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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Saramago

João Gonçalves 18 Jun 10

Morreu Saramago. As "elites" não cessam de perorar sobre o Nobel. Enquanto bebia um café e comia um pastel de nata, desfilavam na tv, ao vivo e ao telefone, derramando sobre o dito cujo tanto quanto nunca se derramou sobre escritores maiores do que Saramago como, por exemplo, Jorge de Sena. Há uns anos Saramago entrou nos curricula liceais do regime e varreu a possibilidade de os meninos e de as meninas conhecerem literatura portuguesa aproveitável ou sofrível para além da dele. A "oficialização" cultural de Saramago começou quando, estupidamente, lhe proibiram um livro num concurso qualquer. O Nobel, festejado pela paróquia provinciana como uma vitória internacional no futebol, acentuou o carácter quase místico da figura que, daí em diante, passou a tratar abaixo de cão qualquer poder politico que não o bajulasse adequadamente. O que afinal subsistiu em relação a Saramago foi o velhinho temor reverencial de um país com lamentáveis "tradições" culturais que, entre outros, fez de Saramago um "símbolo". E é esse que vai ser exibido por estes dias. Poucos ou nenhuns recordarão o pequeno tirano do Diário de Notícias, a seca vaidade vingativa da criatura ou o homem que eliminou de edições posteriores à emergência da afamada Pilar as dedicatórias a Isabel da Nóbrega. "A morte absolve tudo", como ensinavam os latinos, mas nem tudo é absolvível pela morte. Paz à sua alma.

Adenda: O governo vai decretar - mediante conselho de ministros "extraordinário" - luto nacional. Ainda mudam o 10 de Junho de 1580 para o 18 de Junho de 2010. País de pequeninos parolos deslumbrados sem a menor noção da verdadeira grandeza.

EM FORMA DE ASSIM

João Gonçalves 18 Jun 10

«O opróbrio é geral.» Pois é. Mas em vez de escrever tanto disparate jubilatório acerca de coisas e homens que toda a gente execra, talvez fosse mais inteligente averiguar o motivo de tamanho opróbrio. É que, quando esses perigosos celerados que tomaram conta do PS saírem, não restará pedra sobre pedra. Se é isso que pretende, continue assim. A mim, o PS faz-me tanta falta como beterrabas.

HISTÓRIA CURTA E CURTA GENTE

João Gonçalves 18 Jun 10

Tem razão. Mas, como deve saber, em política não há gratidão e a memória há muito que foi penhorada em troca de falácias circunstanciais.

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DA PAISAGEM

João Gonçalves 18 Jun 10


«A queda que dia a dia se acelera para uma catástrofe que não se consegue imaginar é para a maioria dos portugueses, talvez por isso mesmo, irreal: uma coisa que sucede num outro mundo e a outra a gente. Não basta que os comentadores de serviço não parem de se queixar, de explicar, de protestar. A consciência exacta do sarilho em que nos metemos (ou nos meteram) não dispensa uma expressão política; e em Portugal, tirando algumas polémicas sem sentido, a política parou pela vontade conjunta do dr. Cavaco, do PS e do PSD, a pretexto de que a menor agitação nesse capítulo só poderá agravar a crise. Segundo a teoria oficial, um Governo fraco, paralisado e que o país despreza é preferível a qualquer mudança. Sócrates não serve, mas já faz parte da paisagem.»

Vasco Pulido Valente, Público

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