
Seguramente sem querer, Sócrates introduziu Heidegger na conversa que manteve com dois jornalistas da RTP. A propósito das eleições de 2009, disse que não "calculava" e que o seu "pensamento" está todo concentrado no mandato de primeiro-ministro. Numa conferência proferida em 1955, em Messkirch, sua cidade natal, Martin Heidegger distinguiu o "pensamento que calcula" da "reflexão". Disse o filósofo que "o pensamento que calcula corre de oportunidade em oportunidade", "nunca pára, nunca chega a meditar" e, mais importante, "não é um pensamento que reflecte sobre o sentido que reina em tudo o que existe". Isto corresponde à verdadeira "ausência do pensamento" que Heidegger apresenta como "um hóspede sinistro que entra e sai em toda a parte". Mal sabia o autor de Sein und Zeit que, cerca de mais de meio século volvido sobre as suas palavras, um dirigente político do país mais periférico da Europa viria a deixar-se "prender, enfeitiçar, ofuscar e deslumbrar" a ponto de fazer precisamente do tal "pensamento que calcula" o "único pensamento admitido e exercido". Vítima-autor desse "cálculo" enunciado a contrario, não tenho a certeza se Sócrates, como devia, tem "desperta a reflexão". Quando olho para certos membros do governo e para a primeira linha do PS no Parlamento, dá-me ideia que não. Daí o cansaço e a incompreensão estampados no rosto do secretário-geral do PS. Cansaço de uma realidade que ele não entende e que crê injusta (para ele, naturalmente) e incompreensão, por parte da maioria dos destinatários, do "bem" que ele lhes anda a fazer. Tem menos de um ano para reflectir nisto.
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