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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 23 Jan 14
«De António Nobre partem todas as palavras com sentido lusitano que de então para cá têm sido pronunciadas. Têm subido a um sentido mais alto e divino do que ele balbuciou. Mas ele foi o primeiro a pôr em europeu este sentimento português das almas e das coisas, que tem pena de que umas não sejam corpos, para lhes poder fazer festas, e de que outras não sejam gente, para poder falar com elas. O ingénuo panteísmo da Raça, que tem carinhos de espontânea frase para com as árvores e as pedras, desabrochou nele melancolicamente. Ele vem no Outono e pelo crepúsculo. Pobre de quem o compreende e ama! O sublime nele é humilde, o orgulho ingénuo, e há um sabor de infância triste no mais adulto horror do seu tédio e das suas desesperanças. Não o encontramos senão entre o desfolhar das rosas e nos jardins desertos. Os seus braços esqueceram a alegria do gesto, e o seu sorriso é o rumor de uma festa longínqua, em que nada de nós toma parte, salvo a imaginação. Dos seus versos não se tira, felizmente, ensinamento nenhum. Roça rente a muros nocturnos a desgraça das suas emoções. Esconde-se de alheios olhos o próprio esplendor do seu desespero. Às vezes, entre o princípio e o fim de um seu verso, intercala-se um cansaço, um encolher de ombros, uma angústia ao mundo. O exército dos seus sentimentos perdeu as bandeiras numa batalha que nunca ousou travar. As suas ternuras amuadas por si próprio; as suas pequenas corridas de criança, mal-ousada, até aos portões da quinta, para retroceder, esperando que ninguém houvesse visto; as suas meditações no limiar; ...e as águas correntes no nosso ouvido; a longa convalescença febril ainda por todos os sentidos; e as tardes, os tanques da quinta, os caminhos onde o vento já não ergue a poeira, o regresso de romarias, as férias que se desmancham, tábua a tábua, e o guardar nas gavetas secretas das cartas que nunca se mandaram... A que sonhos de que Musa exilada pertenceu aquela vida de Poeta? Quando ele nasceu, nascemos todos nós. A tristeza que cada um de nós traz consigo, mesmo no sentido da sua alegria é ele ainda, e a vida dele, nunca perfeitamente real nem com certeza vivida, é, afinal, a súmula da vida que vivemos — órfãos de pai e de mãe, perdidos de Deus, no meio da floresta, e chorando, chorando inutilmente, sem outra consolação do que essa, infantil, de sabermos que é inutilmente que choramos.»
Fernando Pessoa, 1915
João Gonçalves 23 Jan 14
Trinta e cinco vírgula cinco - 35,5 - por cento de aumento da receita proveniente do imposto sobre o rendimento das pessoas, apenas em um ano, é uma "revolução". Colossal.
João Gonçalves 23 Jan 14
1. Quando soube da criação da Cresap, escrevi um post que me valeu, na altura, uma admoestação de quem de direito. De vez em quando noto que o seu presidente concede entrevistas e que (reconheço-o sem problemas até por causa do dito post), nessas entrevistas e em alguns casos concretos que vieram a público, tem sido intelectualmente honesto quanto ao "desenvolvimento" do seu trabalho. Por isso, e por causa dos "procedimentos", não me surpreende que apareçam coisas como estas. Na abertura do último congresso do PSD, em 2012, o seu presidente e primeiro-ministro insistiu muito na "tecla" da "independência" na escolha de altos dirigentes da administração pública e derivados pela circunstância de essa escolha estar nas mãos de um "independente". Mais de um ano depois desta estranha insistência louvaminheira, procurei saber de quem é que tinha partido a "ideia" da Cresap. Pela resposta, percebi que teria sido uma "imposição" politicamente correcta do tão amado "arco da governabilidade", muito antes do extraordinário "acordo" do dr. Seguro para a "reforma do IRC". Se calhar, porém, agora se não há "consensos" para umas coisas, então o melhor mesmo é não haver para outras. E, daí, isto. Vivemos tempos do Diabo.
2. «Quando verificamos que na própria Europa a pobreza se dissemina como um vírus, percebemos que hoje não faz sentido falar de "Terceiro Mundo", porque esse é o único mundo que existe...O relatório conta-nos que 85 super-ricos possuem a riqueza correspondente à da metade mais pobre da população mundial. Isso responde à pergunta formulada por Almeida Garrett em 1846, nas Viagens na Minha Terra: "E eu pergunto aos economistas, políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?" Em 2014, um super-rico custa a miséria de 41 176 000 infelizes...» Vivemos tempos do Diabo.
3. «Não vale a pena haver ilusões sobre a existência de margens ou não margens.» Vivemos tempos do Diabo.
4. «As yields das Obrigações do Tesouro (OT) no prazo a 10 anos voltaram a subir acima dos 5% no mercado secundário. A linha foi ultrapassada às 16h, segundo dados da Investing.com. Ontem tinham fechado em 4,89%.» Vivemos tempos do Diabo.
5. O prof. Crato persiste ministro. Vivemos tempos do Diabo.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...