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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

"CALHANDRICES"

João Gonçalves 1 Fev 10

O governo aparentemente reagiu a isto apelidando Crespo de "calhandreiro". O problema é mais a coincidência de calhandrices nos derradeiros cinco anos. E não consta que Crespo, apesar de todos os seus defeitos ou qualidades, tenha estado envolvido nalguma delas.

O FIM DA INTELIGÊNCIA

João Gonçalves 1 Fev 10



Tive uma reunião de condomínio que costuma ser uma pequena amostra do que é Portugal e do que são os portugueses. Chego a casa e está a D. Fátima, de perna traçada num palco, a dar início ao seu "momento casa do artista" na RTP. Pelo menos começou bem, com Medina Carreira: «estamos a chegar ao fim da inteligência e do bom senso.» Não é recomendável ouvir mais nada porque três horas de programa ficam assim perfeitamente resumidas. E o regime também.

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CRÓNICA DE UMA CRÓNICA CENSURADA

João Gonçalves 1 Fev 10

"Vendo" isto como me "venderam" a mim. Uma crónica de Mário Crespo que devia ter saído no folheto Jornal de Notícias - uma espécie de "diário da manhã" do actual PS - aparentemente não saiu porque o jornal invocou que "contém matéria noticiosa que carece de investigação, terminando assim uma colaboração de dois anos de crónicas.» Fica aqui para quem a quiser ler até porque sou insuspeito de "adular" Mário Crespo. Então, menos de vinte quatro horas depois do início oficial do "centenário", já se anda a copiar o pior PRP, o tal "reformista" e prenhe de "ética"? E os blogues "fracturantes", da esquerda caviar dos idiotas úteis, não dizem nada?

«Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.»


Adenda em jeito de "complemento":«Nunca pensei que estava a tocar num ninho de víboras, mas foi isso que aconteceu.»

A PIROSEIRA

João Gonçalves 1 Fev 10


Cavaco fez ontem no Porto o discurso de abertura das comemorações do centenário da república (com letra pequena porque se percebeu que é mesmo a do 5 de Outubro que eles querem comemorar). Para além de citar "vultos" literários como Miguel Torga, João de Deus ou Guerra Junqueiro, Cavaco apelou a que nos enchessemos do mesmo "espírito" da falhada sargentada do 31 de Janeiro de 1891. E referiu a estafada ética que, em cem anos, ainda não apareceu a não ser na retórica do regime. O PR perdeu uma boa oportunidade para, sem complexos, deitar de uma vez por todas para o caixote do lixo da história certa mitologia republicana, "afonso costista", que só serviu para difamar a República. Sócrates, por seu lado, elogiou o "reformismo" dos ditadores do PRP provavelmente achando-se, com alguma razão, seu herdeiro natural. Que piroseira.

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