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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

NÃO CHEGA

João Gonçalves 21 Mai 10


Já ninguém se lembra, mas por muito menos "trapalhadas" - o famoso «vocês sabem porquê» de Sampaio que ainda hoje não sabemos rigorosamente porquê - Santana Lopes foi varrido do governo. Na SICN, Lopes deu boas ideias ao país. Falou de ruptura, da necessidade de uma intervenção presidencial e, com coragem, que já não se pode ouvir o 1º ministro. Falou num governo de iniciativa presidencial que, até, inclua o PC. Como presidencialista, só posso aplaudir Santana Lopes. Nesta altura do campeonato, o tolhimento belenense por causa da recandidatura é inaceitável e torna-o progressivamente cúmplice deste "Sócrates dos últimos dias". Cavaco tem agora uma oportunidade única de se erguer por cima da mediocridade política consensual à qual Passos Coelho famosamente deu uma mão bem mordida por aqueles a quem ele a estendeu. A Cavaco ser reeleito porque sim, não chega.

AMIGOS DE PENICHE

João Gonçalves 21 Mai 10


Dizem-me que o debate parlamentar - na verdade um comício rasca do PS de Sócrates proporcionado pelo PC - foi encerrado pelo ex- MES do governo absolutista da finada legislatura, o inefável S. Silva. E também me disseram que Sócrates, o ex-MES e os caniches amestrados da banda de Assis atestaram baterias contra o PSD. É bem feito. Nunca há bom vento para quem não conhece o seu porto.

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Mota Amaral ambiciona exactamente o quê? E porquê? Que triste fim de uma carreira que tanto prometia, como recorda o leitor C. Silva Lima: «Em 25 de Abril de 1974, Mota Amaral era deputado da União Nacional (então chamada ANP). Todos os elementos da "ala liberal" (Sá Carneiro, Pinto Balsemão, etc.) tinham deixado a Assembleia nas eleições anteriores. Ele não. Há hábitos que nunca abandonam os eternos servidores do poder do momento.»

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«Debita sem cessar frases decoradas. Isso permite-lhe gastar o tempo sem responder a perguntas. Segundo, sempre que há uma má notícia da economia (mais desemprego, mais endividamento, etc.), Sócrates diz que "já se esperava", o que permite atribuir menos importância à notícia; se houver uma rara boa notícia (crescimento económico no primeiro trimestre, por exemplo), ele diz que foi uma "grande surpresa", o que aumenta o efeito positivo. Terceiro, usa em simultâneo a vitimização (vítima da crise mundial, vítima das perguntas dos jornalistas, etc.) e o ataque demolidor às perguntas e aos próprios entrevistadores. Na RTP1, Sócrates foi de uma grosseria imprópria de qualquer pessoa, a começar por um governante, na violência e má-criação com que se dirigiu a Judite Sousa e ao tratar José Alberto Carvalho com o desprezo de um mau patrão a um empregado, interrompendo-lhe todas as perguntas. A referência ao facto de o salário de Judite Sousa ser mais elevado do que o seu foi das manobras mais ignóbeis que algumas vez um político usou numa entrevista (...). Sócrates foi malcriado, o que é raro num entrevistado, e a nada respondeu. Além de não responder às perguntas dos dois jornalistas, também se livrou das que não chegaram a colocar-lhe, por falta de tempo, de vontade, ou porque Sócrates levou a entrevista para onde quis pelas técnicas referidas. Ficámos sem saber o que e onde cortará o Governo à despesa do Estado. Ignoramos o destino das obras faraónicas. Ignoramos o que foi transferido da independência nacional para Bruxelas. Ignoramos qual o alcance da crise, porque Sócrates oculta-a quanto pode. A entrevista a Sócrates confirmou um preço a pagar pela democracia. Com base na mentira, na ocultação e nas campanhas negras, Sócrates conseguiu ser reeleito. Agora, o país está contra ele e ele está contra o país - mas o país tem de o suportar. Espalhou-se a ideia feita de que é melhor Sócrates continuar do que termos uma "crise política" de alguns meses com eleições, etc. Todavia, também há um preço incrível a pagar por termos um governo surrealista, gasto, demagógico e que apenas quer continuar no usufruto do poder por cada dia que passa. Um país em que o povo está contra o Governo e o Governo está contra o povo por mais três anos e meio - isso, sim, é uma longa e trágica crise política que pagaremos todos bem caro.»

Eduardo Cintra Torres, Público


Nota: À notória má criação do "visado" no texto, ECT contrapõe a "delicadeza" de Passos Coelho na entrevista com Cunha e Sá. Um leitor "responde" por mim a esse fogo fátuo da "delicadeza" passista, manifestamente comprometida e submetida, afinal, à má criação do outro. «Esse Passos Coelho definiu-se muito bem quando a entrevistadora o confrontou com o famoso "pedido de desculpas"; " e não acha que deve um pedido de desculpas à dra. Ferreira Leite?" Resposta do senhor: "se achasse que devia, já o tinha feito..."»

AS ELITES EXEMPLARES,2

João Gonçalves 21 Mai 10

Quando fui beber um café, a meio da manhã, lá estava no plasma o inefável e admirável querido líder sem som. O gesto, a pose, a nota de rodapé a resumir a demagogia comicieira que é a única coisa que sabe fazer com gosto e sapiência. E sempre tão cheio de si como aqueles balões vazios à espera que uma máquina de feira os encha. Foi pena terem acabado com as "companhias residentes". Quando esta encenação acabar - e, um dia, fatalmente acabará nem que seja (como tudo o indica) mal - podiam aproveitar o homem para figurante em peças e óperas buffas. Figurante porque era fundamental garantir que, para todo o sempre, jamais abrisse a boca.

AS ELITES EXEMPLARES

João Gonçalves 21 Mai 10


FEIOS, PORCOS E MAUS

Compram aos catorze a primeira gravata
com as cores do partido que melhor os ilude.
Aos quinze fazem por dar nas vistas no congresso
da jota, seguem a caravana das bases, aclamam
ou apupam pelo cenho das chefias, experimentam
o bailinho das federações de estudantes.
Sempre voluntariosos, a postos sempre,
para as tarefas de limpeza após combate.
São os chamados anos de formação. Aí aprendem
a compor o gesto, a interpretar humores,
a mentir honestamente, aí aprendem a leveza
das palavras, a escolher o vinho, a espumar
de sorriso nos dentes, o sim e o não
mais oportunos. Aos vinte já conhecem
pelo faro o carisma de uns, a menos valia
de outros, enquanto prosseguem vagos estudos
de Direito ou de Economia. Começam, depois
disso, a fazer valer o cartão de sócio: estão à vista
os primeiros cargos, há trabalho de sapa pela frente,
é preciso minar, desminar, intrigar, reunir.
Só os piores conseguem ultrapassar esta fase.


Há então quem vá pelos municípios, quem prefira
os organismos públicos — tudo depende do golpe
de vista ou dos patrocínios que se tem ou não.
Aos trinta e dois é bem o momento de começar
a integrar as listas, de preferência em lugar
elegível, pondo sempre a baixeza em cima de tudo.


A partir do Parlamento, tudo pode acontecer:
director de empresa municipal, coordenador de,
assessor de ministro, ministro, comissário ou
director-executivo, embaixador na Provença,
presidente da Caixa, da PT, da PQP e, mais à frente
(jubileu e corolário de solvente carreira),
o golden-share de uma cadeira ao pôr-do-sol.
No final, para os mais obstinados, pode haver
nome de rua (com ou sem estátua) e flores
de panegírico, bombardas, fanfarras de formol.



José Miguel Silva, Movimentos no Escuro

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