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portugal dos pequeninos

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SUA PUTIDADE, A ESQUERDA

João Gonçalves 28 Mai 10


Quando se trata do tgv, são todos, em simultâneo, cubanos, chavistas, socráticos, varistas, estalinistas, trotskistas, maoistas, alegristas e demais "istas" porque, como dizia o sábio Soares, o dinheiro aparece sempre. Sobretudo o dos outros, os que hão-de vir a seguir pagar a factura. Depois deste "28 de Maio" porno-parlamentar, o que é que a matilha comunista e bloquista vai fazer, amanhã, numa manifestação folclórica contra o governo aliado? Masturbar grilos? As congéneres do Intendente sempre são mais autênticas e já tomam banho.

UMA ADENDA

João Gonçalves 28 Mai 10

(...)
O Minotauro compreender-me-á.
Tem cornos, como os sábios e os inimigos da vida.
É metade boi e metade homem, como todos os homens.
Violava e devorava virgens, como todas as bestas.
Filho de Pasifaë, foi irmão de um verso de Racine,
que Valéry, o cretino, achava um dos mais belos da "langue".
Irmão também de Ariadne, embrulharam-no num novelo de que se lixou.]
Teseu, o herói, e, como todos os gregos heróicos, um filho da puta,
riu-lhe no focinho respeitável.
O Minotauro compreender-me-á, tomará café comigo, enquanto
o sol serenamente desce sobre o mar, e as sombras,
cheias de ninfas e de efebos desempregados,
se cerrarão dulcíssimas nas chávenas,
como o açúcar que mexeremos com o dedo sujo
de investigar as origens da vida.

(...)


J. de Sena, 1965

A este post, de homenagem a Chateaubriand, depois de passar pelo i. Queria apenas lembrar a alguns leitores que aqui vêm amavelmente muitas vezes que, talvez, algumas pessoas usem um cartão do PS no bolso do casaco, outro do PSD no bolso das calças e deixem um bolso livre para o que der e vier. E que, igualmente, há quem reze a várias obediências ao mesmo tempo, namely, à Maçonaria, à Opus, aos "interesses" transversais e opacos. Cavaco pode ter todos os defeitos do mundo, mas é um homem a quem disto, desta porca ubiquidade, ninguém poderá acusar. Não o estou a ver de cilício numa mão e de avental posto ajoelhado diante de prolixos altares. Lembrem-se sempre disto, meus queridos "cabrões".

Adenda à adenda: Obrigado, Maria João, pela lucidez, e ao Rodrigo, ao Paulo e ao Nuno pela honestidade intelectual. O cardeal patriarca de Lisboa esteve calado durante os quatro anos e meio do socratismo absoluto. Mais. Quando o admirável líder estava a formar o seu segundo e extraordinário governo, passou por São Bento assim como quem não quer a coisa. Para quê, pois, agora esta fala oportunista contra o PR? Pobre Igreja portuguesa que tão pusilânimes servidores tem. E pobre entrevista a sua, Pedro Santana Lopes.

