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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU
De amor eu nunca amei senão desejo visto
ou pressentido. Um corpo. Um rosto. Um gesto.
E nunca de paixão sujei o meu prazer
ou o de alguém. Por isso posso

mesmo as audácias recordar sem culpa.
Tudo o que fiz ou quis que me fizessem
o paguei comigo ou com dinheiro.
E só lamento as vezes que perdi

retido por algum respeito. Errei
por certo - mas foi nisso. O que me dói
não é tristeza de quem dissipou

no puro estéril quanto esperma pôde
gastar assim. O que me mata agora
é este frio que não está em mim.

Jorge de Sena, 1967


O que diabo - o termo é adequado no contexto - será o "totalitarismo do orgasmo"? César das Neves parece um velho Reich, o Wilhelm, invertido, justamente quando alguns parágrafos do texto batem certo e umas quantas frases não. «A democracia (pode) estar a passar por um momento muito perigoso» mas não, de todo, por causa do dito "totalitarismo". Aliás, Sócrates e o seu regime são a própria antítese do orgasmo "reichiano". Para além disso, como reconhece César das Neves, «a nova lei, apesar de ser um marco milenar em termos formais, poucas consequências práticas terá (...) e as coisas ficarão quase na mesma.» Então para quê tentar o demónio?

PAROLOS

João Gonçalves 31 Mai 10




Exibiu-se uma meia dúzia de parolos chiques nos jardins da residência oficial de São Bento. O país, felizmente, não os conhece mas o primeiro-ministro fez questão de os homenagear como se de heróis se tratasse. Celebravam uma alteração ao Código Civil que entrou hoje em vigor. Para Sócrates, a coisa tornou logo o mundo "melhor" e o país, evidentemente, mais "igual". Os parolos em causa são fashion, do regime, pertencem à idade media e, por isso, Sócrates convidou-os para almoçar e aproveitou para os mostrar às televisões tal qual os directores dos zoos apreciam divulgar ninhadas de chimpanzés de estirpes em vias de extinção. E eles, como bons parolos, gostaram muito do tratamento que tomaram por distinção. A exibição reiterada da "diferença" é uma parolice que nenhuma lei, por muito "moderna" que seja, pode alterar. E velhinha como a canção de uma Shirley Bassey infinitamente mais "jovem", com 73 anos, que eles todos juntos.

Clip: Dame Shirley Bassey, BBC Electric Proms. Londres, 2009.

O "PROGRESSISMO" ALARVE

João Gonçalves 31 Mai 10


Gostava que o Rui Ramos respondesse a este texto (acaba por o fazer lá dentro) - como se costumava dizer - caviloso da sra. D. São José Almeida, eivado de preconceito e de "historiadores" com dor de corno porque não conseguiram escrever uma História de Portugal como a que ele coordenou. É esta a "cultura" do canastrão Alegre, não se esqueçam. Uma espécie de "progressismo" alarve, o galarim dos eternos compadres e comadres que se imaginam donos da "verdade" histórica. Porque são prosaicamente "de esquerda" e mandam genericamente na academia há trinta e tal anos onde só trocaram de partido.

UM RETRATO ANTI-ENTUSIASMO

João Gonçalves 31 Mai 10

Do "miúdo pregador de pregos" na poesia, "miúdo" de Sócrates, de Louçã e da arq. ª Roseta. Tantos meses do "entusiasmo" desta gente pela frente não lhe augura nada de bom. São criaturas que não dão sorte a ninguém.

O RAIO QUE OS PARTA

João Gonçalves 31 Mai 10

Hoje é dia para aqueles que vêem em todos os gestos de Israel um contributo para o bem estar da humanidade exultarem. Pois não é que aqueles beneméritos, não fosse o diabo tecê-las, atiraram "preventivamente" sobre uns barcos fretados que iam levar material de guerra para Gaza, tal como cadeiras de rodas e comida, com o pretexto de se tratar de Untermensch pró-palestiano? A obsessão sionista de um Lebensraum justifica tudo a começar por um juízo unilateral do princípio da proporcionalidade, um acesso tipica e reiteradamente fascista. Livrai-nos, pois, de todos os que têm medo até do próprio medo e que julgam que só assim são "corajosos", "patriotas" e se livram de traumas congénitos. Não sou pacifista nem ingénuo, mas a "causa" israelita, assente na desconfiança universal e na exigência de uma global curvatura perante suas excelências, causa-me mais náusea do que qualquer outra coisa. O raio que os parta.

Adenda: Este post de Do Médio Oriente e Afins. Já agora, e para evitar comentários a comentários, por que é que os domésticos sionistas friendly não trocam o conforto do "doce Portugal" pelo extraordinário bastião dos "valores" ocidentais que é Israel (e zonas limítrofes) em vez de apenas hastearem a bandeirinha no quentinho da casa deles?

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QUEM SABE, SABE

João Gonçalves 30 Mai 10


«Para quem, como eu, participou, há 5 anos, na campanha presidencial de Mário Soares, não é difícil prever o que se vai passar com a candidatura de Manuel Alegre, agora com o apoio dos dirigentes do PS.»

