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portugal dos pequeninos

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Um país de sacanas

João Gonçalves 9 Fev 14

 

Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?
Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
para poder funcionar fraternalmente
a humidade de próstata ou das glandulas lacrimais,
para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.

Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?

Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a
justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma.

 

 

Uma geração

João Gonçalves 9 Fev 14

Ontem, pelas nove da manhã, passou mais um programa de Ana Aranha, na antena1, da série No Limite da Dor. Era com Edmundo Pedro. Contou como  foram os seus nove anos no Tarrafal. Como foram passados esses nove anos da sua juventude no Tarrafal. A seguir, cá, meterem-no no Aljube de onde, na cela minúscula, enxergava um ponto específico da Sé que lhe permitia concentrar-se no ir e vir dos pássaros, a sua "evolução". Explicava isto tudo com um sorriso permanente, audível, no optimismo juvenil dos seus noventa e muitos anos. Isto, sim, é a "mais bem preparada geração de sempre".

Um político na Rua do Ouro

João Gonçalves 9 Fev 14

Vítor Gaspar é o primeiro dos ex-minstros do governo Passos Coelho a "explicar-se" em forma de livro, a partir de uma sequência de entrevistas com Maria João Avillez. Gaspar marcou indelevelmente o ritmo do XIX governo constitucional até ao dia 1 de Julho de 2013. Porventura antes desse dia em que apresentou formalmente a demissão, Gaspar já estaria "mentalmente" fora do barco. Nunca fora particularmente estimado pelos seus colegas nem tão pouco pelo Doutor Cavaco. "Tutelava", na prática, o primeiro-ministro a quem acabou por reconhecer não possuir "estofo" para suportar o "fardo da liderança". Traduzido para português, Gaspar "viu" que Passos Coelho precisava mais de "política", mesmo a pior, do que dele, o rosto do "enorme aumento de impostos" e da austeridade. Isto é, que, para manter as aparências, precisava de o sacrificar à politiquice de Portas. Portas foi promovido, arranjou um palácio para se instalar e anda pelo mundo atrás de empresários e dos negócios destes para aparecer na fotografia. Quanto aos pensionistas e contribuintes, públicos e privados, cujas almas ele encomendou ao Diabo a troco de pratos de pernil de porco preto que fazem sucesso em Caracas, foi-lhe cobrado moderação e silêncio complacentes salvo para impressionar totós políticos como o sr. Rajoy. Chamam a este enjoativo empadão "coordenação económica". Todavia Gaspar viu-se "vingado" no orçamento em vigor que mantém o fundamental do seu "programa" com as nuances (que ele não permitia) exigidas pelo calendário eleitoral e pelo estúpido relógio do Caldas. Terá todos os defeitos do mundo mas não é nem um oportunista nem um medíocre, duas espécies entretanto muito em voga na "zona de conforto" da maioria. Escreveu, com ironia e sem humildade, que falhou. As mesmas qualidades com que, decerto, contempla do seu gabinete da Rua do Ouro a "herança", ou a "massa falida", que persiste em nos pastorear.

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