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portugal dos pequeninos

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SE FOSSE EU A ESCREVER ISTO QUE SUBSCREVO

João Gonçalves 17 Abr 10


«E vai mais uma com um ajuste directo ao assunto: Imprensa-Apesar-De-Tudo-Muito-Mais-Livre destes poucos patrões de jornais e televisões e sinergias e betinhos jornalistas e jornalistas betinhos. A imprensa do tempo Pacheco era feita de outra forma, tão esquisito eu aqui a pensar que apesar da censura a Imprensa era mais livre. Não era, claro, mas de certa forma era. Explicarei melhor noutra altura. Pois então, Pacheco Luiz editou preciosidades e no resto? Uma alma de crápula e fiscal. Não se endeuse quem nem sequer suportaria saber-se assim colocado numa peanha. Pacheco não tem obra mas opúsculos, pagelas, folhecas. A questão pachecal é que cada um dos seus opúsculos, pagelas ou folhecas e tudo isto junto tem mais peso na cultura nacional que as toneladas de livros editados em Portugal. De há muito que a literatura não me interessa para nada. Em especial a portuguesa. Está tudo escrito e quanto ao rescrito, lamento mas é mau. Quase tudo muito bera. »

Fátima Rolo Duarte, fworld

AS PRESSAS DO DR. TAVARES

João Gonçalves 17 Abr 10

O dr. Miguel Sousa Tavares, no Expresso, sem link, sustenta que o Papa está preso por um fio e que ainda vai ter de renunciar (parece que dr. Tavares apreciaria o exercício). Qual misto de Lombroso com prof. Karamba, o dr. Tavares, aliás, conseguiu logo detectar, nos olhos do novo Papa, vai para cinco anos, uma fatalidade. Não me passaria pela cabeça pedir ao dr. Tavares que renunciasse à sua impressionante cadeira de grande "escritor" português contemporâneo conforme o Metro e as praias o atestam copiosamente. Felizmente o dr. Tavares reconhece que a Igreja repousa sobre dois mil anos de sabedoria e de resistência. E que, mesmo apesar disso (ou por causa disso), está, melhor do que ninguém ou alguma seita corporativa ou sexista "correcta", habilitada a viver em minoria como o então cardeal Ratzinger advertiu nos anos setenta do século passsado. Por isso, dr. Tavares, tenha calma que no dia em que a "igreja tal como a conhecemos" acabasse, era o homem, tal como o conhecemos, quem tinha acabado.

«E CREIO QUE ISTO BASTA»

João Gonçalves 17 Abr 10


Ontem, à saída de uma reunião, e quando me preparava para cumprimentar uma das circunstantes, a senhora fugiu esbaforida e indignada porta fora clamando ser mulher de não sei quem. O que é que a referida senhora não teria feito se alguém tivesse escrito, com todas as letras, que o não sei quem com quem é casada é um "filho da ...." como esse não sei quem escreveu acerca de quem apenas a pretendeu cumprimentar. Há mãos que, afinal, embalaram berços que não serviram para nada. A jovem afogueada e catolicíssima senhora que me perdoe a sugestão - ando muito com ele agora - mas leia, se puder, o prefácio de Jorge de Sena ao seu livro de contos Os Grão-Capitães. Dizem-me, alguns amigos, que sou (ando) muito amargo e, outros, que ressumo crueldade e veneno. Pois bem. Sena afirmava cruéis os ditos contos. E continuava. «Diz-se às vezes que há muito amor do mal no evocá-lo e referi-lo. E que é disso que ele se perpetua. O mal não se perpetua senão ao pretender-se que não existe, ou que, excessivo para a nossa delicadeza, há que deixá-lo num discreto limbo. É no silêncio e no calculado esquecimento dos delicados que o mal se apura e afina - tanto assim é, que é tradicional o amor das tiranias pelo silêncio, e que as Inquisições sempre só trouxeram à luz do dia as suas vítimas, para assassiná-las exemplarmente. Por outro lado, o que parece amor do mal é uma infinita piedade de que os "bondosos" e os "puros" se cortaram: uma compreensão e um apelo em favor de que o amor do "bem" não alimente nem justifique a monstruosidade do mal, tanto mais monstruoso quanto mais, a idealização desse "bem" o confinou a ser. Assim, se estes contos são cruéis, a crueldade não é deles, nem de quem os escreveu, mas do que fizeram à vida. E esta só é monstruosa, não porque algo o seja em si, e sim porque o repouso egoísta, a ignorância, a falsa inocência, são sempre feitas de um crescente juro de monstruosidade (...). Num dos meus contos, de que mais gosto, Mar de Pedras, fiz que um sábio que era um santo dissesse, compreendendo-os e perdoando-lhes, a ladrões e assassinos: «Nunca vos falaram como a filhos, nunca vos pagaram como a homens, nunca vos trataram como a anjos.» E creio que isto basta, minha senhora.

UMA COISA DECENTE

João Gonçalves 17 Abr 10

At the first turning of the second stair
I turned and saw below
The same shape twisted on the banister
Under the vapour in the fetid air
Struggling with the devil of the stairs who wears
The deceitul face of hope and of despair.

At the second turning of the second stair
I left them twisting, turning below;
There were no more faces and the stair was dark,
Damp, jaggèd, like an old man's mouth drivelling, beyond
repair,
Or the toothed gullet of an agèd shark.

At the first turning of the third stair
Was a slotted window bellied like the figs's fruit
And beyond the hawthorn blossom and a pasture scene
The broadbacked figure drest in blue and green
Enchanted the maytime with an antique flute.
Blown hair is sweet, brown hair over the mouth blown,
Lilac and brown hair;
Distraction, music of the flute, stops and steps of the mind
over the third stair,
Fading, fading; strength beyond hope and despair
Climbing the third stair.


Lord, I am not worthy
Lord, I am not worthy

but speak the word only.


T.S. Eliot, Ash Wednesday (excerto)

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