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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

A GRAVURA

João Gonçalves 31 Jul 10

Depois da conversa nula que marcou a inauguração do museu do Côa, atravancada por uma verdadeira comitiva de bobos chefiada pela "vítima" mais famosa de Portugal e alhures, espera-se o pior dos fiascos. Ninguém faz seriamente a menor ideia acerca do que se vai passar a seguir por causa das "parcerias" que ainda não existem. Mas, segundo o "está em toda a parte", o museu é «a gravura que nós deixamos às gerações futuras.» Um especialista em deixar coisas às "gerações futuras". A verdadeira "gravura".

UMA RESERVA NATURAL DE BURROS

João Gonçalves 31 Jul 10


"Escudada" no que se passa na Europa do norte - mais uma convencida que vive em Marte -, Isabel Alçada quer acabar com os chumbos. Aquele servil presidente das associações de pais, já acenou com a cabeça. A menos que Alçada e o governo dela pretendam estender a reserva de gado asinino (embora este seja genuíno) às escolas tão prenhes de verdadeiros burros de duas pernas, não se vislumbra o porquê deste disparate pegado a não ser que seja mais um iluminado passo no caminho certeiro da derrota do pensamento. "Acompanhamentos paralelos" de quê, como ouvi a madame a dizer no rádio do carro? De calões embrutecidos? Por amor de Deus.

MAR

João Gonçalves 31 Jul 10


De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.


Sophia de Mello Breyner Andresen

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WITTGENSTEIN NÃO PASSOU POR ALCOCHETE

João Gonçalves 31 Jul 10


Na noite em que "Deus Nosso Senhor" desceu à Terra para jurar ser a última vez que ia falar sobre Alcochete (isto de "Deus" estar em toda a parte inclui rincons improváveis como Alcochete), não se apercebeu de uma coisa óbvia que, em artigo no Expresso, Rui Ramos explica. Sócrates não devia ter dito nada sobre o Freeport. Porquê? Porque não foi ouvido, «foi apenas falado.» Ao descer à Terra, mais precisamente em São Bento, um lugar inverosímil para falar da "vida comum", o nosso "Deus", «com esta exibição pública de alívio (...) voltou a fazer do Freeport um caso seu.» Aliás, é o que querem dizer os procuradores com o seu ambíguo despacho das perguntas que ficaram por fazer. Quem tenha alguma vez na vida feito inquéritos - penais ou administrativos que podem ter consequências disciplinares ou penais - sabe que, a partir de um determinado "nível", as coisas complicam-se. Em 2001, fiz um relacionado com a "fundação para a prevenção e segurança" que tinha custado a cabeça política a dois então membros do governo Guterres: Vara e Luís Patrão. Os vasculhadores de arquivos experimentem arranjar o Expresso, mas de 4 de Agosto de 2001. Vem lá transcrito - porque o inquérito foi pedido por uma comissão parlamentar e passou por muitas mãos - o meu pedido de escusa e de substituição por outro inquiridor quando o relatório final que apresentei não foi aceite e o processo continuou. Nesse texto, se bem me lembro, também deixei umas perguntas bem como no dito relatório. Propunha então um processo disciplinar a um director-geral que não foi aceite superiormente. O director-geral chamava-se António Morais, engenheiro, à altura director de uma coisa chamada "gabinete de estudos e planeamento de instalações" do MAI. Antes do fim desse mês de Agosto de 2001, e já sem mim a conduzi-lo, o processo foi arquivado. Morais acabou por ser removido daquele "gabinete" pelo governo seguinte após uma auditoria realizada pelo mesmo organismo que, ano e meio antes, não viu razões para lhe instaurar um processo disciplinar. Só voltei a ouvir falar de António Morais em 2005 ou 2006 quando o primeiro governo do nosso "Deus", pela mão de Alberto Costa, da Justiça, o colocou à frente de um departamento homólogo àquele onde o encontrara anteriormente. E de onde saiu a correr por causa de uma capa do falecido Independente. Finalmente, em 2007, soube que, antes de o ter conhecido, Morais tinha sido professor de Sócrates num estabelecimento dito universitário que encerrou. "Deus", afinal, já estava em toda a parte. Regresso ao despacho das perguntas por fazer. Que revela ele? Impotência, algo que Rui Ramos identifica exemplarmente. «Depois da perda de soberania ocasional por sucessivos maus governos, o Estado que temos em Portugal já só serve para pequenos projectos de poder pessoal, como algumas Câmaras Municipais de província.» Na sua pusilanimidade congénita e no seu inaceitável temor reverencial, a justiça, seja ela qual for, acaba por fazer parte deste "paradigma" permitindo a recuperação da "dúvida metódica", cartesiana, da primazia da primeira pessoa. Primeira pessoa que, no caso, não soube escolher o conselho "analítico" do primeiro Wittgenstein - «acerca daquilo que se não pode falar, tem que se ficar em silêncio.»