José Medeiros Ferreira, Córtex Frontal

PUXA-SE MAS NÃO DÁ MAIS

João Gonçalves 30 Mai 10

Mais anos de escolaridade obrigatória mas estamos no mesmo "posto" de 1960, em pleno "fascismo", e atrás da Turquia de acordo com a OCDE. O Banco do ainda governador Constâncio também reparou na coisa. «Portugal nunca conseguiu acompanhar os seus parceiros europeus no aumento do nível de qualificações da população activa.» Salazar tinha razão. A gente puxa, puxa mas isto não dá mais.

A MÁ EDUCAÇÃO PROGRESSISTA

João Gonçalves 30 Mai 10

Parece que Sócrates - um modelo do "progressismo" mundial e de "homem de cultura" como, por exemplo, Chávez - mandou o seu PS albanês apoiar Alegre precisamente em nome dessa coisa em forma de assim chamada "progressismo" e da "cultura". Alegre decerto não se fará rogado no papel de Américo Thomaz do dr. Louçã e do admirável líder. Que, aliás, nunca deixa de surpreender pelo fino trato e pela esmerada educação.

FRIAMENTE

João Gonçalves 30 Mai 10

«De repente, Portugal inteiro começou a falar obsessivamente das presidenciais? Porquê? Por três razões. Primeiro, porque só depois delas se poderá resolver o verdadeiro problema político do país, que é, de facto, Sócrates. Segundo, porque tanto Cavaco como Alegre parecem vulneráveis. Terceiro, porque a eleição de Alegre mudaria profundamente o equilíbrio interno do PS e do PSD. Com Alegre em Belém à custa do PC e do Bloco, o PS tarde ou cedo acabava por ser puxado para a esquerda e por se tornar irrelevante e marginal. E, sem Cavaco no horizonte, o PSD, livre de uma geração já morta, e de resto falhada, ficaria com o caminho aberto para a direita e para uma hegemonia durável no país, principalmente se conseguisse fazer um pacto com o CDS, que no fundo nada de sério ou de profundo impede. Apesar de Presidente em exercício, uma vantagem sem preço, a fraqueza de Cavaco é óbvia. Prometeu na campanha - se ainda se lembram? - devolver Portugal ao crescimento e à prosperidade, em "cooperação estratégica" com a maioria socialista. Às quintas-feiras, como um aluno atento, recebia a orientação do mestre e, se a cumprisse, tudo voltava à ordem rapidamente. Era uma ideia catedrática da Presidência, que morreu de inoperância e ridículo. Sócrates colaborou na farsa quando lhe convinha e ignorou o resto; Cavaco assistiu inerme à pior crise económica da democracia. Pior do que isso: o PS, da lei do divórcio ao casamento de homossexuais, não contemporizou com ele e ele engoliu passivamente o que lhe serviram, para grande fúria da Igreja e do conservadorismo indígena. Estes cinco anos de pura decadência, se me permitem a palavra, deixaram um mau gosto e não o recomendam. Quanto a Manuel Alegre, manifestamente não percebeu que o projecto de juntar o PS ao Bloco (e, a seguir, ao PC) é a melhor maneira de criar uma guerra civil endémica no PS (como a do PSD) e de o eliminar por anos como partido de governo. A oratória difusa do candidato e a vacuidade programática da esquerda talvez ganhem uns votos, num país desesperado e perdido. E são com certeza um alívio para o ressentimento acumulado da "inteligência" bem-pensante. Mas não resolvem problema nenhum. Alegre, em Belém, ou se virava do avesso (coisa simplesmente impensável), ou seria sempre uma força de instabilidade e conflito. Nem ele, nem Cavaco prometem nada de bom a Portugal. A nossa desgraça é que não há outros.»

Vasco Pulido Valente, Público


Nota: A crónica de VPV é publicada na íntegra, com a devida estima por quem me ajuda a pensar há mais de trinta anos. Lamento que muitos leitores encarem estas coisas como se estivessem a ler a falecida "crónica feminina", o "24 horas" ou a tirar o pai da forca. Como presidencialista, não acompanho a desmobilização voluntária de Cavaco a favor do regime. Preferiria que se recandidatasse propondo ao país uma ruptura constitucional e um sistema de liderança presidencial inequívoco. Seria, aliás, a consequência lógica do que disse aquando do estatuto do sr. César. Todavia, Cavaco tem a crise a pairar e, por ser PR, não deixou de ser economista. Não salvará, nem ele nem ninguém, uma coisa que, pela natureza dela e das gentes, já não tem salvação. Aqueles que andam a rasgar calças, cabeções, vestidos e turbantes porque Cavaco fez ou deixou de fazer, deviam pensar - se tiverem cabeça para isso - na alternativa. Repito o desafio. Arranjem melhor dentro ou fora daquilo que imaginam que não presta, como sugere o Pereira Coutinho, ou continuem a lançar lama para a ventoínha que Sócrates agradece. Este blogue - o seu autor - apoiará a recandidatura de Cavaco se ela acontecer e quem o quiser ler assim lê, quem não quiser, não lê. Sem reverências ou respeitinho cego. Tentem, para variar, ser inteligentes nas "críticas" como o Vasco o que já é mais difícil. Porém, essa é a vantagem da liberdade de expressão. A minha, pelo menos. E não me a tiram.

PONTO FINAL

João Gonçalves 29 Mai 10


«É a melhor das hipóteses possíveis.» (Bagão Félix, motu proprio)

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