Entre nós existe uma espécie de sumo-sacerdócio da orientação literária onde oficiam apenas três ou quatro pessoas. São elas que escolhem o que se deve ler, como se deve ler o que eles querem que se compre e que reduzem o "universo" dito literário às suas escolhas e manias, invariavelmente ditadas pelo filão comercialeiro mais primitivo. Aí, o sumo-sacerdócio passa a comparar-se com as saudosas mercearias Vale do Rio sem a qualidade dos produtos que estas vendiam. O "meio" é pequeno e grosso e o sumo-sacerdócio pode arrotar postas de pescada à vontade porque está sempre, por assim dizer, em família. Se alguém não compra o produto e se atreve a pô-lo em causa, é notoriamente um bruto desqualificado e ressentido que aspira a ser "escritor". Nem sempre, porém, é assim. Pode tratar-se de alguém que goste simplesmente de livros e de literatura (tenha ela a forma que tiver) e que o mais que deseja é que todas essas capelinhas sejam alvo da famosa martelada do Nabokov (ou em alternativa, para a música, da lança do incansável Wagner da Tetralogia) e que sejam todos muito felizes. Não andem é sempre a fazer de anões Alberich a cobiçar a tutela do ouro e a lançar maldições por todo o lado. Não existe tal coisa como uma tutela da cabeça do leitor sério e a sério. E ao Bolaño preferirei sempre o shaggy-dog Sterne. Diverte-me e esclarece-me. Até, imagine-se, acaba por "descrever" este ridículo afã do sumo-sacerdócio como se tivesse sido escrito ontem.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...