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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

SENA

João Gonçalves 13 Ago 10

Na RTP2, pelas 23.30 (sexta, 13), está anunciado um programa sobre Jorge de Sena. Quem não conhece, aproveite. Ficou-nos a dever, com a sua estúpida morte prematura, muitos anos da melhor prosa, poesia e crítica literária do século XX português. Em 1973, em Glasgow, escrevia assim como, decerto, podia ter escrito ontem em Lisboa:

Dizem alguns directores literários
(e accionistas da própria propaganda)
que «o Sena não se vende». É verdade:
Não vende. Só as putas se vendem.
E em Portugal são tantas que não há
bolsas bastantes para comprá-las,
nem caralhos bastantes
para fodê-las como mereciam.

O LIVRINHO VERMELHO DE CAVACO

João Gonçalves 13 Ago 10


Como votante passado e, espero, futuro de Cavaco Silva lamento as suas declarações sobre os poderes presidenciais e justiça. Sobretudo quando se louvou, em tal matéria, no dr. Alberto Martins que disse há dias ter "toda a confiança" no senhor conselheiro Pinto Monteiro. Apesar de rematar com um "não querer contribuir para o descrédito da justiça" (o que quer dizer que a percepciona desacreditada), Cavaco não se quer comprometer com nada nesta altura do campeonato. É uma maneira de começar uma recandidatura e, quem sabe, de atravessar uma campanha inteira como Cristo sobre as águas levando na mão um livrinho vermelho. Oxalá o livro não lhe venha a pesar demasiado como o escorpião "pesou" à tartaruga.

A CANALHA

João Gonçalves 13 Ago 10


Conheço Domingos Duarte Lima há trinta anos. Nessa altura ele era o maestro do coro da Universidade Católica – que fundara – e eu um reles tenor. O Domingos (é assim que o trato) era um pouco mais velho que nós. Frequentava o primeiro curso de direito da Católica (o de 76). De origens humildes que nunca escondeu, o Domingos era um rapaz voluntarioso, dedicado, espertíssimo, verdadeiro músico, empenhado na “qualidade” do seu coro que ensaiava uns dias de semana pela hora de almoço e ao sábado de manhã numa Católica deserta. Fizemos “digressões artísticas” e participámos em diversos encontros de coros da região de Lisboa. Com fortes ligações à igreja, Domingos cedo se destacou no PSD e, um belo dia, em pleno ensiao, comunicou-nos que ia deixar aquilo para, finalmente, se dedicar em exclusivo à política. Talvez fosse em 1981 ou 82, não tenho presente. Sabíamos que o seu, por assim dizer, “padrinho” era Ângelo Correia, ministro de Balsemão. Mas Domingos era – e julgo que sempre assim foi – o melhor padrinho dele mesmo. Uns anos volvidos sobre isto e Domingos, já Duarte Lima, chegou a presidente do grupo parlamentar do PSD. E, como advogado, ganhou muito dinheiro tal como outras vestais o ganharam. Votei nele numas eleições para a distrital de Lisboa. A última vez que falámos, depois da doença, foi num concerto de órgão na Sé. Era o mesmo Domingos fraterno e generoso que reconheci nele e não tanto o político Duarte Lima que, nessa “qualidade”, nada de especial me dizia. Talvez a vida madrasta tivesse feito de parte do Domingos um homem mais deslumbradamente ambicioso do que a média. Também não me interessa porque nunca nos deixámos de conhecer. É – e isso, sim, basta-me – amigo do seu amigo. A canalha, por causa de um episódio em que Lima entra, imagino, por uma porta lateral, anda há dias a lançá-lo na lama e a sua honra ao canil. A canalha – que nunca faz a coisa por menos – “suspeita” e, famosamente, suspeita logo de tiros de “morte matada”. O Domingos vai passar por uma provação pública à conta da morbidez mercantil da canalha dos jornais e das televisões. E estará inevitavelmente só. Não sei como é que ainda não se lembraram de enviar uma estagiária vesga à sua aldeia vasculhar as couves. Não valho nada. Mas se ele precisar de um simples amigo, tem aqui um.

Adenda (noite): Devo deduzir, portanto, da maioria dos comentários feitos a este post, que os ilustres - quase todos anónimos ou jacintos capela rego - já visualizaram a pessoa em causa aos tiros, num lugar ermo nos arredores do Rio de Janeiro, não é verdade? Tenham juízo.

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