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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

A vantagem gaulesa

João Gonçalves 31 Mar 14

 

Sem eleições presidenciais ou para a Assembleia Nacional, e após uma derrota brutal nas autárquicas, François Hollande nomeou um novo primeiro-ministro, Manuel Valls, um social-democrata do PS e, até agora, ministro do interior. Os problemas da França, salvaguardadas as devidas distâncias, são semelhantes aos nossos: desemprego, ausência de crescimento, diminuição do rendimento disponível. E os socialistas gauleses têm exercido o poder praticamente da mesma forma que os governos de centro-direita na Europa da chanceler Merkel. Infelizmente o sistema de governo doméstico não permite a substituição do primeiro-ministro nos termos constitucionais em que é possível fazê-lo em França. Porque, se fosse, Passos Coelho deveria ser substituído, depois das "europeias" e do encerramento formal do programa de ajustamento, por outra personalidade oriunda do PSD uma vez que não parece verosímil a ocorrência de eleições legislativas antes do próximo ano. O primeiro-ministro evidencia, sempre que pode e com aparente gosto, que se "esgota" politicamente no cumprimento do programa que termina em Maio e na consolidação orçamental, custe o que custar. Assim auto-limitado e auto-complacente, revela não possuir qualquer outro desígnio para o país que não seja o de puxar a vida das pessoas para baixo por conta de uns poucos "indicadores" variáveis para cima. É curto.

Assim também eu

João Gonçalves 31 Mar 14

No final do conselho de ministros extraordinário, se o senhor vice PM consentir, o dr. Marques Guedes devia agradecer sobretudo aos trabalhadores por conta de outros o défice de 2013. Porque decerto o que resta de "comunicação política" no governo não deixará todo o santo dia de deitar alvíssaras e de mobilizar meia dúzia de maquinetas falantes para celebrar mais este "sucesso". Acontece que o défice de 4,9 não caiu impropriamente do céu. Como explica este texto do Público, «de acordo com os dados agora publicados pelo INE, o acréscimo de receita com impostos directos (que inclui IRS e IRC) foi de 4250 milhões de euros em 2013. Este resultado foi conseguido por causa do aumento das taxas, mas também com o contributo do perdão fiscal. Nos impostos indirectos (que incluem o IVA), o aumento foi de 30 milhões de euros. E nas contribuições sociais, o acréscimo foi de 1004 milhões de euros, também aqui com uma ajuda da amnistia fiscal. No total, a carga fiscal suportada pelos portugueses aumentou 5284 milhões de euros em 2013, num contributo decisivo para a evolução do défice público deste ano. A dívida pública continuou a subir. Atingiu, em 2013, os 129% do PIB, quando em 2012 este indicador foi de 124,1%.» Assim também eu.

Extraordinário(s)

João Gonçalves 30 Mar 14

Com ironia, Marcelo antecipou um epitáfio político para o prof. Maduro, presentemente nas funções de ministro adjunto. Mais. Questionou directamente o primeiro-ministro ao sugerir que, afinal, "não valeu a pena" tê-lo ido buscar a Itália uma vez que, mais do que a "trapalhada" em que se tornou a comunicação oficial, não existe coordenação política "substantiva" no governo. Neste âmbito, aliás, não se entende o porquê de um conselho de ministros extraordinário a não ser precisamente para os circunstantes se "reapresentarem" uns aos outros. E perceberem, com um módico de precisão, o que é que cada um, em primeiro lugar, e todos, a seguir, estão ali a fazer.

 

Adenda: Eventualmente existe outro secretário de Estado ao qual convém prestar atenção.

Bloom

João Gonçalves 30 Mar 14

 

Está uns bons furos abaixo de "A Angústia da Influência", de "A Invenção do Humano", de "O Cânone Ocidental", de "Como ler e porquê" ou do último, não traduzido, "A Anatomia da Influência", de 2011. Para quem se "impressiona" com essas coisas, inclui os seus (dele) portugueses "geniais" - Camões, Eça e Pessoa - e uma menção romanesca "genial", Saramago, na altura ainda viva. Mas é, sobretudo, Bloom e o seu virtuosismo crítico-literário que contam.

"Fragilização"

João Gonçalves 30 Mar 14

 

Marques Mendes costuma estar - e ser - bem informado sobre os meandros do actual poder. Por consequência, é de levar a sério a sua afirmação sobre a "comissão" encarregada de preparar medidas alternativas aos "cortes" nas pensões vetados pelo Tribunal Constitucional: «há semanas que não reúne e não fez nada.» Assim sendo, o senhor vice PM - que devia estar calado por causa do misterioso papiro da "reforma do Estado" - bem pode esperar pelo "documento" desta "comissão", a que aludiu no parlamento, embora esteja sempre a tempo de perguntar por ele ao seu colega de partido e de governo, Mota Soares, entretanto desaparecido. Leite Martins, o secretário de Estado "fonte", apesar de "muito fragilizado", nas palavras de M. Mendes, não está isolado na "fragilização". Isto não acaba aqui.

