12 Mai 14
«Neste ano, o que aconteceu? “Todos [os documentos legais] do lado do governo estão concluídos”, disse quinta-feira Maduro entrevistado na RTP que tutela. E estão. A lei da TV e rádio está alterada. Mas falta o parlamento aprová-la. Os estatutos e modelo de governança da RTP estão alterados. Mas falta o parlamento aprovar a lei. “Há uma orientação estratégica clara para a RTP”, disse. Pois há, nas lei de papel. Ao invés do que o ministro defende, a RTP acentua uma estratégia comercial agressiva. O cargo de “director-geral” inventado pela RTP é ilegal, e o ministro sabe-o. Nada fez, apesar de legalista. O dossier TDT está na mesma. Quer canais públicos internacionais fortes, mas submetendo os conteúdos a privados através de “parcerias”. Calou-se perante o silenciamento da RTP Internacional nos EUA por capricho autoritário da administração. Defende a “desgovernamentalização da RTP”, mas, sendo os que lá estão os mesmos que a governamentalizaram, o servilismo em potência apenas está hibernado. Para Açores e Madeira virão leis aliviando o desperdício pago pelos contribuintes do Continente, passando a ser os das regiões (e Europa) a pagar soluções semiprivadas ao serviço, como sempre, do poder regional. A RTP2 mudou no papel para o Porto, propaganda em que Maduro colaborou. O caso ilustra o “sistema” instalado: o director foi escolhido pelo seu “perfil” sistémico, agradando ao PSD a que esteve ou está ligado e ao PS que serviu quando na ERC. Escolhido o director, que é do “Norte”, está escolhido o “perfil” da RTP2: faz-se no Porto! Aí está ela, igual a sempre. Assim, após a reviravolta governamental, a RTP está na mesma pois o ministro assume que as suas leis resolvem. Mas não resolvem o carácter miasmático da empresa, sistémico, “pública” no pior sentido, medrosa, servil, alheada do serviço público.»
Eduardo Cintra Torres, Correio da Manhã
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...