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«Em 1742, um músico alemão, que vivera quatro anos em Itália, estreou em Dublin uma obra em inglês sobre uma história passada em Jerusalém e partilhada por todo o continente. A obra, a que o letrista chamou "entretenimento", teve grande êxito junto de "instruídos e iletrados", escreveu alguém que assistiu à estreia. O autor apresentou-a depois em Londres 36 vezes. Passados 268 anos, o Messias, de Handel, faz parte do quotidiano e de sempre. Vem de um tempo em que existia uma Europa cultural e até política, dividida, mas una. Hoje, reduzida às couves de Bruxelas e ao entusiasmo norueguês pelo Festival da Canção, a Europa definha. Bento XVI tem razão.» O Eduardo Cintra Torres escreve isto a propósito de uma merda qualquer, servida às postas pela RTP durante a semana. Mas serve-me para, da música de que ele fala (a séria e não a grunhida, pelos vistos, na Noruega) passar para os livros. "Instruídos e iletrados", nos dias de hoje, mal se distinguem. Todas as infames bestas que conheço, acumulam e coincidem - são instruídos e iletrados. Ontem, ao fim da tarde, fui à Livraria Lácio buscar um livro esgotado nos centros comerciais da "especialidade". E fiquei à conversa com o Sr. André. A conversa passou por cá, pelo Brasil, por talhos que outrora foram editoras, por Vergílio Ferreira, pelos cinquenta anos da Presença, por Sena, por Fernando Guedes, por Manuel Brito, enquanto lá fora, no Campo Grande, passavam bandos de corvos agarrados aos copos de plástico com cerveja. Imagino que nem sequer dez dos milhares de "alunos" das universidades das redondezas terão entrado na Lácio ao longo de um ano lectivo. Aquilo não é sítio para putas, femininas ou masculinas, formadas ou deformadas. É um espaço de dignidade e de humanidade, de amor aos livros como poucos já existem, onde as vendas mal dão para pagar a luz. A luz da poltrona edp e não a «pequenina luz" do poema de Jorge de Sena que pessoas como o Sr. André teimam não deixar extinguir. Bem haja.

É a melhor designação para a nomenclatura "tgvista", abstracta e nebulosa, de apoio ao bardo Alegre a quem o futuro "objectivo" do país não interessa. E menos interessa a ele que apenas deseja ver "consagrada" a sua nula e vaidosa abstracção precisamente no auge de uma crise que por natureza, não entende nem ajudaria a ultrapassar. Porquê? É simples e o insuspeito Campos e Cunha, no Público, explica. «Se os deputados do BE e do PCP (e deputados do PS) votarem ao lado do Governo, ficam com a responsabilidade histórica da decisão. E decidem entre os projectos faraónicos hoje ou, em alternativa, mais pequenos projectos criadores de emprego e mais Estado social, daqui a poucos anos. Dos votos de cada um dentro de dias veremos as consequências, em 2014. Há poucos momentos tão determinantes quanto este. Em 2014, lembrar-nos-emos quem esteve, em 2010, com os mais desfavorecidos ou com os grandes interesses.»

LOCA INFECTA

João Gonçalves 28 Mai 10


«Quando saímos do PREC e Cavaco, por assim dizer, "normalizou a economia", os portugueses resolveram viver "como na Europa". Depois de 60 anos de miséria, não custa a compreender. Faltava o dinheiro para esse exercício consolador? O país não ganhava, e nunca ganhou, o que gastava? Esse pormenor não comoveu ninguém. Da "Europa" vinham, sob várias formas, subsídios sem fim e, depois do "euro", apareceu, providencialmente, a dívida externa e o crédito barato. Na televisão, os bancos não paravam de oferecer empréstimos. No governo, os governos prometiam um Estado-providência exemplar, inesgotável, único. Na oposição, os partidos berravam sempre que era pouco e que o bom povo, coitadinho, ainda sofria muito. De ano em ano, o delírio continuou, apesar de um aviso ou outro, invariavelmente atribuído a "velhos do Restelo" e pessimistas profissionais, quando não a reaccionários sem senso ou sem vergonha. Sendo uma sociedade democrática, Portugal precisava de igualdade e fartura. O português precisava de um Estado pressuroso e pródigo desde que nascia até que morria. Excepto por inveja ou mau carácter, quem negava esta gloriosa evidência? O PS de Guterres conseguiu instalar este absurdo como ortodoxia de Estado. O país foi vítima de uma fraude consciente e continuada durante 20 anos. Agora, dia a dia, devagarinho, volta a miséria do costume: na saúde, nas pensões de reforma, no ensino e por aí fora. E as pessoas, sem perceber o que se passa perguntam: de quem é a culpa? De Sócrates, do estrangeiro, do azar? De quem? A culpa é delas.»
Vasco Pulido Valente, Público

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