"Sair da agenda"

João Gonçalves 29 Mar 14

Faz-me impressão que uma forma de vida inteligente como a de Paulo Rangel se preste a fazer estas figuras. Primeiro, ao aceitar encabeçar uma lista politicamente medíocre ao Parlamento Europeu que, para além dele, exclusivamente pelo PSD em 2009, teve gente como Santana Lopes, Eurico de Melo ou Pacheco Pereira a encimá-la no passado. Depois, ao atacar demagogicamente uma coisa que, entre outras, faz todo o sentido debater publicamente em ambiente de eleições europeias. Até parece que Rangel, à semelhança de 2010, cobiça uma vez mais o lugar de Passos Coelho. Mas, por este caminho apenas ululante, acaba por "sair da agenda".

O "Manifesto" em petição

João Gonçalves 29 Mar 14

«Os mecanismos de reestruturação devem instituir processos necessários à recuperação das economias afectadas pela austeridade e recessão, tendo em atenção a sua capacidade de pagamento em harmonia com o favorecimento do crescimento económico e do emprego num contexto de coesão nacional. A Assembleia da República é o espaço institucional por excelência para desencadear um debate democrático alargado sobre as condições gerais a que deve obedecer a eficaz reestruturação da dívida pública. Uma deliberação da Assembleia da República sobre tais condições genéricas não será um factor de fragilidade. Pelo contrário, reforçará a legitimidade das instituições democráticas, e ao mesmo tempo, fortalecerá a posição negocial do Estado português junto das instâncias europeias. Neste sentido, e nos termos da Lei que regula o direito de petição, os peticionários pedem à Assembleia da República que aprove uma resolução recomendando ao governo o desenvolvimento de um processo preparatório tendente à reestruturação honrada e responsável da dívida, com os fundamentos constantes do manifesto: “Preparar a Reestruturação da Divida para Crescer Sustentadamente” que se anexa. Mais pedem à Assembleia da República que desencadeie um processo parlamentar de audição pública de personalidades relevantes para o objectivo em causa.»

 

Assine.

O país visto de Bruxelas e visto de cá

João Gonçalves 29 Mar 14

Mais interessante que a entrevista de Durão Barroso ao tandem Sic/Expresso - parece que não lhe desagradaria ser o Almirante Thomaz do "arquinho da governação" em 2016, apesar da negação semântica, numa fala que oscila entre a de um terceiro ministro de Estado do dr. Passos e a de um preboste "esclarecido" da troika - é esta constatação do "real" feita por Pedro Santana Lopes, ontem, no Correio da Manhã. «Há que ter a noção de que as consequências da crise que assolou o país de lés a lés fizeram sentir os seus efeitos de um modo especial, e como é lógico, nas zonas economicamente mais débeis e com um tecido económico frágil. Nas terras onde o comércio, pequeno e médio, tinha uma importância significativa parece, muitas vezes, que por lá caiu uma bomba de neutrões. Estão ruas e ruas de lojas fechadas, sem pessoas a circularem e sem esperança no rosto das suas gentes.» Ora isto só se "aprende" andando por aí, e por cá, fora dos gabinetes e das cimeiras quentinhas e inconclusivamente "decisivas" nas quais Barroso participou nos derradeiros dez anos.

Um aviso amigo

João Gonçalves 28 Mar 14

O Presidente da República deu a entender que não há condições para persistir naquilo que o secretário de Estado L. Martins - classificado como "erro" pelo fatal dr. Portas e por "ruído" pelo inocente prof. Maduro - sussurrou aos jornalistas. É, por assim dizer, um aviso amigo.

Uma verdade inconveniente?

João Gonçalves 28 Mar 14

 

O interessante neste episódio burlesco é, no fim dele, saber-se quem falou, formal ou informalmente, verdade. Um alto funcionário público como o actual secretário de Estado da administração pública - fora a maior ou menor felicidade "comunicacional", ele não tem culpa da falida "coordenação política" do executivo -, não se ia meter gratuitamente nesta trapalhada política se não tivesse alguma "cobertura". Mais do que a forma, importa, para as pessoas que não têm nada a ver com os jogos florais internos do governo, conhecer rapidamente a substância de coisas que se prendem com a vida delas: com o que é que podem, ou não, contar daqui para a frente em matéria de pensões e de salários. E que são tratadas, assim, com a insustentável leveza dos seres politicamente envolvidos nelas. Nos termos em que tudo correu, parece que, tal como em Os Maias, o relevante não era os irmãos dormirem um com o outro mas saber-se que dormiam. Aqui, não é mais "corte" ou menos "corte" que conta como tem sido amplamente demonstrado e, agora, confirmado pela "teoria do erro comunicacional" comum aos drs. Passos, Portas, Maduro e Marques Guedes. É ter-se porventura conhecido mais uma verdade inconveniente.

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