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portugal dos pequeninos

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NÃO HÁ VACAS SAGRADAS

João Gonçalves 21 Nov 10


Numa conferência qualquer, com três sibilas do regime - Cravinho, Barreto e Rui Rio -, este último deu como exemplo da desconsideração pela classe política a alegada conivência com ela (a desconsideração) por parte dos tribunais, especialmente o da Relação do Porto que, em tempos, não permitiu que se condenasse um jornalista que, em artigo, lhe chamou "energúmeno". Rio julga que o epíteto não pode ser dirigido ao pessoal político. Engana-se. Como escrevi na altura, «pretender que existem vacas sagradas só porque são eleitas é um mau sistema. Nem as vacas são sagradas - não existe tal - nem a circunstância da eleição representa bondade de per si. O regime - do topo às juntas de freguesia - está prenhe de gente irrelevante, medíocre e esquecível que não o deixa de ser tal por ter sido eleita. Não é o caso de Rui Rio o que lhe confere maiores responsabilidades em não espremer esta teta seca. A liberdade de expressão, a crítica e a acrimónia fazem parte do pacote democrático.» Se Rio não percebe esta evidência, meta explicador ou desista de fazer política.

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Há uma linha de Verlaine que não mais recordarei,
Há uma rua próxima vedada aos meus passos,
Há um espelho que me viu pela última vez,
Há uma porta que eu fechei até ao fim do mundo.
Entre os livros da minha biblioteca (estou a vê-los)
Algum existirá que já não abrirei.
Este verão farei cinquenta anos;
A morte, incessantemente, vai-me desgastando.


Jorge Luis Borges traduzido por Ruy Belo

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GRANDEZA

João Gonçalves 21 Nov 10



Bellini, La Sonnambula. Os intérpretes dispensam apresentação. Sydney, 1983.

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OUVIDO NA RÁDIO

João Gonçalves 21 Nov 10


Ontem, na rádio, passava um programa com Maria José Mauperrin como entrevistada. Ela e Aníbal Cabrita geriram, há anos, o Café Concerto na antena1. O Café Concerto costumava convidar alguém durante a semana e, no último programa, esse alguém respondia aos ouvintes, pareceu-me. Pude recordar, ao vivo e a cigarros (ainda se era livre de fumar), Cardoso Pires e Vergílio Ferreira. E Maria José contou uma história. Um outro convidado, Jorge Listopad, numa altura em que vivia nos arredores de Paris, um dia precisou com urgência de um médico para as suas duas filhas pequeninas. Disseram-lhe que havia ali perto um a cuja porta Listopad bateu. Ouviu um arrastar de passos e um homem abriu-lhe a porta. Listopad perguntou-lhe se era médico. O interlocutor confirmou. Listopad descreveu sumariamente o estado crítico das meninas e pediu ao médico que o acompanhasse para as ver. O médico recusou com sólido argumento irrespondível - não podia deixar o cão sozinho em casa. Era o dr. Louis-Ferdinand Destouches. Mais conhecido por Céline.

Adenda: Não sei se o Pedro Rolo Duarte e o João Gobern, que seguiam no alinhamento com o seu Hotel Babilónia, ouviram isto. Se não ouviram, deviam ter ouvido para aprender como é que se faz. Imagino que ainda haja por aí um ou dois vivos que valham a pena sem se cair na tentação enfadonha da mesmice autocomplacente. (E, sim, já sei que já estive com muito prazer no Hotel Babilónia).

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DAR CAVACO

João Gonçalves 21 Nov 10


Um lamentável erro do gmail remeteu para spam os comentários dos últimos dias. Penso que que já estão todos repostos. Mesmo os que, lidos, não passam de spam. Dito isto, concordo com o Paulo Pinto Mascarenhas (de novo). É preciso "dar" Cavaco aos portugueses. Não haver outdoors é uma coisa. Criar um limbo, livre de polémica, contraditório e algum debate, é outra. As eleições presidenciais ocorrem dois dias após uma fatia substancial do eleitorado - e excelentíssimos familiares com direito a voto - ter sofrido directamente na carteira o famoso "combate" à crise. É o suficiente para ficar em casa a fazer contas e a ler Rimbaud. A abstenção e a indiferença serão, como nunca, uma tentação. Mas, enfim, quem tem de pensar nestas coisas que pense. Eu não passo de um crítico (ligeiramente farto de tudo), nas palavras de uma personagem famosa de Shakespeare.

Adenda (de um leitor devidamente identificado): «Há cinco anos, a ausência de debate, de qualquer tipo de debate por parte de Cavaco resultou na diminuição de intenções de voto nas últimas semanas de campanha. Em democracia é complicado adoptar sempre a posição em que Cavaco se coloca. Neste momento já está a ser alvo de inúmeros ataques por causa dessa falta de presença conflitual no espaço público, que é essência da democracia. Não só acho mal, como acho que faz mal ao candidato: quem não participa no espaço público não se defende dos ataques. E esses ataques podem ir dando resultado no eleitorado, pois o candidato atacado não lhes responde, deixando parte dos seus próprios eleitores desnorteados. Daí que possa perder votos numa campanha viva e debatida... entre os outros candidatos e no espaço público e mediático. Os votos que possa perder por adoptar esta estratégia de comunicação-não comunicativa serão menos do que os que ganha? Não sei. Mas pode estar aí a diferença entre uma e duas voltas.»

A LUZ E AS VERDADEIRAS TREVAS

João Gonçalves 21 Nov 10


Ia escrever qualquer por causa da estupidez recorrente da jacobinagem mais primitiva, mas o Paulo, reproduzindo o "original", começa e acaba com o assunto.

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