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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

DA CONSCIÊNCIA

João Gonçalves 29 Ago 10


«Não sei se quem escreveu esta trampa tem consciência do que escreveu», diz Carlos Vidal a propósito da trampa que transcreve. Com o devido respeito, subsiste a questão prévia. A da consciência. Esse ser terá uma? Ou, no limite, os seus alvos braços conseguirão alcançar uma cabeça no lugar onde elas costumam estar?

A CERTEZA

João Gonçalves 29 Ago 10

Louçã "dá-me a certeza" - estou a citar o pernóstico evangelista dos "últimos dias da esquerda", seu entusiástico e praticamente único apoiante - que Manuel Alegre jamais será presidente da República.

O DIREITO DOS MONSTROS SEM PESCOÇO

João Gonçalves 29 Ago 10


Na peça de Tennessee Williams, Cat on Hot Tin Roof, logo no início, há um momento em que a tia (no filme, Elizabeth Taylor) apelida os sobrinhos (o marido e tio, no filme, é Paul Newman) de pequenos monstros sem pescoço ("neckless monsters", no original). O direito a ser um monstro sem pescoço é um direito humano. Se os meninos querem comer batatas fritas com maionese com carne moída de forma redonda, seguidas por quatro bolas de gelado, é um direito humano preservável idêntico ao de beber três litros de chá verde por dia e ao de não tocar em nacos na pedra. Este trogloditismo normativista dos "peritos" situa-se ao nível da refeição que pretendem negar aos meninos. Uns sem pescoço, outros sem cabeça. Parece que ignoram o país analfabeto em que vivem e sobre o qual exercitam as suas tolas "peritagens".

A ANSIEDADE

João Gonçalves 29 Ago 10


«Esta direcção do PSD é um soluço. Assentou no regresso da máquina autárquica menesista-botista ressabiada com MFL e com o "partido lisboeta", contratou um janízaro ( Ângelo Correia) que o líder "ouve quando quer e quando não quer" e acolheu um corpo expedicionário avulso: oportunistas, vira-casacas e, inevitavelmente, alguma gente de boa vontade. Esta amálgama, como é próprio das amálgamas, não tem direcção. Tacteia, experimenta, endeusa as sondagens e aguarda o apodrecimento do governo. Se os amalgamados lá chegarem , sabemos o que valem: uma ampulheta.»

Filipe Nunes Vicente, Mar Salgado

SONTAG E O CÓDIGO

João Gonçalves 29 Ago 10


O único momento de jeito na edição de ontem do semanário brasileiro Expresso - o único, repito - vem no suplemento dito cultural, Actual de sua graça (em português). É no fim da recensão do livro Renascer - Diários e Apontamentos 1947-1963, de Susan Sontag, na tradução da Quetzal. E é de Susan Sontag, precisamente. Gostei sobretudo pela "actualidade" da citação. «O casamento é uma espécie de caça tácita em casais. O mundo todo em casais, cada casal na sua casinha, a tomar conta dos seus pequenos interesses e oprimidos na sua privacidadezinha - é a coisa mais repugnante do mundo.»

A "CRISE DOS CALÇADÕES"

João Gonçalves 28 Ago 10


Cavaco reduziu hoje a "crise" inventada entre dois calçadões, os de Quarteira e de Mangualde, ao seu justo valor. A nada.

E ASSIM SUCESSIVAMENTE

João Gonçalves 28 Ago 10


Salvo erro, Sócrates - um profissional da agitprop - foi inaugurar catorze (14) quilómetros de estrada. Se não foram 14, foram 19, mais cinco. Sócrates está candidato a Américo Thomaz da esquerda moderna portuguesa. Em breve começará a balbuciar que "esta é a primeira vez que aqui estou depois da última que cá estive". E assim sucessivamente.