(foto: Ludwig Wittgenstein, "furtad0" ao Tiago que hoje acordou analítico)


Adenda: Ler este post de Artur Costa e este de Eduardo Maia Costa.

VOO SEM PÁSSARO DENTRO

João Gonçalves 31 Jul 10

A poesia não é voz – é uma inflexão.
Dizer, diz tudo a prosa. No verso
nada se acrescenta a nada, somente
um jeito impalpável dá figura
ao sonho da cada um, a expectativa
das formas por achar. No verso nasce
à palavra uma verdade que não acha
entre os escombros da prosa o seu caminho.
E aos homens um sentido que não há
nos gestos nem nas coisas:
voo sem pássaro dentro.

Adolfo Casais Monteiro

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MERECIAM-SE

João Gonçalves 30 Jul 10


Chamam-lhe a silly season como se não fossem todas assim. Mas quando na televisão aparece o sobrinho do tio, o Barroso, Alfredo, a coisa agrava-se. O dito Alfredo, com uma delicadeza que deve ter recolhido do tio em momentos de fúria, referiu-se a um jornalista como "medíocre" e "abaixo de cão" porque investigou coisas onde aparece o "Deus Nosso Senhor" originário de Vilar de Maçada. Com opiniões destas, Alfredo ainda sobe a presidente da ERC. Mereciam-se. E perdi este.

Adenda (do leitor Aires Varela):«O que se passou ontem no programa "Expresso da Meia-Noite" da SICn é simplesmente inconcebível. Ricardo Costa agiu como se os seus quatro convidados fossem atrasados mentais e ele um iluminado: não os deixava falar, repreendia-os a torto e direito e permitia-se observações inaceitáveis como a de chamar cobardes a pessoas que, ausentes, não se podiam defender. Como é possível que, depois deste programa, Costa mantenha responsabilidades editoriais na SIC e no Expresso? Como é que, depois de visionar tal coisa, alguém vai, no futuro, aceitar ir ao programa? E a administração da SIC não terá nada a dizer?» Só uma nota. Ricardo Santos é dado a oscilar, alarve e esquizofrenicamente, entre a passagem de atestados de besta a bestial, e vice-versa, a quem quer que seja. É outro "tudólogo" a pedir dois tabefes.

POBRES IDIOTAS

João Gonçalves 30 Jul 10

Um "barómetro" deixou em estado de esfuziante idiotia os idiotas do costume. Tudo porque Passos "baixou" em relação ao derradeiro "barómetro" e "Deus Nosso Senhor" Sócrates "subiu". Todavia, os mesmo idiotas - e valha isso o que valer, Passos segue à frente do outro - omitem o resto do "barómetro" na parte da "popularidade". «Na lista de popularidade, Cavaco Silva continua a ser o único com uma imagem positiva: 56,4 por cento dos portugueses avaliam de forma favorável o trabalho do Presidente da República», diz o "barómetro" que remete o subido Sócrates para «líder político mais impopular» onde «60 por cento dos portugueses têm uma opinião negativa sobre o líder do Governo, contra 26,5 por cento dos que têm uma ideia positiva.» Passos empata - «32,3 por cento dizem ter uma opinião positiva, enquanto que 32,2 por cento têm uma ideia negativa sobre o líder do PSD.» Pobres idiotas.

