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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

O tigre de papel

João Gonçalves 5 Fev 14

No dia em que o Presidente da República afirmou que a aposta na qualificação e na educação das pessoas deve continuar, independentemente dos "paradigmas", o velho maoísta Nuno Crato "recordou" velhos combates através de velhas expressões que, por acaso, se lhe aplicam como uma luva. Não passa de um tigre de papel.

Necedade e necessidade

João Gonçalves 5 Fev 14

Entre desempregados e inactivos, independentemente do sobe e desce estatístico-político, há um milhão e cem mil pessoas. Só alguém em estado de necedade é que não entende este estado de necessidade.

 

Adenda de quinta-feira: «Quando sai um número que pode ser interpretado como positivo, mesmo que muito fora do contexto, como aconteceu com a pequena baixa da percentagem de desemprego, há seis ministros e secretários de Estado que vêm todos falar no mesmo dia. Há um efeito multiplicador quando os órgãos de comunicação social, em particular a televisão, passam, um atrás do outro, a mesma declaração preparada pelos assessores de comunicação do Governo. Gera-se assim uma impressão de unanimidade e indiscutibilidade, que a comunicação social acaba por repetir como um adquirido. Quando sai um número considerado negativo, como o facto de a divida estar muito acima do que se previa e estava acordado com a troika, há um silêncio mortal. Assim, quem falar estará sempre solitário, parecendo remar contra a maré. A comunicação social pode dar-lhe voz, mas isola essa voz. É assim que se fazem as coisas.» (José Pacheco Pereira, revista Sábado)

Conversa acabada

João Gonçalves 5 Fev 14

 

O antigo Director Geral das Artes de Gabriela Canavilhas - nessa altura prodigalizou uma original epoché da sua condição de militante do PSD para não desagradar àquela com quem disputa uma divertida acrimónia mútua -, Jorge Barreto Xavier, que presentemente ocupa as funções de Secretário de Estado da Cultura (SEC), apareceu ontem aos jornalistas na Ajuda para falar do "assunto Miró". Sem ironia (porque ele advertiu os jornalistas que não estavam ali para ironizar mas apenas para fazer perguntas), Xavier dissertou abundantemente sobre o iter Lisboa-Londres da colecção que pertence ao Estado português sem nunca ter conseguido explicar tamanha odisseia (num magnífico "passa-culpas", a Parvalorem, que neste caso "faz" de SEC, aponta o dedo à leiloeira). De manhã, um tribunal declarou "manifestamante ilegal" o procedimento do governante sobre a matéria mas Xavier escudou-se nas finanças, e na empresa criada para "acomodar" a lixeira BPN, para defender que o que importa é vender activos da dita lixeira (pelos vistos Xavier acha que os oitenta e muitos quadros de Miró são coisas que se podem perfeitamente juntar a créditos que a Parvalorem detenha sobre entidades e gente que deviam estar policialmente recolhidas). Reafirmou-o, depois, numa entrevista à tvi24. Ou seja, na cabeça do responsável político pela cultura (o senhor PM,  de quem Xavier depende directamente, não teve uma palavra para "apoiar" o seu secretário de Estado porque estava entretido, como sempre está, a dissertar sobre a dívida e um misterioso excedente orçamental que a há-de pôr em ordem algures num tempo infinito) é tudo matéria das finanças e de "ajudar" a tapar o buraco do BPN. Não se entende, por consequência, por que é que ele é SEC. Não poderia antes ser mais um membro da equipa das finanças? É que o lastro do seu desempenho nem sequer deve ser avaliado especialmente por este lamentável episódio. Começou mal quando, também a propósito de arte pictórica, colocou, por portas e travessas, em xeque o seu antecessor, sem razão fundada para tal, a não ser "rasurar" o mais rapidamente possível o passado recente. Depois tem vindo a revelar um autoritarismo parvenu na sua relação com os dirigentes dos diversos equipamentos culturais que levou a que alguns deles pedissem para sair (por exemplo, a directora- geral do património escolhida por ele ou o competente director do São Carlos, João Villa-Lobos, que se encontra demissionário). Agora, naqueles fatídicos dez minutos na Ajuda, Barreto Xavier assinou por baixo a sua invisibilidade política que confirmou em entrevista subsequente. A coisa sobra para Passos Coelho que até pode nomear o seu fiel assessor de imprensa para o cargo pois supõe-se que este, ao menos, saiba "tratar" com os jornalistas. Porque o património cultural, em sentido amplo, pesa pouco nesta conversa. Acabada, para B. Xavier, mesmo que ele continue.

 

Adenda: O senhor primeiro-ministro devia ter um assessor cultural que, pelo menos, o aconselhasse a não dizer certas coisas. Mas cada um é para o que nasce. Ou não.

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