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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

NOTÍCIAS DO MATADOURO

João Gonçalves 26 Ago 10


Fora a conversa dos dinheiros - uma senhora não discute preços em público sobretudo depois do dr. Salgado ter feito "doutrina" com aquele brocado de que tudo tem um preço menos a honra -, esta entrevista de Manuela Moura Guedes possui a sua graça. A discussão em torno de um possível regresso a Queluz é tão retórica como eu ser entrevistado pelo Mário Crespo ou pela Constança Cunha e Sá. Quem diz daquilo o que Moura Guedes diz, poderá ir para qualquer estação menos para aquela. Talvez, quem sabe, para uma a meio do caminho. Mas isso agora não interessa nada. Há coisas que a Guedes afirma que me parecem razoáveis. Júlio Magalhães é um entertainer e não é um jornalista? Uma evidência. «Está mais à vontade a fazer coisas no entretenimento do que na informação?» Naturalmente. É o que ele e Marcelo perpetram aos domingos à noite e ainda não chegou a época da troca de leitões. «O jornal de domingo tem sido um derrotado sistemático, e isto apesar do investimento feito no Marcelo. Foi um desastre?» Não sabia, mas admito. É só mais um bocadinho de bola e a coisa amanha-se. «As pessoas estão mal, mas querem continuar dessa forma?» Claro. Mas Moura Guedes - de quem gosto muito - deve saber melhor do que ninguém que panem et circenses é o que está a dar, confundindo-se informação com lixeiras e matadouros públicos. Isso, parece, vale milhões e nenhuma vergonha. Estão bem uns para os outros.

VIDAS DA MÓNICA

João Gonçalves 26 Ago 10


Li, saltando por cima de uma data de coisas dele e em duas noites antes do sono, o livro acima. Pensava que me ia reconciliar com a Mónica de outros livros, prévia ao dilúvio virgulino do desastroso Bilhete de Identidade. Sucede que, em alguns momentos, tive de reler frases porque nem sombra do prontuário da D. Edite Estrela nelas. Não que eu aqui não dê umas calinadas as quais são logo amavelmente denunciadas por leitores amigos. Mas isto é escrito em minutos e não está num livro. O que está - e o que vai estar - é revisto. Vidas, como denota o título, reúne textos sobre figuras mais ou menos conhecidas dos séculos XIX e XX. A primeira parte ainda escapa, apesar de um ensaio perfeitamente inútil sobre os "vencidos da vida". Na segunda, safam-se duas prosas sobre dois desconhecidos que a socióloga conheceu cá e em Oxford - um miúdo que acabou na "casa do gaiato" graças aos "conhecimentos" da Mónica ("a senhora doutora" ou "a senhora professora" como ela aprecia e está "habituada" a ser tratada cá) e uma garota do Minho que medrou na Inglaterra. Seguem-se pseudo-retratos alinhavados à pressa e com os arroubos de superioridade britânica vista da Lapa que não largam mais a senhora - "os homens fazem-me falta, quanto mais não seja para poder exibir a minha superioridade". Um momento de fazer inveja a Margarida Rebelo Pinto vindo de quem não sabe falar de mulheres nem, muito menos, de homens, supondo-o. Mónica (nunca faz a coisa por menos) louva-se logo de início em Lyton Strachey que, em 1918, "escandalizou a sociedade inglesa com a publicação de Eminent Victorians porque, diz ela, "destruía a reputação de quatro heróis britânicos". Se alguma coisa os últimos transportes da Mónica têm vindo metodicamente a destruir é a reputação intelectual dela. Há anos, de Londres, vim carregado de Strachey incluindo a sua excelente biografia (e de uma época), de Michael Holroyd, por causa da Mónica. Ela tinha-me "apresentado" o figurão num livro qualquer. Hoje, tristemente, constato que nada do que a Mónica escreve ou diz acrescenta um átomo ao que me interessa da vida. O defeito será meu e o castigo do tempo encarrega-se do resto. O livro custou-me mais do que devia ter custado. Vendo-o por cinco euros. Sempre dá para pagar metade da espreguiçadeira de um dia no Vau.

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UM MUNDO PERFEITO?

João Gonçalves 26 Ago 10

«O movimento migratório dos roma tornou-se um "problema europeu".» Exactamente. E agora é preciso resolvê-lo. A livre circulação de pessoas e bens, garantida pelos tratados, não inclui - parece-me - a livre circulação de gandulos. Os gandulos podem ser de qualquer cor ou raça e, manifestamente, não são meus "iguais". Nem em direitos, nem em deveres que é uma coisa que desprezam à bala se for preciso. A praga do "multiculturalismo" criou umas teias de aranha na cabeça de alguma gente e existe um receio generalizado de "ferir susceptibilidades" e de perder votinhos. Haverá decerto demasiada injustiça em muita coisa. Mas um mundo perfeito é apenas o nome de um filme de Clint Eastwood. Para respeitar a dignidade da pessoa humana é necessário previamente confirmar que é mesmo pessoa e humana. E que, olhando a direito, vê mais pessoas humanas e não meros objectos de cobiça. Quem não entende isto, meta explicador e deixe-se de tretas demagógicas.

TROPICALIDADES

João Gonçalves 26 Ago 10




«A corja a serviço de uma causa política coloca o Estado como mero provedor de informações estratégicas para seu projeto de poder.» Estou mais ou menos como a Alice no país das maravilhas (é o que são actualmente o Brasil e o Portugal "corporativos") - isto diz-me qualquer coisa mas não sei bem o que é.

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