
Faz hoje um ano que desapareceu o Eduardo Prado Coelho (EPC). O jornal onde ele escrevia limita-se a dedicar-lhe uma singular "carta de uma leitora". O ano que passou comprova o que escrevi na altura.
"EPC foi o último analista absoluto de uma coisa a que, com felicidade, chamou um dia de "reino flutuante" ou "a mecânica dos fluídos", mesmo quando os termos nos irritavam. E é patente que os escritos mais recentes sobre novos "poetas" e "escritores" portugueses relevam quase só do plano da mera empatia pessoal ou de qualquer outra coisa que nada tinha a ver com crítica e literatura. Não deixa, mesmo assim, órfãos ou viúvos." A indigência que caracteriza a generalidade das "croniquetas" e das "críticas" que enchem os jornais, a cobardia anti-polémica com que,
par délicatesse, as adornam, o cuidado com a "correcção", a irrelevância, etc., etc., trazem à superfície a saudade que o EPC deixou. Também ele não resistiu - tantas vezes - à "pressão" da mesmice complacente que é a vida dita cultural portuguesa, sempre embrulhada no oportunismo político dos dias e horas do regime. Só que, ao contrário dos pequenos mandarins de agora, sempre tão cheios de coisa nenhuma, EPC prodigalizava um "saber" individual adquirido em anos e anos de observação e de leitura de lápis na mão que é impossível ser reproduzido pelas "modernas" máquinas tagarelas (de televisão ou de jornal) que nos incomodam permanentemente com a sua inútil presença. Aprendi e descobri muita coisa com o EPC, alguém que, sempre que se encontrava connosco, era simplesmente um homem amável.
Nota: A
ASA/LeYa reedita por estes dias o seu "diário",
Tudo o que não escrevi, dois volumes sobre os "anos felizes" de Paris.
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