O TAMANHO DA COMPAIXÃO

João Gonçalves 28 Ago 10

«Contra a lapidação, marchar, marchar. Eis o programa para a tarde de hoje, em Lisboa: umas dezenas de ‘humanistas’ vão protestar contra a lapidação de uma mulher no Irão. Para que servem estes cortejos? Para travar a barbárie? Duvidoso. Estas selvajarias, recorrentes no Islão ‘pacífico’, só se travam pelo fim dos regimes teocráticos que reinam por lá. E a menos que haja um milagre interno (uma vitória da oposição; um movimento ‘iluminista’ dentro do Islão; o repúdio expresso da herança Khomeini; e etc.), o fim destes regimes consegue-se por intervenção externa.Estarão os manifestantes desta tarde interessados em repetir as aventuras do cowboy Bush – o mesmo cowboy que eles insultavam com iguais protestos públicos?Cortejos contra a lapidação, de preferência com câmaras de tv por perto, são formas de vaidade: o manifestante abre a gabardine e, em pose exibicionista e masturbatória, mostra ao mundo o tamanho da sua compaixão. Entre a pornografia iraniana e as pornografias lisboetas que se preparam por aí, não sei qual me repugna mais.»
J. Pereira Coutinho, CM

O FIM DO ARGUMENTO

João Gonçalves 28 Ago 10

O Vaticano recorreu à indisputável autoridade de Hitler na matéria para criticar a expulsão de ciganos ilegais em França. Quando o argumentário chega ao holocausto, é sinal de que não há mais argumentos. A simples menção do termo silencia imediatamente qualquer um. Daqui para diante vão encenar-se os costumeiros pedidos de desculpa e, quem sabe, uma acrisolada parada "multicultural" europeia a favor das minorias que as elites democráticas desprezam embora o disfarcem com indignações hipócritas e retóricas. Alemão racionalista, Raztinger não quer a sua Igreja minoritária fora de certos debates "correctos" e, no fundo, olha para Sarkozy e surpreende um arrivista. Duma cajadada, matam-se dois coelhos.

Adenda: Depois disto escrito - e porque não quero que nada falte a pessoas que não sabem tratar das unhas dos pés - reparo que maradona, num "momento S. Silva", decidiu malhar no tema aproveitando, pelo caminho, de bicicleta, para me chamar "paneleiro" e "labrego", concedendo que nem sempre debito "tretas demagógicas". Maradona, nos intervalos da bola, das cervejas e dos "pipis", é um excelente blogo-escritor que provoca, mesmo com as unhas dos pés no estado lastimoso em que as mostrou há uns tempos, transportes nas suas indefectíveis admiradoras. Como "paneleiro", presumo que não me será concedida sequer a graça de uma cerveja porque ciganos são ciganos mas um "paneleiro" é um "paneleiro" tal como um "labrego" é um "labrego", ambas categorias impróprias da "base da civilização " em que vive o maradona. É tudo uma questão de "matriz racial" vista a partir da Trafaria e de respeito pela "individualidade e liberdade fundamental de cada ser humano" que pára obrigatoriamente no "paneleiro" e "labrego" João Gonçalves, autor de coisas que suscitam no "humanista" (outro) maradona tal revolta que (e segue-se uma belíssimo excerto digno do melhor António Guerreiro do "Atual") não "conseguimos ter a presença de espírito de evitar adjectivos que clarificam de forma tão automática e instintiva a matriz do próprio parágrafo onde os utilizamos." Por que é não pega nas suas "matrizes", nos "pipis", nas cervejas e na sua bicicleta e vai dar umas voltinhas com esses monumentos a uma "vida autisticamente concreta" que são esses queridos "nómadas"? É que não vejo nenhum comovido solidário, civilizado e ocidentalizado como o maradona, disposto a fazer nada por essas formas de "vida autisticamente concreta" que não seja convocar o III Reich tal como o treinador da lipoaspiração comparava cretinos e vinténs. Você, maradona, fica-se apenas pelo cretino porque ninguém dava um vintém por si com os pés à mostra. Digo-lho eu que sou um grande "paneleiro".

O PAÍS DOS CAPRINOS

João Gonçalves 28 Ago 10


De um leitor por mail: «O Verão político foi-lhe benéfico, a si, com a profusão nacional de tanta estupidez estratosférica em tão pequeno rincão. Agora vamos ter cabras para impedir incêndios. Pois eu acho que para o ano, em vez do mato, ardem as cabras. Cabras grelhadas. E quem serão os cabrões que as vão comer?»

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