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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

OS "CANDIDATOS"

João Gonçalves 27 Mai 10

Deus sabe - e quem tem a paciência de me ler também - como não tenho a menor pachorra para a estupidez. Não acrescento "humana" precisamente porque só esta espécie pode optar por ser estúpida. Dito isto, e porque deles recebi um mail, só posso lamentar este post. Ou, em alternativa, considerá-lo "engraçadista". Pois como havemos nós de classificar - por muita, pouca ou nenhuma consideração que nos mereçam as criaturas em causa - a sugestão de D. Duarte de Bragança, Bagão Félix, João César das Neves, Aura Miguel, Maria José Nogueira Pinto, Gen. Rocha Vieira ou Daniel Serrão como putativos candidatos "pro vida" à presidência da República porque, perguntam eles, «pode o PS escolher um Presidente da República mais colaboracionista (em colaboração estratégica) com as suas políticas (aborto, casamento homossexual, deseducação sexual obrigatória nas escolas, divórcio simplex)... do que Cavaco Silva?» A patetice destes católicos à beira de um ataque de nervos, explícita na capciosa pergunta, assenta nalguns equívocos básicos. O PR - este ou outro qualquer - não é, como na monárquica Inglaterra, simultaneamente chefe de Estado e chefe da Igreja doméstica. Depois, e como frisou Bento XVI assim que aterrou em Portugal, «a viragem republicana, operada há cem anos em Portugal, abriu, na distinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja, que as duas Concordatas de 1940 e 2004 formalizariam, em contextos culturais e perspectivas eclesiais bem demarcados por rápida mudança.» Ratzinger, ao contrário desta gente, conhece perfeitamente o mundo em que vive e há muitos anos. Não tem, por isso, ilusões e decerto sabia a que país chegava e que país deixaria quatro dias depois. Consequentemente falou da liberdade da Igreja e da liberdade do Estado. Lamento, porque dele era adepto, que não tivesse sido realizado um referendo sobre a matéria. Mas era indisputável a legitimidade deste parlamento para tratar dela. Também era legítimo um veto presidencial ou a promulgação. Se vetasse, Cavaco, como os seus adversários esquerdófilos decerto apreciariam, lançaria para a arena uma falsa questão religiosa que até o Papa desaconselharia. Promulgando, Cavaco desagradou aos simétricos das direitas a quem também lhes puxa o pé para tal intempestiva e parva questão. Tem um preço político? Seguramente. E pago no momento do voto. O que me parece esdrúxulo é pretender-se que a democracia, valha a nossa o que valer, seja confessional e que os representantes dela também o tenham de ser. Seja pelo lado jacobino dos "funcionários do género", seja pelo lado oposto, não menos "funcionário", destes amiguinhos "pro vida". Pelos vistos, o que sobra em Titis de ambas as bandas falta em tino. Juntem, pois, uma à lista.

Adenda: Com o devido respeito - coisa distinta do respeitinho -, D. José Policarpo, que deixou os adeptos do "não" no referendo à IVG entregues a si mesmos após uma breve e "correcta" declaração antes do processo eleitoral, não tem agora grande "moral" para vir debitar doutrina para cima do PR, sobretudo insinuando que existe uma relação causa-efeito entre o processo político das eleições presidenciais e uma lei que altera o Código Civil. Entre outros, colocou-se ao lado do edil Costa, do PS, que acabou de dizer coisa idêntica na SICN para justificar o engolir de Alegre. Se fossemos "medir" as complacências para com o absolutismo "socrático", não sei se D. José Policarpo não levaria a dianteira a Cavaco.

Adenda de sexta-feira: À questão religiosa (que não existe) alguns querem acrescentar uma questão política perfeitamente imbecil a propósito das eleições presidenciais. E outros ainda (que deviam estar calados e eles sabem perfeitamente porquê) também andam nesta de "Maria-vai-com-as-outras". Razão tinha Chateaubriand. Deve-se ser parcimonioso na distribuição do desprezo em função do grande e inesperado número de necessitados.

TUDO É POSSÍVEL

João Gonçalves 27 Mai 10


Parece que as "escutas" de um daqueles afamados processos que estão permanentemente em "banho maria", foram juntas a um outro processo qualquer. Isto quando ainda não tinham tirado aos tribunais a água refrigerada para pouparem uns trocos. Mais tarde ou mais cedo hão-de aparecer em locais mais adequados aos protagonistas das ditas "escutas" tais como a feira da ladra ou a das camisas Lacoste, em Carcavelos. Ao mesmo tempo, o senhor conselheiro Pinto Monteiro, venerando PGR, veio sossegar a pátria garantindo que "Portugal não é um país de corruptos" o que talvez justifique tanta coisa em "banho maria" por manifesta inutilidade "prévia" da lide. Neste país em diminutivo, já tudo é possível.

CONTRA O PSITACISMO DO PEC

João Gonçalves 27 Mai 10

Não sou do PC, nem tão pouco "intelectual" e não passo por escadarias normalmente mal frequentadas. Mas, de facto, também não aprecio o PEC.

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MAIS UMA DÉCADA PERDIDA?*

João Gonçalves 27 Mai 10


«Apesar de a bancarrota dos Estados ser uma situação muito mais frequente do que se imagina (desde 1800 houve mais de 300 casos, em Portugal aconteceu sete vezes, uma no século XVI e seis no século XIX), não há, contudo, análises empíricas suficientes destes casos que permitam tirar conclusões incontroversas. Nem há - dada a enorme quantidade e complexidade dos factores em interacção - critérios ou ratios do que idealmente se possa chamar uma "boa" dívida. Há apenas algumas constantes que convém reter. Que os mercados cortejam os Estados quando as coisas lhes correm de feição, mas não hesitam em atacá-los quando elas correm mal. Que uma dívida mal gerida arruína tanto os credores como os devedores. Que quando o serviço da dívida atinge os 50% das receitas fiscais, o desastre é inevitável. Que, quando a dívida de um país ultrapassa os 90% do PIB, o crescimento se torna impossível. Que há uma contumaz tendência para desvalorizar o perigo e para se acreditar que "desta vez é diferente!" E até pode ser que seja… mas isso exige, diz Attali, que a União Europeia abandone as idílicas metáforas dos planos de relançamento, e assuma um corajoso plano anticatástrofe: com eurobonds, uma Agência Europeia do Tesouro e um Fundo Orçamental Europeu.»

Manuel Maria Carrilho, DN

*É o que sugerem as previsões da OCDE.

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