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portugal dos pequeninos

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Os neo jacobinos

João Gonçalves 11 Out 13

 

A partir de meados de 1912, se não mesmo desde o início, Afonso Costa não mais escondeu ao que vinha. No parlamento declarava: «é preciso que eles sintam que nós iremos até onde for preciso.» O "eles" era praticamente o país inteiro. Pouco tempo depois, o pobre médico e um dos ícones do regime, António José de Almeida, passou a ser intermitentemente sovado nas ruas e safou-se por pouco de um linchamento no Rossio perpetrado pelos radicais de Costa (os deputados do PSD que se acautelem quando andarem pelo país a explicar o inexplicável Orçamento). Se relembro estes episódios tristes da nossa vida contemporânea é porque, sem bombas, armas e, por enquanto, pancada, o governo do chamado "novo ciclo" - e, sobretudo, o seu chefe nominal - segue o "princípio" do ditador jacobino: ir até onde for preciso e, preferencialmente, de maneira a que todos (eles) sintam isso sem um murmúrio. Os esbulhos que se anunciam, sem desenho, com desenho ou em banda desenhada e que vão acrescentar-se aos já em vigor; a possibilidade não desmentida de a "nova forma de financiamento da RTP" implicar um aumento da contribuição audiovisual na factura da electricidade de cada um (quando Miguel Relvas, em resposta ao então deputado Mesquita Nunes do CDS, afirmou que ela não seria aumentada durante a legislatura: agora jura-se, em obediência ao verdadeiro "patrão" político da televisão pública desde Outubro de 2012, o dr. Portas, que a RTP não será privatizada, engolindo o PSD de Passos a sua "posição" sobre a matéria em definitivo); a farsa pirrónica do vice PM sobre a ausência de mais medidas de austeridade quando, na prática, é o avalista político dos compromissos da 7ª avaliação e da carta do PM, de Maio, aos credores; um ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros que, segundo um ilustre e conspícuo militante do CDS, mina a autoridade moral e a credibilidade de um Executivo que pede "sacrifícios" e esfola praticamente vivo o país todos os dias; um esplendoroso e salvífico ministro Lima da economia que não existe e cala-se perante a avalanche do financismo austeritário que agora leva a chancela do presidente do seu partido, etc., etc., representam, afinal, formas de um neo jacobinismo sem o "brilho" retórico e a manha retorcida de Afonso Costa e dos seus, apesar das "parecenças" perversas e só aparentemente contraditórias do dr. Portas. Cavaco Silva comprometeu-se inexplicavelmente com esta bagunça institucional e política ao permitir que ela tomasse posse em Julho. E fosse pateticamente resumida no talk show de quarta-feira na RTP. Não admira que Passos Coelho, uma vez mais, aceite "trair" Miguel Relvas consentindo no aumento da "taxa" sem quaisquer contrapartidas quanto à qualidade do serviço público de rádio e televisão. No fundo, é mais um preço a pagar por todos relativo aos joguinhos miseráveis de poder dentro da coligação. Aliás, a RTP é um dos sintomas desse "jogo das cadeiras" entre as duas "cabeças pensantes" que mandam no governo e na maioria. Nem nisso, porém, chegam aos calcanhares de Afonso Costa. Este sempre estava preparado intelectualmente para personificar uma tirania que não desejava "carneiros" a confirmar a república.  Qual é, todavia, a diferença entre a maneira como Costa "via" o "povo" e aquela como a dupla actual "trata" o "povo"? Os "carneiros"?

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