DAS FÉRIAS ENQUANTO PAÍS

João Gonçalves 30 Jul 10


Fora a parte em que Medeiros Ferreira pressupõe que este ambulatório em forma aparentemente humana que nos aparece como elite nacional o é - um filósofo analítico veria aqui uma falácia -, o artigo sugere uma pequena dose de reflexão sobre o que aí vem depois da passagem mitológica das "férias". Vendo bem, o português é alguém posto no mundo, então dito de Cristo, que desapareceu logo para férias intelectuais nas naus do Gama, porventura já em regime de low cost. E, como acontece com o low cost, tais aventuras costumam sair sempre mais caras do que constava do "programa" inicial. Andamos há séculos nisto. De férias.

QUATRO A ZERO

João Gonçalves 30 Jul 10


O artigo que se se segue é de Eduardo Cintra Torres e está hoje publicado no jornal Público. É, em certo sentido, edificante. Comprova-se que o poder - na altura absoluto, da "esquerda moderna", protagonizado em "Deus Nosso Senhor" ou o "Está em Toda a Parte" Sócrates - fez o que pôde para silenciar quem o chateava com essa coisa horrorosa que é a verdade. Depois, evidencia-se que a ERC é uma aberração que deve, à semelhança de tantas outras, ser pura e simplesmente removida (como um tumor maligno) da constituição porque, pelos vistos, nem sequer se preocupa excessivamente em a cumprir. Finalmente, lamenta-se que colegas de profissão do "réu" (recordo que Cintra Torres quase que foi obrigado, um dia, a mostrar a sua carteira profissional na tv a instâncias de um dos citados no texto, salvo erro) se tivessem prestado a actos da mais reles vassalagem e do mais cobarde temor reverencial contra jornalistas. Só prova que não têm nem respeito por eles mesmos nem tão pouco pela profissão que escolheram. E que se comportam, para se manterem à tona da "respeitabilidade", como ténias e não como homens livres que deviam ser.

