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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

O VALE ESCURO

João Gonçalves 27 Jan 10


«Num lugar como este faltam as palavras, no fundo pode permanecer apenas um silêncio aterrorizado um silêncio que é um grito interior a Deus: Senhor, por que silenciaste? Por que toleraste tudo isto? É nesta atitude de silêncio que nos inclinamos profundamente no nosso coração face à numerosa multidão de quantos sofreram e foram condenados à morte; todavia, este silêncio torna-se depois pedido em voz alta de perdão e de reconciliação, um grito ao Deus vivo para que jamais permita uma coisa semelhante.»

Bento XVI, Aushwitz-Birkenau, Maio de 2006

OS AMIGOS DE PENICHE

João Gonçalves 27 Jan 10

«Por todo o lado: Grupo Espírito Santo, através de um fundo imobiliário, é o proprietário do terreno que desabou para a CREL na sexta-feira», José Manuel Fernandes no twitter. E "ameaça" o senhor Salgado com o abandono do país por parte de "colegas", i.e., banqueiros por causa da tributação (coitadinha dela) sobre eles.

O REGRESSO DOS MAUS RAPAZES - 2

João Gonçalves 27 Jan 10


O Público apresenta hoje um artigo cientifico que diz que "estão a criar-se rapazes frustrados". O fenómeno refere-se ao ensino e ao emprego. Interessa, pois, puxar pela cabeça: o sexo feminino assume hoje uma predominância no meio académico e, por consequência, uma cada vez maior efectividade de funções nos cargos de topo privados e públicos. Até aqui tudo bem se, como acontece, isto não fosse o efeito adjacente a uma suposta "cultura de igualdade". Como sugerem cientistas devidamente creditados, o fenómeno aparece no seguimento de uma total inversão da "prova do crime". Simplesmente, e com exagero, virou-se o bico ao prego e, naturalmente, a igualdade continuará sem existir mas desta vez ao contrário. Como se fosse uma moda. Chegará uma altura, como também é costume na História, em que vai voltar-se atrás. Estupidamente, existirá por certo um revivalismo do machismo e do modo masculino de gerir institucional e familiarmente porque irão surgir ideias ridículas de que as mulheres estragaram tudo pelo facto de serem mulheres e não porque o que levou a que as mulheres aparecessem de outra forma não tenha sido mais do que a alimentação de um preconceito contra elas próprias, indirectamente, e directamente contra os homens no padrão da actualidade. Com efeito, não adianta andar muito preocupado porque, com mulheres ou com homens, o que conta são cabeças e essas continuarão a ser tão medíocres ou tão espectaculares como antes foram. Se os homens estão preocupados com as suas cada vez mais diminuídas oportunidades, é da maneira que passarão a existir grandes homens na proporção que sempre existiram grandes senhoras.
Fora isto, convém acrescentar que a mulher é muito mais perspicaz do que o homem, principalmente se se comparar a mulher média com o homem médio. Basta andar na rua e perceber que meninas de 13 anos conseguem perfeitamente mascarar a sua idade física e mental em comparação com rapazes que só têm interesse, quando o alcançam, para lá dos vinte anos. Também é curioso notar que, enquanto os rapazes andam entretidos no surf, na playstation, nas gajas, nas bebedeiras, ficando-se por aí, elas, ao mesmo tempo que dão para todos esses peditórios same age, percebem rapidamente o ascendente que a sensualidade tem em tudo o que mexe para lá da sua geração e, além disso, também percebem mais instintivamente que, afinal, a vida pública é muito mais feminina do que masculina no sentido em que a vida pública vive de intriga.

O GOSTO PELO FOLCLORE

João Gonçalves 27 Jan 10

Esta conversa é um pastiche do que é o "literato" português contemporâneo e do que é o "jornalismo cultural" perpetrado por cá em jornais e revistas, salvo uma ou duas honrosas excepções. E basta uma frase para resumir o paupérrimo exercício. «Em valter, não sobra nada de Salazar. Talvez sobre o fado, "que ele promoveu e abraçou", ou o gosto pelo folclore.» Ou, podia perguntar-se ao "valter" e aos candidatos a "valter", o que é que ainda hão-de fazer com o "fascismo"?

Adenda: Por falar em folclore, há o outro Valter, com maiúscula, o Lemos. Como nota um leitor, «Valter Lemos, ex-secretário de Estado da Está-na-Hora-Está-na-Hora-De-a-Ministra-Se-Ir-Embora, anunciou solenemente que não apoiará uma candidatura presidencial de Manuel Alegre. Consta que Alegre ficou extraordinariamente preocupado.»

