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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Portugal em transe e a "direita"

João Gonçalves 17 Jan 14

 

Com Portugal em transe, este texto de António Araújo, no Malomil, tenta perceber "a direita portuguesa contemporânea" naquilo que o autor titula de "itinerários socioculturais" da dita cuja a partir dos anos 80. Para quem passou por alguns desses "itinerários", ou sobretudo não, indispensável.

"Quando o disparate ferve"

João Gonçalves 17 Jan 14

 

O dr. Lima, à Horta Seca, não quer bolsas para investigação "fora da vida real". O que será a "vida real" para esta pobre criatura? Será um mundo sem pessoas ou com elas descerebradas? Um mundo cibernético e marialva onde os descerebrados da "vida real" intervalam uns minutos para beber umas bejecas no "mercado"? Um mundo sem estética, sem livros (que horror), sem curiosidade cultural e científica, isto é, sem "humanidades" ou património, e apenas com "plataformas tecnológicas" onde se possa fazer cocó reciclável para exibir em feiras de "empreendedorismo e inovação" juntamente com pernil de porco? O próprio dr. Lima não estaria disposto a abdicar de si mesmo para dar lugar a uma máquina que viva no "conforto" da única "vida real" que conhece, a das "empresas", como se a sua actividade sináptica fosse meramente facultativa? Nada que espante já. Como escreve Vasco Pulido Valente no Público, «o dr. Nuno Crato apareceu numa conferência de imprensa conjunta com o dr. Pires de Lima. Nessa conferência os dois resolveram falar sobre “empreendedorismo e inovação”. Tanto um como o outro falaram com entusiasmo da colaboração entre a ciência e a economia: prometeram 50 milhões de euros, uma série de programas de utilidade duvidosa e um esforço para mandar infinitos doutorados para empresas de grande futuro. Mas, como bons burocratas que são, e nunca deixarão de ser, anunciaram também a sua coroa de glória: a criação de uma “agência interministerial” para se ocupar do assunto; o que significa evidentemente mais funcionários, mais conselheiros, mais secretárias, mais despesa e por aí fora.    Claro que, se o “presidente” ou “director” desta original loucura tiver um resto de juízo, manda ao sr. Pires de Lima e ao sr. Crato uma cartinha, aconselhando este excelentíssimo par a devolver as bolsas a quem as tirou e pedindo respeitosamente a sua demissão. Mas, como uma criatura destas não é fácil de encontrar em Portugal, só nos resta, para nos divertir, fazer listas comentadas das contradições destes cavalheiros e de Passos Coelho e Portas, que os deveriam vigiar. Verdade que o tempo não está para risotas, sobretudo num caso destes. De qualquer maneira talvez não deixasse de confortar os portugueses compreender a inteligência e a subtileza de quem os pastoreia. Quando o disparate ferve, convém estar preparado para qualquer emergência.»

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