As audiências televisivas mandam em tudo: nas maratonas de telenovelas em horário nobre, no final apressado de programas caríssimos por falta de resultados, nos preços astronómicos dos jogos de futebol, até no desterro de ex-grandes estrelas (tipo Herman José) porque o grande público se fartou delas. As audiências televisivas mandam em tudo. Em tudo, menos nos programas que tocam nesse material cada vez mais radioactivo chamado "política".
Quando se mexe na política, sobretudo se for através de comentários desagradáveis ou notícias corrosivas, há valores mais altos que subitamente se levantam. Audiências? Que se lixem. As audiências deixam de ser tudo nesta vida. As audiências passam a ser coisa de telenovelas e reality shows. E por isso o jornal da TVI com maior audiência desaparece do ar, levando consigo a pivô mais popular da estação. E por isso o comentador mais influente desta terra, com shares interessantíssimos para a RTP, vai sair do canal do Estado. Porque recebeu um convite da concorrência? Nada disso. Porque António Vitorino se fez à estrada e, segundo a RTP, há uma corrente invisível que une o seu pezinho ao de Marcelo. Se um vai o outro não pode ficar.
Claro que a RTP tem uma desculpa criativa para dizer adeus a Marcelo: a culpa da vassourada é da ERC, que impôs regras em matéria de pluralismo na televisão. Só que até a própria ERC já veio publicamente lavar as mãos do assunto, dizendo que não se mete nas decisões editoriais da RTP. Depois de andar a ser chutado para os mais estapafúrdios horários e a ver as suas intervenções reduzidas ao mínimo, Marcelo é agora dispensado com desculpas manhosas. Podiam ter-lhe dito a verdade: "Professor, o senhor vai-se embora por causa das suas audiências. Infelizmente, elas são demasiado altas."
tmr
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...