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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

GIULIETTA SIMIONATO (1910-2010)

João Gonçalves 5 Mai 10



Gluck: Orfeo ed Euridice, ária Che faro senza Euridice

SOARES, O CHEFE E O ISTO

João Gonçalves 5 Mai 10


O dr. Mário Soares, com os vastos anos de palco que possui, acabou, diante de Mário Crespo na SICN, de ignorar olimpicamente o ex-miúdo que pregava pregos numa tábua. Sempre preocupado com a "grande política", Soares limitou-se a referir que as presidenciais são só para o ano e agora o que importa é ter dinheiro para pagar as contas. Pena que tivesse começado a conversa a elogiar dois seres da pequena política e da mesma nomenclatura. Um, o chefe dela - alegadamente o recordista mundial em vitimização e privilegiado alvo da maledicência universal -, o outro, isto. O isto, se tivesse um módico de vergonha e de respeito por si mesmo, já nem sequer era deputado. Mas, enfim, era de Soares que falava e, parafraseando um ser humano precioso que não vem aqui ao caso, Soares, malgré lui, já pertenceu àquele reduzido número de homens que contaram, de facto, alguma coisa. O chefe e o isto contam nada.

RUÍNAS SOBRE RUÍNAS

João Gonçalves 5 Mai 10


«Pensando no estado em que está a Grécia, e pensando no estado em que tende a encontrar-se Portugal, em parte por responsabilidade de um governo cujo comportamento se aproxima da pura e simples delinquência, as emoções são mistas. Por um lado, a perda e a ruína são coisas bem reais. Por outro, a verdade é que Esparta ainda existe, o que quer que isso, "Esparta", queira dizer. Resta saber se o destino da Grécia será pior que o nosso, porque pelo menos George Papandreou, um homem inteligente, honesto, e além disso bem educado nos Estados Unidos, dá a ver aos seus compatriotas (um bocadinho selvagens, deve-se reconhecer) a situação em que estão, sem dourar a pílula. Vale a pena comparar com o engenheiro Sócrates? Não vale.»

Paulo Tunhas, i

UM VOSSO CRIADO

João Gonçalves 5 Mai 10


Ontem, em Ponta Delgada, Alegre saudou o sr. César - uma invenção recente do PS que lhe cata votos e que instituiu o "filhismo", o "primismo" e o "amiguismo" como forma de governar - como uma "referência" do PS e, pelos vistos, dele. Nem uma palavra para dois açorianos que, muito antes de se saber quem era o inócuo César, já tinham dado bastas provas como "referências": Jaime Gama e Medeiros Ferreira. Um fundou o PS e o outro, como MNE, por exemplo, solicitou formalmente a adesão do país à hoje UE, ajudou a flexibilizar o regime nos "reformadores" e é insuspeito de ter uma biografia escrita à pressa nos sofás das secções partidárias. Basta ler a sua intervenção no "congresso de Aveiro", no final dos anos sessenta, quando César ainda devia usar bibe, para afirmar desde logo Medeiros como intelectual e politicamente superior a qualquer cristão-novo da treta. Foi, anos a fio, o "cabeça de lista" pelos Açores e foi precisamente César quem lho pediu para ser porque percebeu (não é, evidentemente, um manifesto bronco) que alguém como Medeiros Ferreira podia dar à Região a visibilidade política que Mota Amaral, mais provinciano, não lhe quis ou soube dar. Sucede que Alegre, na lambedura inclinada da espinha que perpetrou à presente nomenclatura norte-coreana do PS nas pessoas do cacique César, do espertalhão dinossáurico Almeida Santos e do querido líder, hipotecou imediatamente aquela balofa retórica da "independência" e da "neutralidade" que apregoa aos tolinhos do "MIC" e à arq.ª Roseta. Apresentou-se, enfim, como o candidato que vai ser. Com um paninho branco dobrado no braço, pronto para o serviço.

OS PAPÁS, O PAPA E OS OUTROS

João Gonçalves 5 Mai 10


De manhã, na rádio, um qualquer de uma "liga" de associações de pais estava preocupado com o que fazer com as criancinhas no dia 13. Calha a uma quinta-feira e como a tolerância de ponto gerou várias intolerâncias circunstanciais, o papá - que esclareceu que os papás programam as férias em função dos monstros sem pescoço que são normalmente as suas crias e em tal cirúrgica programação não "vinha" o Papa - queria saber o que fazer com os meninos. Se fosse feriado, o papá faria o que normalmente faz: "ponte". Como não é, o papá tem "um problema" e exige serviços mínimos. É este país de pulhas oportunistas que Bento XVI vem abençoar. Para quê?

Adenda: Também anda por aí uma petição "laica" a pedir qualquer coisa com aquele tom de indignação que os gorilas fazem quando lhes negam comida, paródia e sexo. Por que é que não aproveitam o dia e vão todos ao jardim zoológico visitar parte substancial da família?

GRANDEZA

João Gonçalves 5 Mai 10

«Não são as paredes reles do meu quarto vulgar, nem as secretárias velhas do escritório alheio, nem a pobreza das ruas intermédias da Baixa usual, tantas vezes por mim percorridas que já me parecem ter usurpado a fixidez da irreparabilidade, que formam no meu espírito a náusea, que nele é frequente, da quotidianidade enxovalhante da vida. São as pessoas que habitualmente me cercam, são as almas que, desconhecendo-me, todos os dias me conhecem com o convívio e a fala, que me põem na garganta do espírito o nó salivar do desgosto físico. E a sordidez monótona da sua vida, paralela à exterioridade da minha, é a sua consciência íntima de serem meus semelhantes, que me veste o traje de forçado, me dá a cela de penitenciário, me faz apócrifo e mendigo.»

in Livro do Desassossego, por Bernardo Soares

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