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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

O PAÍS DE SÓCRATES

João Gonçalves 26 Set 10

«O meu país é um país que acredita no primado do direito», disse o regedor nas Nações Unidas. Deve ser um país dele. Exclusivamente dele. Que não existe.

UM PRESIDENTE NUM CONTEXTO "SEMI"

João Gonçalves 26 Set 10


Escreve Vasco Pulido Valente: «O que admira é que os constituintes, por espírito republicano e parlamentar (e, argumentam eles, para evitar uma nova ditadura), tenham diminuído até à inexistência prática o papel do único magistrado da nação com legitimidade pessoal. Isto não veio do "estrangeiro" ou é o resultado do parasitismo de Estado tão tradicionalmente indígena. Isto demonstra o ódio atávico do país a toda a forma de autoridade e a sua velha persistência em impedir que alguém verdadeiramente mande nele. Na pior crise do Portugal contemporâneo, andamos por aí sem rei, nem roque. Cavaco não conta. E o nosso destino passou para as mãos de um principiante sobre o imaturo e de um funcionário do PS iletrado e cego, que se chama Sócrates. Mas nós gostamos.» Como eu não gosto, há aqui três coisas. A primeira - e é o que se tem defendido persistentemente neste blogue - consiste em acabar com este regime "semi" tudo e "semi" nada que nos conduziu a isto juntamente com a endémica periferia típica de pobres materiais e de espírito. A segunda, é que, neste contexto "semi", agravado pelo comportamento irresponsável dos partidos (todos, uns mais do que outros, mas todos) e pelo analfabetismo funcional do poder executivo e parlamentar (até há menos de um ano absoluto, convém não esquecer), o PR funciona como um estabilizador. Cavaco não impediu o governo de governar e de ser "julgado" pelo "povo" da mesma maneira que não cerceou ou impeliu a oposição a fazer o que quis e com quem quis. O resultado do "julgamento " popular foi, repito, há um ano e o presidente não foi ouvido nem achado nele. Cavaco não é Soares e, por consequência, não "conspira". E Soares, como é fácil recordar, fez do chavão "moderador e árbitro" uma gloriosa metáfora, não impedindo, mesmo com todas as "conspirações" do mundo, duas maiorias absolutas que lhe eram politicamente adversas ou um governo minoritário do seu partido de origem. Se Cavaco se tivesse "resignado", no ambiente "semi" em que vive e que jurou cumprir, não tinha dito o que foi dizendo ao longo deste mandato. Todavia, ao contrário de Sócrates e de outros distintos oficiantes da nomenclatura e da propaganda, Cavaco não parou no tempo, em 2007, antes da crise, como se nada se tivesse passado entretanto. Basta lê-lo e ouvi-lo. Podia ter feito mais e diferente? Podia. Como nós podíamos ter feito há um ano nas eleições legislativas e, como se nota, não fizemos. Resta uma terceira coisa. A reeleição de Cavaco tem, por tudo isto e neste famoso contexto, uma importância que não tiveram as reeleições de Soares ou de Sampaio (excluo Eanes porque os poderes presidenciais em 1980 eram outros que muitos dos que agora mordem as canelas de Cavaco - VPV, "político" ao tempo, incluído - não descansaram enquanto não os removeram: talvez por isso seja intelectualmente mais honesto sugerir um mandato único mais longo). Basta pensar no candidato que já por aí anda e que, no dizer das sondagens, é o que está menos afastado de Cavaco apesar das distâncias. Esse candidato é apoiado oficialmente pelo PS fascistóide de Sócrates e pelo delirante Bloco do dr. Louçã, do sr. Fazenda e da D. Drago. É possível alguém com dois dedos de testa resignar-se a isto?

UM REGEDOR EM NOVA IORQUE, 2

João Gonçalves 26 Set 10

O regedor passou por Nova Iorque e talvez corra, a esta hora, na Vasco da Gama. Lá ameaçou demitir-se. Nova Iorque não é Sacavém. Tal como a realidade não é a cabeça do funesto regedor. Ela avança, mesmo sem esperar pela segunda-feira que, pelos vistos, será negra. A situação é excelente, como referia o desdentado Mao, de lenço ao pescoço, contemplando os destroços da velha China.

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