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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

O esplendor da "transversalidade"

João Gonçalves 4 Mar 14

Numa entrevista ao "jornal das 9" de Mário Crespo, a ministra da Justiça, a social-democrata Paula Teixeira da Cruz, encerrou a coisa afirmando que não vai desistir de tentar, política e legislativamente, criminalizar o enriquecimento ilícito. Porque, diz ela, trata-se de um "bloco transversal de interesses" que precisa ser combatido. Está certa, por um lado, e incerta pelo lado dos referidos "interesses" que nunca deixarão que tal se venha a impor. Nem que para o efeito se invoquem os estafados "direitos fundamentais" que costumam dar para tudo e o seu contrário. Nesta matéria, a "transversalidade" a que alude a ministra é mais forte do que a sua credulidade. E nunca faltarão argumentos "jurídicos", às esquerdas e às direitas (que, aliás, costumam estar juntas em, por exemplo, escritórios de advocacia e de "consultadoria" de negócios), para que nunca ocorra semelhante previsão criminal.

Carnaval, banha da cobra e pensos rápidos

João Gonçalves 4 Mar 14

Salvo erro, apenas três câmaras municipais seguiram a "intolerância de ponto" carnavalesca decretada pelo governo. O que quer dizer que, do "continente" às regiões autónomas, o país pára pelo menos quatro dias. É claro que parte dos suspeitos do costume, os funcionários públicos da chamada administração central, estão a fazer figura de corpo presente seguindo, aliás, o "exemplo" do governo propriamente dito e dos seus gabinetes (quem lá passou, sabe que é assim). Todavia, e para garantir alguma "comicidade" inerente à saison, Crato é enviado a uma comissão parlamentar da parte da tarde, a única em que ocorrem "conseguimentos" na Assembleia. Não acho qualquer piada ao carnaval e, muito menos, às "tradições". Mas esta "intolerância de ponto" foi justificada por causa da "emergência nacional" e duraria enquanto tal "emergência" andasse por aí. O que, em 2014, é contraditório com os sucessivos "milagres" anunciados, desde o "crescimento" ao porta-aviões das exportações, que criaram essa extraordinária crença do "país melhor" pejado de "vidas piores", uma coisa consistente, noutro plano, com o carácter ficcional da verdade para que apontava Nietzsche. Por falar em ficção, trouxe um Le Carré para cima da secretária para me acompanhar neste descaso de dia. Às tantas - o livro é O Alfaiate do Panamá - um diplomata do Foreign Office desata num monólogo interior ao saber do "recrutamento" de alguém «treinado para esfregar o cu pelas esquinas e abrir cartas ao vapor de uma chaleira», numa altura «do grande Corte nas Despesas e do recrutamento, anunciado aos quatro ventos, de peritos em administração destinados a levar o Foreign Office, a bem ou a mal, até ao século XXI. Céus, como ele odiava este governo! Pequena Inglaterra, E.P., dirigida por uma equipa de aldrabões de décima ordem que não serviam nem para dirigir um parque de diversões numa praia para as classes baixas. Conservadores capazes de despojar o país até à última lâmpada eléctrica só para conservarem o poder. Que achavam que a Função Pública era um luxo tão supérfluo como a sobrevivência mundial ou a saúde nacional , e o Foreign Office o mais supérfluo de todos. Não! Na época presente de banha da cobra e pensos rápidos, era bem possível que o posto de Chefe de Chancelaria no Panamá viesse a ser considerado dispensável e, com ele, Nigel Stormont.» Pois. É carnaval e há, pelos vistos, quem leve a mal.

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