TALVEZ NÃO

João Gonçalves 27 Jan 10


«É necessário melhorar o combate à corrupção», disse o conselheiro Pinto Monteiro por ocasião da abertura regimental do ano judicial e de quem, entre outros, depende o dito combate. Dito assim, até parece que o conselheiro Pinto Monteiro não é o PGR. Tal como, dada a elevação do momento retórico reiterado anualmente, parece que o presidente do STJ não é presidente do STJ e que os agentes políticos que oficiam na cerimónia não são agentes políticos. Há demasiada "teoria" acerca da justiça e a justiça é cada vez mais injusta. Um mistério. Ou talvez não.

O REGRESSO DOS MAUS RAPAZES

João Gonçalves 27 Jan 10


Este artigo - que resulta de trabalhos de investigação académica sobre o assunto - parece sugerir que os meninos e as meninas deviam estudar separadamente. Quando comecei "à escola", não havia preocupações de "género", um termo que apareceu recentemente não fossemos nós não reparar em pessoas que gostam de exibir que são isto ou aquilo. Aos poucos, o Estado optou por juntar tudo e, apesar da extravagância dos primeiros tempos, a presença feminina nas universidades impôs-se. As moças perceberam rapidamente a vantagem da foçanguice numa sociedade dominada pelos equívocos do "mérito". E os moços não perceberam que a retórica da igualdade pendia inevitavelmente para um lado e que esse lado, o gineceu, tomou conta de quase tudo. Não é apenas a disciplina (ou a falta dela) que explica tudo. As moças há muito que não de distinguem por serem "prendadas" ou exímias em "lavores femininos". Algumas até podem ser loiras e burras mas serão infinitamente menos frívolas do que eles. Onde eles desistem, elas persistem. Onde eles caem, elas levantam-se e prosseguem de saltos altos ou sapatilhas Timberland. É por isso que a balança da igualdade se desequilibrou sem remédio. Ninguém permite mais que se trate o igual de forma e igual e o diferente de forma diferente. O título do artigo - "vem aí uma geração de rapazes frustrados" - esconde uma falácia. É que eles já são frustados. E elas já perceberam.

FORA DO MOSAICO

João Gonçalves 27 Jan 10

Neste mosaico de livros, há dois autores portugueses. O morto é um grande morto e o livro é um belo livro escrito na nossa língua. Ça va de soi. O vivo está simplesmente vivo o que já não é mau. Só não percebo por que é que está "mais vivo", enquanto autor da mesma editora, do que Passos Coelho que "saiu" ao mesmo tempo dos outros e que, parece, não se anda "a sair" mal.


Adenda (à adenda): Mas eu não sou candidato a nada. Apenas notei a falta do nosso jovem Passos num universo onde há tantos candidatos a escritor que ainda usam cueiros e que,mesmo escritores um dia, não deixarão os cueiros. Nem tu imaginas quantos e quais. E o intuito foi mesmo o literal: não o deixar de fora, sem ironias. Quando é para usar o usar o pingalim, é mesmo para usar o pingalim. Ou não tivesse eu convivido com a arma de Cavalaria.

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A DANAÇÃO DE DAMMANN

João Gonçalves 27 Jan 10



No corredor do Coliseu encontro alguém que me diz que cancelaram uma coisa qualquer da medíocre temporada lírica em curso no São Carlos. E porquê? Porque prosaicamente faltou o tenor. Ora sou do tempo em que, com Paolo Pinamonti (e, antes dele, com os directores que conheci, de Paes a Serra Formigal, de Ribeiro da Fonte a Ferreira de Castro), se fazia o trivial, uma substituição. Num ano, 1982, Cossotto estava anunciada para uma Carmen e foi substituída por uma jovem e genialmente inesperada Victoria Vergara que deu ao São Carlos uma das melhores heroínas de Bizet de sempre. A escolha do encriptado Mário Vieira de Carvalho para o TNSC, o alemão Christoph Dammann, foi das coisas mais catastróficas que atingiram o coração do nosso único teatro de ópera, um teatro nacional. Gabriela Canavilhas, a actual titular da Cultura, tem a estrita obrigação de perceber isto sobretudo por causa da sua formação. E se não perceber, a evidência fala por si. Remova Dammann - e outras figuras menores - e reponha Pinamonti. Sou dos poucos à vontade para defender isto. No mesmo corredor e na mesma conversa participou o Prof. Jorge Miranda, um espectador com assinatura antiga no São Carlos. Tenciona acabar com ela. Moral da história: "acabem" com Dammann antes que ele acabe com o São Carlos.

Clip: Abertura Egmont, Beethoven. Georg Solti. 1996. Em resposta a um leitor, o concerto foi fraquinho. Gardiner esteve bem melhor no dia de ano novo em Veneza, no La Fenice, que acompanhei no canal Mezzo. Notava-se que a orquestra anda em "digressão artística". Maria João Pires foi Maria João Pires, nem mais nem menos.

O FARDO

João Gonçalves 27 Jan 10

Enquanto o ministro das finanças explica em directo as provações para 2010, passa em rodapé que o governo português vai emprestar €140 milhões a Angola. Isto afinal está mais robusto do que parece.

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