
Há uns anos, quando pertenci à direcção do Teatro Nacional de São Carlos, fui um dia visitar os seus "armazéns". Ao contrário do que os leitores possam imaginar, os "armazéns" - uns barracões inadequados e miseráveis - não estavam (nem estão) situados perto do Teatro. Eram (e são) em Fernão Ferro, a caminho de Sesimbra. Pensei propor à CML (ou à Administração do Porto de Lisboa) a cedência de um espaço junto ao rio, em Lisboa, dado tratar-se do único teatro lírico nacional. Como o TNSC está "entalado" na Rua Serpa Pinto pelo Hospital da Ordem Terceira, não é fácil alargar as instalações no quarteirão como fez o Liceu de Barcelona depois do incêndio. A minha precoce demissão não permitiu pensar mais no assunto. Vem a isto a propósito das declarações de alguns "artistas" ao Expresso, "artistas" (e uma mãe de artista, a jornalista Dina Aguiar) que possuem ateliers arrendados pela CML por quantias irrisórias. Carlos Amado acha que é uma "obrigação" da Câmara "apoiar os seus artistas" e nem sequer "concebe a ideia de trabalhar num espaço que não lhe seja disponibilizado pela autarquia". Não hesita: "estamos aqui [presumo que seja ele e o consorte mestre Lagoa] porque somos artistas". O "estamos aqui" varia entre 30 a 35 euros de renda em plena Avenida da Índia. José Pedro Croft tem o atelier camarário nos Olivais, com um contrato celebrado por tempo indeterminado pelo qual não paga nada. "O espaço era um armazém devoluto, estava livre. Eu tenho-lhe dado um bom uso", refere o artista. Quem somos nós, brutos lisboetas, para discordar? Todavia acrescenta que já não está "numa situação precária como há dez anos" quando João Soares - o campeão destas liberalidades - lhe deu (termo adequado) o atelier. Do que é que o verbo de encher (como lhe chama, no mesmo Expresso, Miguel Sousa Tavares) do dr. António Costa está à espera? Finalmente a jornalista Dina Aguiar nem sequer se lembra dos termos do contrato que estabeleceu com a Câmara do dr. Soares. Recorda-se apenas que "verbalmente deixou claro" que "o espaço seria partilhado com a filha", uma candidata a artista por ser licenciada em Belas Artes. "Não queria que se pudesse entender esta partilha como uma espécie de sub-aluguer", "tenho o meu contrato (o tal de que ela não se lembra dos "termos") e direitos" e "o problema desta sociedade é a dor de cotovelo e a inveja". Com certeza, Dona Dina. O dr. João Soares - e os que a mantêm nessa situação - devem concordar amplamente consigo. A senhora e todos os restantes "artistas", João Soares incluído, são, na realidade, o que são: artistas portugueses.
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