«No dia 20 de Julho, o Tribunal Criminal de Lisboa absolveu-me num dos processos que a RTP e a sua Direcção de Informação me moveram por causa do artigo "Como se Faz Censura em Portugal" (PÚBLICO, 20/8/06). A sentença, que abaixo cito, é uma excelente peça a favor da liberdade e do dever de informar e criticar e um aviso aos que pretendem usar a justiça para calar a opinião livre e a investigação independente dos factos. Entre 2006 e 2007, o aparelho de Estado processou-me quatro vezes: a RTP três e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) uma. Hoje, como então, considero que se tratou de uma acção do interesse do Governo, destinada a intimidar-me e a calar-me. O Governo estava num prolongado "estado de graça" proporcionado pela opinião pública e pela opinião publicada. A imprensa incensava o primeiro-ministro como um génio de extraordinárias qualidades nacionais e internacionais. Por isso, quando analisei naquele artigo a cobertura dos incêndios no Telejornal da RTP1 de 12 de Agosto de 2006, o Governo temeu a abertura de uma pequena brecha no consenso de que beneficiava. O artigo afirmava: "As informações de que disponho indicam que o gabinete do primeiro-ministro deu instruções directas à RTP para se fazer censura à cobertura dos incêndios: são ordens directas do gabinete de Sócrates." Era preciso calar-me, e depressa. O presidente da ERC, José Alberto Lopes, no dia seguinte ao artigo, antes de reunir a ERC, condenou-o e condenou-me. No mesmo dia, a RTP fez um comunicado sobre o meu artigo, o que é raríssimo, se não único, anunciando um processo judicial. A imprensa dedicou páginas ao "caso Cintra Torres". Deveria ter-se dedicado à acção ilegítima do Governo nos media, mas só o veio a fazer três anos depois. E o Parlamento quatro anos depois. O processo da ERC originou a sua primeira deliberação (1-I/2006) e a Recomendação 7/2006, documentos que ficarão como página negra na história da liberdade de imprensa. Além do absurdo de dedicarem mais de 200 páginas à demolição de um artigo de opinião (prática a que nunca mais recorreram), os reguladores tomaram uma decisão que os envergonhará para sempre: declararam que o director do PÚBLICO deveria ter censurado o meu artigo. O processo da ERC visava constranger-me e ao PÚBLICO e absolver a RTP e o Governo de qualquer interferência nos canais do Estado. Quatro anos depois, aqui fica o resumo do estado em que estão os quatro processos movidos pelo Estado contra mim. Processo ERC: O Tribunal Fiscal e Administrativo, única instância que pode apreciar juridicamente as decisões da ERC, anulou em Maio a Deliberação e a Recomendação, por ausência de audição prévia dos visados (PÚBLICO e eu). A ERC recorreu da sentença. Processo incêndios n.º 1: a administração da RTP, de Almerindo Marques e Luís Marques, e a Direcção de Informação - Luís Marinho, J. Alberto Carvalho, Carlos Daniel, J. Manuel Portugal e Miguel Barroso - apresentaram queixa-crime contra mim, o PÚBLICO e o seu director por causa do referido artigo. A 1.ª instância arquivou em 2007. A RTP recorreu. A Relação achou que o caso deveria ser julgado, mas apenas contra mim. O julgamento terminou com a minha absolvição. Assiste à RTP o direito de recorrer. O juiz escreveu: "A crítica à RTP não pode ser considerada ilícita por se referir à permeabilidade à pressão governamental a que se mostra recorrente" na sua história; no artigo, exprimi "uma opinião absolutamente legítima", tanto mais que é "notório" ser "sistematicamente" referida a "governamentalização da informação da RTP"; as afirmações que escrevi não foram ofensivas e foram "justificadas", pois procurei "criticar uma cobertura jornalística e uma interferência sempre recorrente do poder governamental no serviço público" de TV; cumpri o dever de informar, e actuei "no âmbito do interesse legítimo de informar, de criticar e de ter fundamento para, em boa-fé, reputar verdadeiras as informações veiculadas". O tribunal considerou ainda "totalmente improcedente" o pedido de indemnização que a RTP e os cinco directores de Informação me exigiam, de 180 mil euros. Processo incêndios n.º 2: a RTP e os mesmos indivíduos apresentaram queixa-crime contra mim por ter reiterado o teor do artigo num programa da RTP, a convite da RTP e para debater na RTP o artigo com um membro da ERC e outro convidado. O juiz arquivou. A RTP recorreu. A Relação confirmou o arquivamento. Processo governamentalização na RTP-Porto: a RTP e J.M. Portugal apresentaram queixa-crime por ter escrito que a ida de J.M. Portugal para a RTP-Porto visava "partir a espinha" à independência de que gozava o Jornal da Tarde, feito a partir dali. O processo foi arquivado. A RTP, como sempre, usando dinheiro público e uma sociedade de advogados privada, recorreu. A Relação confirmou o arquivamento. Em resumo: todas as decisões dos tribunais foram favoráveis às liberdades de expressão, de informação e de opinião. Quatro a zero a favor da liberdade e da nossa maturidade democrática.»

ABOBORAR

João Gonçalves 29 Jul 10

O Estado, através da suas duas golden shares na bola - os srs. eterno Madaíl e Laurentino Dias -, decidiu "vetar" de cernelha o "prof." Queiroz. O método é velhíssimo. Vai buscar-se uma coisa que estava a aboborar para o que desse e viesse. De seguida, aboborada, abre-se um processo e, finalmente, despede-se com justa causa e uma choruda indemnização. Se o desempenho vuvuzelense tivesse sido outro, alguma vez teria sido conhecido o episódio aboborado?

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