Conheço Domingos Duarte Lima há trinta anos. Nessa altura ele era o maestro do coro da Universidade Católica – que fundara – e eu um reles tenor. O Domingos (é assim que o trato) era um pouco mais velho que nós. Frequentava o primeiro curso de direito da Católica (o de 76). De origens humildes que nunca escondeu, o Domingos era um rapaz voluntarioso, dedicado, espertíssimo, verdadeiro músico, empenhado na “qualidade” do seu coro que ensaiava uns dias de semana pela hora de almoço e ao sábado de manhã numa Católica deserta. Fizemos “digressões artísticas” e participámos em diversos encontros de coros da região de Lisboa. Com fortes ligações à igreja, Domingos cedo se destacou no PSD e, um belo dia, em pleno ensiao, comunicou-nos que ia deixar aquilo para, finalmente, se dedicar em exclusivo à política. Talvez fosse em 1981 ou 82, não tenho presente. Sabíamos que o seu, por assim dizer, “padrinho” era Ângelo Correia, ministro de Balsemão. Mas Domingos era – e julgo que sempre assim foi – o melhor padrinho dele mesmo. Uns anos volvidos sobre isto e Domingos, já Duarte Lima, chegou a presidente do grupo parlamentar do PSD. E, como advogado, ganhou muito dinheiro tal como outras vestais o ganharam. Votei nele numas eleições para a distrital de Lisboa. A última vez que falámos, depois da doença, foi num concerto de órgão na Sé. Era o mesmo Domingos fraterno e generoso que reconheci nele e não tanto o político Duarte Lima que, nessa “qualidade”, nada de especial me dizia. Talvez a vida madrasta tivesse feito de parte do Domingos um homem mais deslumbradamente ambicioso do que a média. Também não me interessa porque nunca nos deixámos de conhecer. É – e isso, sim, basta-me – amigo do seu amigo. A canalha, por causa de um episódio em que Lima entra, imagino, por uma porta lateral, anda há dias a lançá-lo na lama e a sua honra ao canil. A canalha – que nunca faz a coisa por menos – “suspeita” e, famosamente, suspeita logo de tiros de “morte matada”. O Domingos vai passar por uma provação pública à conta da morbidez mercantil da canalha dos jornais e das televisões. E estará inevitavelmente só. Não sei como é que ainda não se lembraram de enviar uma estagiária vesga à sua aldeia vasculhar as couves. Não valho nada. Mas se ele precisar de um simples amigo, tem aqui um.
Adenda (noite): Devo deduzir, portanto, da maioria dos comentários feitos a este post, que os ilustres - quase todos anónimos ou jacintos capela rego - já visualizaram a pessoa em causa aos tiros, num lugar ermo nos arredores do Rio de Janeiro, não é verdade? Tenham juízo.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...