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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

O ENTERTAINER CAMARÁRIO

João Gonçalves 29 Abr 10

António Costa, um tipo que mal sabe tratar da intendência de uma miserável câmara, pretende dar lições de economia e finanças europeias enquanto mero entertainer televisivo. Os outros três bonzos que o comprem e o dr. Balsemão que lhe pague que não tenho troco para tagarelas.

AS RAZÕES DO PAPA

João Gonçalves 29 Abr 10


Venho do lançamento do livro da Aura Miguel sobre Bento XVI. Marcelo, um católico optimista, apresentou. Revi amigos sem data nem marcações prévias como o João Seabra e o João Amaral, da editora, de quem partiu a ideia do livro. A Aura é jornalista de profissão e a única que acompanha as viagens papais com estatuto de "vaticanista". Neste sentido, a Aura é atípica da monomania jacobinóide e materialista que tomou conta da quase totalidade dos media e que só serve, afinal, para revelar analfabetismos funcionais, ignorâncias várias e preconceitos chiques. A maior parte dos que escrevem contra Ratzinger são burros e burras simples. Sucede que a mensagem deste Papa é demasiado elementar na sua aparente complexidade. É, aliás, a única mensagem verosímil da Igreja neste tempo - uma mensagem radical, altamente exigente, como recordou Marcelo. Porque, nesta Europa secularizada, nós, católicos, somos uma minoria apesar das estatísticas, coisa que Bento XVI não se cansa tranquilamente de repetir diante de uma pessoa ou de milhões delas. A Aura falou de um Papa que aí vem que nos quer inteligentes precisamente porque a fé, na razão, acrescenta vida à vida. Este livrinho de menos de cem páginas ajuda a perceber porquê. (Nota: amanhã, dia 30, o livro é apresentado na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, às 19h00, por D. Manuel Clemente)

O REMAKE DE LINO

João Gonçalves 29 Abr 10

O ministro das finanças está certo quando defende a reavaliação da megalomania betoneira palonça. O ministro-sombra de Mário Lino está errado. Noutros tempos, o ministro das finanças mandava, como deveria mandar na presente situação. O ministro-sombra de Lino, ao insistir no powerpoint propagandístico, não percebe que está a comprometer a hipótese de qualquer "sucesso" social de eventuais medidas de "contenção" que venham a ser tomadas. O dr. Mendonça é a prova viva de que só o bom ar não chega.

PASSOS E O SEU DUPLO

João Gonçalves 29 Abr 10

Este Passos é o mesmo Passos dos salamaleques regimentais de ontem?

«VERSOS A UMA CABRINHA QUE EU TIVE»

João Gonçalves 29 Abr 10

Com seu focinho húmido
Esta cabrinha colhe
Qualquer sinal de noite
De que a erva se molhe.

Daquela flor pendente
Pra que seu passo apela
Parece que a semente
É o badalinho dela.

Sua pelerina escura
Vela-a da noite sentida;
Tem cada pêlo uma gota,
Com passos, poeira, vida.

De silêncio, silvas, fome,
Compõe nos úberes cheios
Toda a razão do seu nome
E fruto de seus passeios.

Assim já marcha grave
Como os navios entrando,
Pesada dos pensamentos
Da sua vida suave.

E enfim, no puro penedo
De seus casquinhos tocado,
Está como o ovo e a ave:
Grande segredo
Equilibrado.


Vitorino Nemésio, Eu, comovido a oeste (1940)

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AS ILUSÕES DA TRANSPARÊNCIA

João Gonçalves 29 Abr 10



«De onde vem este fascínio pela transparência? Ele decorre da convergência de três factores: em primeiro lugar, da generalização da infidelidade que acompanha a desenvolta afirmação do individualismo moderno, que sacudiu todas as fidelidades tradicionais, sejam elas ideológicas ou amorosas, religiosas ou políticas. Depois, da "pipolização" mediática, que consagrou na prática o voyeurismo como um direito de saber tudo, transformando assim automaticamente todo o segredo em algo de suspeito. E, por fim, da desafeição dos cidadãos em relação à democracia representativa, em geral vista como indiferente em relação aos seus problemas mais prementes. O fascínio pela transparência vem de que, em todos estes casos, ela compensa um défice de confiança. Mas essa compensação é ilusória porque, ao contrário do que tantas vezes se diz, só há confiança quando, justamente, há segredo. É precisamente o facto de não se saber tudo - na amizade, nos negócios, na política, etc. - que dá sentido à confiança. Confiar é, sempre, acreditar para lá do que se sabe*. O que acontece num mundo em que a fidelidade se tornou descartável e em que a inconstância se transformou num valor social positivo é que a transparência emerge como a mais consoladora - mas também, talvez, a mais enganadora - das respostas às mais variadas formas de desconfiança que atormentam os cidadãos, quer elas se traduzam em insegurança ou em ciúme, em inveja ou em suspeita, em cólera ou em revolta. A força da transparência vem, em boa parte, do que ela esconde: é quando a sociedade da desconfiança triunfa que a exigência de transparência mais se impõe. É por isso que é necessário valorizar o segredo pessoal, a reserva social e a confidencialidade política. Mas fazê-lo ligando esse esforço a uma inequívoca afirmação da responsabilidade, que deve ser feita, mais de informação do que de manipulação, mais de humildade do que de prepotência, mais de respostas do que de escutas. A revitalização da responsabilidade é o único antídoto eficaz para as patologias da transparência.»

Manuel Maria Carrilho, DN
*Como algúem inequivocamente do campo do pessimismo antropológico, e ao contrário do autor, desconfio sempre para além daquilo que sei. E mesmo daquilo que sei desconfio.

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