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portugal dos pequeninos

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UM MINISTRO A PRECISAR DE APERFEIÇOAMENTO

João Gonçalves 15 Set 10


«O processo Casa Pia arrastou-se durante muito tempo porque era de especial complexidade. Esta lata de cerveja demorou doze (12) anos a ser resolvida porque também era muito complexa.» A nota de Filipe Nunes Vicente responde à locução vazia do ministro da justiça, uma coisa em que ele, Alberto Martins, gongoricamente (não saberá linguagem comum?) confia e que, mergulhado em centenas de inúteis comissões, pretende "aperfeiçoar". Porventura em "complexidade" que foi só o que se fez nos últimos anos criando a mais metódica insegurança jurídica e legislativa de que há memória. Em Portugal e em português, "aperfeiçoar" denota normalmente o contrário do que o verbo significa. Tal como a palavra "justiça". Uma das razões pelas quais somos periféricos reside na justiça. Nas eleições presidenciais, para variar, podiam pensar nisto.

O REBOTALHO

João Gonçalves 15 Set 10

O brilhante Passos, junto do não menos brilhante professor Seara (da bola e, nas horas vagas, edil em Sintra), defendeu a regionalização. Falou numa "região-piloto" para experimentar a coisa. Volta não volta, aparecem uns prosélitos com a conversa da regionalização que é o que mais falta nos anda a fazer. Acontece que Passos pretende substituir Sócrates e, para isso, qualquer rebotalho que agrade aos caciques locais serve. O da regionalização está sempre a jeito. Que imaginação prodigiosa.

ESQUIZOFRENIA ALEGRISTA

João Gonçalves 15 Set 10


De um lado, isto. Do outro (dos outros), uma sessão de propaganda na universidade do Porto em que alunos do Bloco fizeram o seu número de circo contra o governo presente nas pessoas do inútil Gago e do "todo-o-terreno" Sócrates. Na mesma sala, afinal, estavam apoiantes de Alegre contra apoiantes de Alegre. Também Assis passou um atestado de ignorância comunitária ao seu candidato por causa do alegado "visto prévio" de Bruxelas (da Alemanha) aos orçamentos periféricos, matéria em que Alegre (que não sabe nada de nada) alinha com o Bloco. Quando tiverem de se juntar todos ao triste bardo (e o triste bardo a eles para atenuar a humilhação), como é que vai ser?

UM GRANDE PAÍS

João Gonçalves 15 Set 10


Contrariamente a esta choldra onde pululam césares e pusilânimes de trazer por casa, a França é, por mérito próprio, um grande país. Complexo, contraditório e luminoso como tudo o que é grande deve ser. Ontem, uma missionária da comissão europeia foi buscar o infalível "argumento" da 2ª guerra mundial para ameaçar a França com tribunais e mais não sei quê por causa da expulsão da ciganada romena e búlgara, em situação ilegal, de solo gaulês. Respondeu-lhe, à altura, um mero secretário de Estado. «Roissy, ce n'est pas Drancy (...). Ce genre de dérapage n'est pas convenable. Sa passion a sans doute dépassé sa pensée. (...) La patience a des limites, ce n'est pas comme cela que l'on s'adresse à un grand Etat.» E o ministro da imigração foi ainda mais claro. «D'ordinaire, elle est plus pondérée. Elle dérape, elle utilise une expression qui est à la fois choquante, anachronique et qui procède d'un amalgame.» Os socialistas franceses no activo- quase tão cretinos como os nossos não fosse o caso de alguns deles saberem ler e escrever muito bem -, pela voz da senhora Aubry (a rever certamente o PSF ao espelho), sugerem que «l'image de la France est abîmée, pas seulement en Europe d'ailleurs.» Nada disto tem a ver com os ciganos, evidentemente, mas antes com as presidenciais de 2012. Sarkozy é uma desilusão política (não por causa desta parvoíce) e simultaneamente um osso duro de roer que não deve ser subestimado. Todavia, e é esse o ponto, um "grande Estado" como a França está acima destas personagens todas de circunstância e desta ridícula amálgama promovida pela correcção global. Aqui estamos todos muito bem uns para os outros porque grandes é coisa que nunca fomos nem seremos.

SÓ À BOFETADA

João Gonçalves 15 Set 10


António Ribeiro Ferreira, em poucas palavras, disse o que era preciso dizer do pequeno biltre dos Açores, supostamente um dos sessenta e nove concorrentes à sucessão de Sócrates. «Carlos César, o socialista alegre dos Açores, meteu-se outra vez em bicos de pés e desatou a gritar uns impropérios contra o Presidente da República. Homem habituado a dar o peito às balas, como se sabe, com uma bravura notável para assumir riscos impensáveis ao comum dos mortais, ressabiado pelo chumbo óbvio de um estatuto da região parolo e terceiro-mundista, acusou Cavaco Silva de ser uma pessoa sem coragem. Coisa grave se fosse para ser levada a sério. Mas não. A tal cobardia resumia-se ao facto de ainda não ter anunciado a sua recandidatura a um novo mandato em Belém. Mas este pobre Tarzan das ilhas até podia ter razão. São tantas as asneiras que lhe saem pela boca fora que merecia um bom par de bofetadas. E para isso, sim, é preciso alguma coragem.» Vindo dos Açores, salvo duas ou três excepções, este regime não produziu nada de especial. Mota Amaral não conta porque já vinha do outro. Praticamente só sobra o José Medeiros Ferreira que está no bom código genético (sim, há um bom como em tudo o que não quer dizer que tivesse tido sucesso) desta exaurida "situação". César foi uma prenda de Mota Amaral ao país quando decidiu entregar o ouro a quem há muito está designado. Governa as ilhas como um déspota (não esclarecido porque é um abjecto cacique arvorado) e "especializou-se" em "anti-cavaquismo" por causa do seu patético "estatuto" de opereta. É pouco mais que boçal. Como diz o António, só à bofetada.

UMA HOMENAGEM

João Gonçalves 15 Set 10


Conheci o Francisco Ribeiro há muitos anos, ainda ele pertencia aos originais Madredeus. Era o violoncelista do grupo, porventura com os Heróis do Mar e os Sétima Legião, do melhor que uma determinada música portuguesa contemporânea conseguiu produzir. Trocou o direito precisamente pela música. Saiu daqui. Regressou. Tinha editado uma coisa dele, nova, no final do ano passado. A morte estupidamente prematura, ontem, não lhe permitiu prosseguir esse projecto que apelidou de Desiderata, a junção do bem. O disco tinha por epígrafe os primeiros versos de um poema de Max Ehrmann: «Go placidly amid the noise and the haste,/ and remember what peace there may be in silence.» Fernando Gil, no livro do post anterior, dizia que os antigos associavam a filosofia a uma arte de morrer. Uma bela, cruel e silenciosa arte. Adieu.


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