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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

A dívida come-se?

João Gonçalves 9 Jan 14

A operação com a dívida pública foi um "sucesso"? Foi. Os juros pagos por ela também foram um "sucesso"? Não. O primeiro-ministro acha que os portugueses, particularmente os pensionistas, merecem uma palavra da sua parte no dia em que isto coincide com um orçamento rectificativo mais austeritário, depois de "recalibrado" e mal explicado (o cidadão médio saberá o que quer dizer "I.A.S"?)? Não. Pelo contrário, o primeiro-ministro só sabe recorrer à língua de pau do "regresso a mercado" como se as pessoas não existissem ou apenas degustassem dívida a título de pão com manteiga.

O tempo, esse estranho escultor

João Gonçalves 9 Jan 14

 

«Como explicou Maggie Jackson no seu magnífico livro Distracted: The Erosion of Attention and the Coming Dark Age, a aceleração provoca a erosão da nossa capacidade de atenção, seja de concentração em algo, seja em relação às mudanças que ocorrem à nossa volta, seja ainda de adaptação a essas alterações. É a aceleração que multiplica simultânea e contraditoriamente todos os tipos de apelos de urgência, estropiando o tempo de reflexão indispensável à decisão esclarecida e eficaz nos domínios económico, social ou político. A aceleração dilui a percepção do tempo, condenando-nos a viver numa espécie de presente perpétuo que toma a forma de uma "actualidade" (os telejornais são um bom exemplo) em que os acontecimentos se multiplicam na razão inversa da compreensão do seu sentido. E em que a proliferação de pontos de vista tem como principal efeito o de privar o homem contemporâneo de qualquer perspectiva consistente sobre o que quer que seja. É por isso que a urgência e a inacção acabam por combinar tão bem! São elas que impõem em todas as vertentes da vida contemporânea o curto-termismo, que é o traço que melhor define a mutação radical que ocorreu na nossa relação com o tempo, obscurecendo qualquer horizonte onde se possam instalar verdadeiros projectos de vida, individuais ou colectivos, fragilizando todos os processos de deliberação fundamentada, bloqueando a atenção à complexidade das sociedades contemporâneas e impondo-lhes um registo de instantaneidade e de imediatismo de resultados decepcionantes.»

 

M.M. Carrilho

Por que não?

João Gonçalves 9 Jan 14

Um dia destes, Vasco Pulido Valente resolveu escrever que o actual inquilino da Horta Seca tinha devolvido "dignidade" não sei a quê ou a quem - presumivelmente aos portugueses, venerandos e obrigados por tamanha honra - apenas com a sua magnífica presença no governo remodelado em Julho de 2013. O próprio articulista reconhecia que, apesar de não saber nada dos seus feitos em meio ano, só a citada "dignidade" justificava imediatamente a distinção. Teria ele em mente a aparição da pessoa em causa em algumas "revistas" televisivas de 2013 em que surgia a entrar num automóvel à porta do Caldas e dizer aos jornalistas que, sic, "tenho de ir vender umas cervejas"? Talvez inspirado por este egrégio elogio da "dignidade", e mesmo sem ter nada a ver com aquilo que em princípio o levou para o governo - a economia -, o dr. Lima veio agora afirmar que o "seu" dr. Portas daria um belo candidato a Belém. Não deixa de ter algum propósito. O presidente do CDS é uma espécie de Tutankamon das lideranças partidárias. É mais "velho" que Jerónimo de Sousa, por exemplo. É um reputado especialista, e bem sucedido, em metamoforses e mistificações. Tem tanto de insondável como de irrevogável. É adorado na tribo e sabe adiantar ou atrasar relógios conforme as suas necessidades políticas. Manda, por sinal, nas Necessidades onde se arrasta um fantasma que ele ignora. Possui uma legião de vassalos complacentes na comunicação social. Por que não?

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