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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

QUERIDOS VEGETAIS

João Gonçalves 6 Mai 10


O dr. Balsemão foi um dos piores chefes de governo do regime, coitado. Como escreveu um dia Vasco Pulido Valente, Balsemão não interessa. Todavia, aparentemente interessa a quatro dos seus assalariados, os alegres compadres da "quadratura do círculo". Que lhes faça a todos bom proveito que há muitos livros para ler.

«Irrita-me a felicidade de todos estes homens que não sabem que são infelizes. A sua vida humana é cheia de tudo quanto constituiria uma série de angústias para uma sensibilidade verdadeira. Mas, como a sua verdadeira vida é vegetativa, o que sofrem passa por eles sem lhes tocar na alma, e vivem uma vida que se pode comparar somente à de um homem com dor de dentes que houvesse recebido uma fortuna — a fortuna autêntica de estar vivendo sem dar por isso, o maior dom que os deuses concedem, porque é o dom de lhes ser semelhante, superior como eles (ainda que de outro modo) à alegria e à dor. Por isto, contudo, os amo a todos. Meus queridos vegetais!»


UM BELO EPITÁFIO SOBRE O TEMPO QUE PASSA

João Gonçalves 6 Mai 10


A propósito daquilo que se tem escrito e dito contra a visita do Papa a Portugal, vale a pena adaptar para esses prosélitos palavras de Ezra Pound, de 1917, as quais, se tais criaturas nelas conseguirem reparar no meio da sua estreita cegueira, acabam por constituir um belo epitáfio sobre o que eles representam no tempo que lhes calhou em sorte. E isto - digo-o ao abrigo do princípio da caridade - partindo do princípio que são inteligentes. «Só a mediocridade de um determinado tempo pode levar os homens mais inteligentes desse tempo a "quebrar com a tradição".»

O ROUBADOR E OS OUTROS

João Gonçalves 6 Mai 10


Dos gnomos pittico-corporativos da blogosfera, nem uma palavra sobre o roubador de gravadores. Também Assis, que é um tipo aceitável quando não está catatónico, veio em defesa daquilo, do roubador ténico, esquecendo-se que aquele gesto é uma metonímia grosseira da mesma labreguice que fundou as tentativas de agressão à sua pessoa em Felgueiras. Um cavalheiro - ou uma senhora - levantava-se, pregava, quando muito, um par de estalos nos entrevistadores, e saía sem olhar para trás como numa cena famosa do filme A Condessa Descalça. Só que, infelizmente, a labreguice é contagiosa e, regra geral, estão todos bem uns para os outros. Como o roubador de aparelhagem electrónica é membro de uma daquelas parvinhas comissões parlamentares, é bom estar atento não vá ele lembrar-se de, por se sentir "violentado psicologicamente", levar câmaras e microfones para parte incerta. Como aquilo ainda circula pelos Passos Perdidos é que não se compreende, dr. Assis.

Adenda de fim de tarde: Do pittico gnomo já houve pronunciamento. Será que anda a tirar o curso de direito nalgum estabelecimento comercial entretanto encerrado por ordem do eng. Gago? Ou será que é mais aquela coisa do humorista brasileiro que recomendava mais valer estar calado passando por parvo do que abrir a boca e acabar com as dúvidas?

Adenda (outra): O dr. Gama quererá ficar para a história como uma espécie de Américo Thomaz do parlamento, apenas mais apetrechado nos recursos vocabulares? Se não fosse tratar-se da segunda figura do Estado (o que, por si só, é facto de uma eloquência confrangedora), apetecia mandá-lo a qualquer lado.

Adenda da noite: Lê-se num rodapé de um telejornal que o dr. Assis acha que o país e o partido (dele) "precisam" do coiso que acabou de ir sentar-se no conselho superior de segurança interna (e ainda não eram conhecidas as suas habilidades com as mãos). Quanto ao partido, o dr. Assis deve saber melhor do que nós de que género de homúnculos precisa. Quanto ao país, do qual lamentavelmente faço parte e enquanto parte dele, o que mais desejo é que o coiso se foda.

Adenda Maria de Belém: Rídicula.

«Foi pena que o pragmatismo utópico, que já tantas vezes inspirou a construção europeia, não tivesse encaminhado as coisas para uma opção clara: ou se resolvia o problema grego abrindo caminho para um efectivo governo económico, o que de resto, no actual contexto da globalização, parece ser a única alternativa a uma marginalização cada vez maior da Europa. Ou se mantinha prudentemente individualizada, sem chantagens nem falsas promessas, a situação da Grécia, que negociaria com FMI [Fundo Monetário Internacional] uma solução para os seus problemas.Teria havido menos drama e, sobretudo, menos estragos. Porque o que abriu as comportas ao contágio foi, mais do que a arrogância da Alemanha, a persistente inconsequência da solidariedade europeia, enredada durante meses numa enorme desorientação, a lembrar frequentemente a história do barão de Münchhausen, que procurava sair de um pântano puxando pelos próprios cabelos… Para já, o saldo tende para o sombrio. O Tratado de Lisboa e os seus novos protagonistas descredibilizaram-se num ápice, e o poder na UE passou a ter um só rosto, o de Angela Merkel.»

Manuel Maria Carrilho, DN

Nota: Na Grécia, conforme previsto, é aquilo, o caos e, nas presidenciais palavras do de lá, o caminho para o abismo. Ainda acabamos todos a puxar pelos próprios cabelos sem sair do pântano e, quem sabe, a reabrir as gavetas das notas de conto no dia em que a senhora Merkel (ou outro por ela) se fartar de fazer de caixa multibanco. Aquele trio - Barroso, o senhor com nome parecido com o Popeye dos espinafres e momentaneamente Zapatero - que "governa" a Europa do tratado de Lisboa não conta nada. Vêm aí tempos gloriosamente sombrios como nota o nosso perspicaz autor. A situação é excelente, diria o desdentado Mao nos seus gloriosos tempos de doutrinador de metade da gente deslavada que nos meteu nisto. É bem feito. Entretanto, e por cá, é esta coisa em forma de assim. De lixo.

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