1. «O pensamento totalitário é aquele que define o mundo em função de certo e errado e aglutina tudo em função dessas categorias.» É tipicamente o seu, Fernanda Câncio, ou precisa de explicador? Mas, não vá dar-se o caso de não querer perceber apesar de se auto-intitular "jornalista", aí vai:
2. «
Esta estratégia de controlo pelo dinheiro ficou absolutamente clara na declaração de Sócrates a José António Saraiva por este agora revelada (
i, 10/2):
"Isto de a gente tentar comprar jornalistas é um disparate, porque a melhor forma de controlar a imprensa é controlar os patrões." Esta frase é lapidar como exemplo negativo; deve entrar directamente para os manuais de ciência política. Retrata exactamente parte do que tem sucedido em Portugal.
Controlando os patrões, condiciona-se as empresas por inteiro. A imprensa é livre, mas os jornalistas não. Precisam de salário ao fim do mês, como toda a gente. Contrariar o Governo, por interposto patrão, pode significar perder o emprego, promoções, etc.
As boas pessoas entram em processo de autocensura; algumas más pessoas entregam-se ao poder político.
Com empresas de media e jornalistas fragilizados, o Governo pôde e pode fazer uma barreira de fogo de imposição de notícias, de agenda e de soundbites através de telefonemas, do próprio Sócrates ou de assessores governamentais. Acresce o controlo governamental político e financeiro da Lusa e da RTP. Na TV do Estado acumulam-se diariamente os casos de condicionamento da livre actividade jornalística.
O caso do Telejornal é escandaloso, mas o Jornal da Tarde, feito a partir do Porto, é explosivamente escandaloso no servilismo à estratégia comunicacional do Governo até ao mais mínimo detalhe. O caso mais recente ocorreu no dia das primeiras revelações do
Sol, 05/2, criando um "motim" na redacção (
CM, 10/2). Desde 2005, há também o controlo da ERC, peça fundamental para atacar o jornalismo independente e abrir caminho à estratégia do Governo. Último episódio: o presidente da "reguladora" não quis analisar o caso TVI (não interessava ao Governo). Ele e a alma gémea, Estrela Serrano, puseram-se à parte desse inquérito, num acto de sedição dentro da própria instituição.
No conjunto destas acções directas ou indirectas resulta uma estratégia de condicionamento geral, de anestesia, com semelhanças à de Putin na Rússia (aí com recurso à violência): uma democracia formal, com as liberdades de informar e opinar intactas - mas com condicionamento das vozes críticas e das notícias inconvenientes. A estratégia da aranha completou-se com o controlo do topo do aparelho judicial, a paralisação do funcionamento dos tribunais, as tentativas de condicionar os juízes e o desesperado recurso, ontem, por um homem de mão de Sócrates, de usar uma providência cautelar para impedir o
Sol de noticiar o "esquema".
Com audições anódinas, o Parlamento contribuirá para denunciar o Governo, mas não tomará medidas importantes para desbloquear Portugal. Quanto ao Presidente da República, o Governo conseguiu condicionar-lhe a palavra no momento crítico pré-eleitoral e neste momento Cavaco Silva revela considerar mais importante o controlo das finanças do que promover uma solução para o bloqueio político-institucional que varre a sociedade portuguesa de alto a baixo, apesar de esse bloqueio também contribuir para o agravamento da situação financeira.
O círculo do "esquema" fecha-se e gira sem cessar e sem solução. É a isso que se chama "pântano", metáfora do bloqueio generalizado do sistema político. Enquanto a Justiça, o Presidente, o Parlamento e o PS democrático - todos nadando no "pântano", alguns contra vontade - não se livram deste primeiro-ministro nefasto para a democracia e o país, mais não resta do que continuar a denunciar o bloqueio, os abusos, as ilegalidades e os condicionamentos da livre actividade de informar, opinar e manifestar usando as liberdades formais. Eu estou com os autores dos blogues que dizem que preferiam escrever sobre outras coisas, em vez de termos de nos preocupar sistematicamente com a política e os perigos para o exercício da liberdade. Mas desde 2005 que me sinto obrigado por dever ético de cidadania a descrever e criticar o caso Sócrates, que é outro nome para o pântano.
A resistência democrática e republicana a este Governo nefasto calha melhor neste ano de centenário do que os elogios ao regime de Afonso Costa, esse José Sócrates de há um século que levou a República à ruína e à ditadura.» (
Eduardo Cintra Torres, Público).
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...